RENOIR:
UM
ARTISTA MODERNO.
(RESENHA
POR RAFAEL VESPASIANO).
“Renoir foge ao
academicismo e “classicismo” do Salão Oficial parisiense, na França, do século
XIX, a partir de 1865, junto a um grupo composto também por Bazille, Monet,
Sisley, Pissarro e Guillemet. Nas décadas de 1860-1870, contudo, Manet tão ou
mais famoso que seus rivais e mais ligado ao academicismo do Salon, aconselha
os jovens artistas. “Os ecos dessas lições são perceptíveis na gama cromática
de branco e cinza do Retrato de Romaine
Lacaux, pintado por Renoir em 1864.” (CASTELLANI, 2011, p. 12). “A
impressão de vivaz naturalidade e também de um refinado equilíbrio tonal do
quadro chama atenção, se comparado com o Retrato
de MWS, o pai de Sisley, também pintado no mesmo ano.” (Ibidem., p. 12).
À esquerda a segunda
obra citada, à direita, a primeira obra referida:
A última tela é
destinada ao Salão Oficial de Paris, portanto, muito mais “clássica” que a
primeira, que foi recusada. Quando, em 1874, o grupo que foi denominado como
“impressionistas” expõe pela primeira vez, todos da crítica os chama de ‘alunos
de Manet.’ Porém, não é o caso, pois Manet se manteve fiel ao Salão. O “grupo
impressionista” demole a tradicional Academia e debatem a técnica ao ar livre,
que vai de encontro às ideias do Salon, que prega as pinturas em estúdio.
Renoir pinta ao ar livre telas que se
“sobressaem pelo estudo dos efeitos cromáticos da luz e da penumbra sobre os
corpos. Não se trata ainda das sombras transparentes e coloridas que darão vida
ao impressionismo. O artista nessa fase mostra identificação com Claude Monet.”
(Ibidem., p. 14).
Os dois artistas, ao ar
livre, às margens do rio Sena, estão em busca dos efeitos móveis e mutáveis da
luz sobre a água. É dessa forma
que se dá a
passagem da pintura plena ir, entendida como uma relação sentimental do artista
com a natureza, para outra, baseada na oportunidade puramente visual de
reproduzir rapidamente na tela, sem o filtro das emoções ou da memória, o
efeito da percepção dos olhos. É isto que podemos chamar de utopia
impressionista: um instrumento para o registro imediato da imagem vista na
imagem pintada. (Ibidem., p. 14).
Monet leva essa
“utopia” às últimas consequências, porém é compartilhada nessa fase por Renoir.
Este buscava nesse período de sua obra, captar, mediante a vibração das cores
observada na superfície da água, a mutabilidade cromática. Transpor para o
quadro o movimento em seu desenrolar, “o instante em seu flagrante”, a
‘modernidade’ em sua essência: as variações cromáticas. Por essas técnicas
pictóricas
nasce assim a
tache, a pincelada dividida e destacada das outras, que se tornou uma das
marcas registradas do impressionismo. Inicialmente circunscrita aos reflexos
dos corpos na água, pouco a pouco, ela é estendida ao céu, às pessoas, às
casas, até se tornar a pedra angular de uma unidade superior. (Ibidem., p. 14).
Em telas de Renoir,
como O Casal Sisley e No Verão, há um
gradativo afastamento da obrigação de verossimilhança da arte naquelas obras.
Renoir se preocupa com a ‘técnica’ mais que com o ‘conteúdo’. Porém, Renoir ao
mesmo tempo em que realiza tais inovações, mantém um registro acadêmico nas
obras destinadas ao Salon. Em 1870, expõe a Banhista
e o Cão Griffon e Mulher de Argel, nesta a modelo está vestida com roupas
orientais, um modo apreciado pelo público acadêmico. Dentre aquelas duas telas
a primeira foi produzida ao ar livre e a segunda realizada em estúdio. Renoir
realiza “a escolha de um quadro produzido entre quatro paredes indica[ndo] a
vontade de Renoir de não limitar a própria pesquisa à observação da natureza,
procurando aplainar o contraste entre o ateliê e as situações ao ar livre
(...)”. (Ibidem., p. 15). Porém, isso aos olhos da crítica acadêmica era uma
solução “insanável”.
A Banhista com o Cão Griffon:
Mulher
de Argel:
Cavaleiros
no Bois de Boulogne, de 1873, Renoir a destina ao Salão do
mesmo ano. A tela foi recusada pelo júri do Salon, mas encontra espaço entre os
quadros recusados, que, finalmente, depois de 1873, passam a ter uma sala para
eles. O Salon vai perdendo o seu espaço, isso aliado ao sucesso discreto de
Renoir e do grupo impressionista, que resolve realizar uma exposição autônoma
em 1874.
Cavaleiros
no Bois de Boulogne
Renoir insiste em
manter o duplo registro, ora tenta a pintura mais tradicional/acadêmica, ora
aprofunda os estudos da modalidade plein air. A tela A Família Henriot, de 1871, equilibra-se entre essas duas
modalidades pictóricas.
Monet e Renoir passam a
pintar em Argenteuil, às margens do Sena, o lugar oferece aos dois pintores a
vantagem de uma grande variedade de paisagens, retomam, assim, os estudos sobre
as águas do rio. Nessa época os estilos dos dois artistas se aproximam tanto
que é possível afirmar:
(...) na
técnica, sempre mais concentrada sobre a exploração dos reflexos atmosféricos
em uma trama repleta de pontos, vírgulas e pequenos traços. Ambos se aproximam
igualmente nos resultados, de uma natureza arejada e feliz, que dão à luz obras
como A Lagoa dos Patos e Campo de Trigo. Nesse
último, Renoir privilegia as vistas assoladas pelo sol do meio-dia de verão,
época em que as sombras são mais curtas, e os contrastes, mais intensos. Renoir
pinta também uma série de retratos de Monet. (Ibidem., p. 17-18).
A reflexão sobre a
paisagem mutável da natureza, também é exercitada sobra a mutabilidade
cromática da cidade. A Estação do Louvre,
de Monet (1867), e a Pont Neuf, de
Renoir (1872), com o detalhe de que as duas telas ‘voltam às costas’ ao Louvre,
simbolicamente, fixando os olhos sobre a Paris da modernidade.
A
Estação do Louvre, de Monet (1867):
Pont
Neuf,
de Renoir (1872)
A primeira mostra impressionista
aberta em 1874, foi assim definida por Renoir:
Sociedade Anônima dos Artistas, Pintores,
Escultores e Gravuristas – uma denominação como essa não dá nenhuma ideia da
tendência dos expositores. Mas fui eu mesmo que não consenti que houvesse uma
definição precisa. Temia que os críticos logo falassem em uma nova escola,
enquanto nós queríamos apenas demonstrar aos pintores, com os nossos escassos
recursos, que retomar as rédeas significava, bem entendido, reapropriar-se de
um ofício que ninguém mais conhecia. (Ibidem., p. 19).
O grupo dessa forma
demonstra antipatia pelas classificações, o apreço pelo sentido do trabalho
artesanal e a retomada das lições dos mestres do passado, mas sem ficarem
presos ao academicismo e às teorias clássicas em strictu sensu.
Renoir apresenta seis
telas, que abrangem suas principais abordagens pictóricas: “a paisagem ao ar
livre (Os Ceifeiros), a
natureza-morta (Flores), a cena de
gênero (O Palco), e figuras diversas
(A Parisiense, A Bailarina e Cabeça
Feminina).” (Ibidem., p. 19).
O
Palco:
A
Parisiense:
Renoir deseja um
confronto com os cânones da pintura e consegue êxito. Vejamos A Parisiense, na realidade, trata-se de
um retrato, mas o título transforma a retratada (modelo) numa “figura urbana e,
com isso, revoluciona o gênero. Nada dessa mulher corresponde aos cânones
tradicionais da beleza. Nem sua roupa nem sua fisionomia, e menos ainda a
expressão vivaz de seu rosto, bem distante da gélida rigidez das estátuas
clássicas.” (Ibidem., p. 19-20).
A mostra foi repudiada,
poucos críticos foram elogiosos à mesma, um dos elogios veio de Castagnary que
afirma:
Caso se queira
definir com uma única palavra que englobe a pesquisa do grupo, é preciso criar
um novo termo: os impressionistas. Eles são impressionistas no sentido de que
produzem não apenas uma paisagem mas também a sensação que essa paisagem
transmite. (Ibidem., p. 20).
Renoir regressa a
Argenteuil e, às margens do Sena, “conhece”, trabalhando com Monet,
o pleno
florescer de sua estação impressionista, com telas abertas e arejadas, como O Sena em Argenteuil e Barcos à Vela em
Argenteuil. Nessas obras, a preocupação técnica parece realmente (mas é só
uma aparência...) dar lugar ao abandono sensorial. O jogo dos reflexos se
estende da água à decomposição vibrante da luz em todos os elementos do quadro
– e encontra com frequência sua nota estridente no branco de uma vela matizada
pelo azul do céu. (Ibidem., p. 20-21).
O
Sena em Argenteuil:
Nina de Callias ao Piano [A
Pianista], de 1875, é uma tela de Renoir na qual ele demonstra
uma sensibilidade de “impressionismo interior”, pois a obra foi feita em
estúdio, mas a atmosfera vaporosa não se perde. O vestido da mulher parece inflar
e gozar de vida própria, aérea e vibrante, para se ampliar por todo o espaço do
cômodo.
Nina
de Callias ao Piano [A Pianista], à esquerda, e à
direita, Os Noivos, 1875:
O ateliê que Renoir
monta na Rua Cortot, em Montmartre, o qual possui possui um jardim florido e
esse cenário que permite ao artista prosseguir sua pesquisa sobre a ambientação
das figuras ao ar livre.
A primeira tela de
Renoir de grande empenho foi Baile no
Moinho da Galette, de 1876, uma cena a céu aberto com muitas figuras e em
grande formato. A obra revela um caráter programático de Renoir, de tela
concebida ‘para o museu’. A tela revela
na festividade
da cena, estão a vivacidade e o espírito de mudança dos anos de reconstrução de
Paris: uma cidade em permanente movimento, que descobriu a noite finalmente
iluminada pelos lampiões de gás, que aprendeu a conviver com ônibus, mesclou as
classes sociais no perpétuo movimento das multidões pelos grandes bulevares.
(Ibidem., p. 23-24):
A pintura de Renoir
deseja atingir uma dimensão monumental, capaz de tornar eterna e absoluta, a
vida moderna, ao lado de uma cena histórica ou da mitologia clássica. É uma
tela decorativa, não apenas porque adota a ‘grande medida’, porém se deve o
fato de nela reconhecer e espelhar uma comunidade social inteira.
Em 1878, Renoir toma
mais um rumo entre suas várias fases e vertentes pictóricas e artísticas, a de
retratar o luxo burguês, em pinturas encomendadas por famílias endinheiradas e
da alta burguesia, como a tela Madame
Charpentier com os Filhos, assinala o retorno, portanto de Renoir a uma
pintura de teor formal e mundano. “Atestam esse fato outros retratos executados
para a nova e rica clientela, que lhe foi apresentada por Charpentier: a alta
finança judaica (...), tão segura em acolher a modernidade quanto em reconhecer
a tradição do pincel de Renoir.” (Ibidem., p. 25):
As
Meninas Cahen d´Anvers (1881), em pintura realizada em
ambiente de estúdio, fechado, portanto, e as meninas são representadas com
vestimentas rendadas embebidas de uma luz que lembra a dos quadros clássicos de
Ticiano.
À esquerda a obra
referida acima, à direita Retrato de
Irène Cahen d´Anvers, 1880:
O Salon de 1879 marca o
retorno de Renoir à exposição oficial com as telas Jeanne Samary em Pé e Madame Charpentier com os Filhos. Essa
reentrada à exposição oficial é bem-vinda e permite a Renoir se dedicar com menos
afã à pintura ao ar livre, gênero, à época não tão comercial:
Em A Yole, pintura de 1879, Renoir, contudo, reencontra a amplitude e
a agilidade dos toques dos anos de Argenteuil, só que agora pintando em
Asnières. O azul-cobalto da água recebe uma variação cromática feliz do laranja
do barco e a pincelada perpendicular confere ímpeto à tela:
Em Canoístas em Chatou, o pintor se concentra nos estudos da
decomposição da luz sobre a água. “Mas o verdadeiro intento do pincel,
orientado de maneira mais uniforme e menos salpicada, prenuncia um retorno à
ordem dos volumes e dos corpos.” (Ibidem., p. 26).
Os anos 1880 marcam o
fim da ‘utopia impressionista’, com uma crise no grupo, frente o insucesso de
alguns face ao sucesso de outros, em especial o sucesso de Renoir no Salão
Oficial, leva a uma ruptura das relações. Renoir, Sisley e Monet não participam
da quinta mostra, em 1880. Para Renoir,
a crise se
concentra na dialética entre memória, percepção e inspiração, entre a
mobilidade atmosférica da luz e a consistência plástica dos corpos. Em outras
palavras: entre desenho e pinceladas livres, entre plena ir (ar livre) e a
pintura de ateliê. (Ibidem., p. 26).
A solução tentada por
Renoir está presente nas telas pintadas em 1879 em Wargemont, na costa
normanda, Paisagem em Wargemont
demonstra uma variedade de tons mais sombria e sofisticada dos brancos e
azuis-celestes do céu de Argenteuil. Na tela, violetas, amarelos e marrons se
agrupam com uma textura mais compacta e ordenada. Também a Pequena Boêmia, 1879, “imersa no jato de um pincel vaporoso e leve,
revela combinações entre os rosas e os verdes-violeta, decididamente menos
solares e instantâneos.” (Ibidem., p. p. 27)
Em Pescadoras de Mariscos em Berneval, 1879, Renoir realiza uma tela
de grande formato e de vaga inspiração naturalista, totalmente inédita para os
seus padrões, com a temática da infância abandonada retratada na obra:
Em 1880, o artista
desafia a si mesmo com A Refeição dos
Barqueiros, em grande formato, quase ‘ao natural’, pelo empenho exigido por
uma composição com várias figuras e pela tentativa de encontrar uma linguagem
composta para um tema então atual. “Mesmo tecnicamente a pintura mostra sinais
de transição entre a suavidade da atmosfera impressionista (...), e a maior
consistência dos contornos (...).” (Ibidem., p. 27). A cena se apresenta em um
típico cenário impressionista complementar à Paris noturna do Moinho da Galette. O tema é uma refeição
à beira do Sena, em pleno verão e ao ar livre:
Garantido
economicamente com a venda de suas telas, o artista pode empreender aquela que,
para as instituições acadêmicas, é a etapa fulcral na formação de qualquer
pintor: uma viagem à Itália. Em Roma, visita o Vaticano e medita sobre as obras
de Rafael. “Aquilo que amo na pintura é quando ela tem o respiro da eternidade,
mas sem dizê-lo: uma eternidade de todos os dias, colhida na esquina da
primeira rua.” (Ibidem., p. 29). Essa ‘eternidade doméstica’ transparece no nu,
Banhista Loira, 1881-1882, que
captura e transforma os estímulos da arte clássica admirada no museu em uma pose
monumental, de Vênus romana, inserida na modernidade fugaz de uma pintura ao ar
livre, contudo a luz agora é plácida e se demora a exaltar as formas cheias, ao
invés de decompô-las:
“Em 1881, Renoir
inaugura seu chamado período ‘áspero’. O estilo se define num contorno limpo,
em cores finas e opacas, semelhantes às da pintura em mural, por meio de uma
pincelada lisa e quase sem misturas.” (Ibidem., p. 30). A incerteza da
transição entre dois estilos é visível no coração da pintura Os Guarda-Chuvas, 1881-1885, “À direita,
(...), a inserção de uma família burguesa – uma mulher com dois meninos – evoca
ainda a leveza da mistura impressionista, enquanto a costureira à esquerda
(...) é como que esculpida por uma pincelada compacta, nítida e quase como um
cristal.” (Ibidem., p. 30):
Renoir pinta Rochas, em 1882, na tela a luz deixa de
se decompor, tornando nítidos os contornos e os volumes, sob a claridade de um
céu azul rico em toques e reflexos atmosféricos. Em outra obra dessa fase do
pintor,
a aspereza do
pincel, unida à jamais perdida capacidade de absorver e reter a luz, surge
novamente em Tarde das Crianças em
Wargemont [1884]. O quadro é pintado com poucos tons radiantes, do azul ao
branco ou amarelo. O interior da sala exibe luminosidade e claridade intensas.
A definição é tal que as figuras e os detalhes do ambiente parecem imersos em
uma rigidez hiper-realista. (Ibidem., p. 30):
Pode-se afirmar o mesmo
de Maternidade, 1885, na pintura as cores são suaves, mas
vívidas, e ajudam a identificar um diálogo delicado entre as personagens e a
paisagem.
Nesse mesmo ano, Renoir tenta o desafio de um monumental nu. A tela Grandes Banhistas, 1884-1887, coloca em
cena a relação entre linhas, cores e volumes, sobre os quais se concentra a
atenção de Renoir, que, com esse jogo lúdico-pictórico das formas, quer
satisfazer os olhos com o mais puro deleite de sensualidade e erotismo. Aqui
temos um Renoir menos marcado pelo frescor impressionista e mais rigoroso na
composição:
Renoir, enfim, tem a
liberdade na qual
seu estilo agora
percorre livremente os estilos precedentes, do tachismo impressionista à
monumentalidade das Grandes Banhistas,
indo até os esmaltes usados na pintura de porcelana. Nessa maturidade serena,
que prenuncia a emancipação expressiva e criativa do último período de sua
obra, Renoir se valeu da síntese de todos os seus recursos formais. (Ibidem.,
p. 32).
Em 1890, já reconhecido
mundialmente, o pintor pinta garotas ocupadas com as suas diversões e banhistas
permanecem os temas dominantes desse período, enquanto os buquês de flores
servem como exercício com as cores e como uma momentânea fonte de alívio do
empenho em obras mais complexas.
Em 1897, Renoir está
debilitado fisicamente, aconselhado pelos médicos, procura residir em um local
mais ameno, local escolhido foi Cagnes, em 1907, sua última residência, Les
Collettes. “O velho operário da pintura responde às dores no corpo com uma
atividade quase febril, multiplicando as pinturas de banhistas (...).”
(Ibidem., p. 33).
A orientação
estilística de Renoir, em seus últimos anos de produção e de vida, tanto na
pintura quanto na escultura: exprime um novo classicismo, triunfal e pacato.
Solenes e carnais, essas mulheres (nuas, banhistas) transformadas em deusas
(modernas) reaparecem nas tantas telas do pintor: nas Banhistas, de 1918-1919, e, no Julgamento
de Páris. Essa derradeira fase artística de Renoir é de um
classicismo
carnal (...), difícil de compreender. As Banhistas
são o testamento de uma aventura pictórica completa e extraordinária. Há o
repertório já familiar dos nus, que se desdobra nas variações de poses, já
desligadas de qualquer referência objetiva. Há a expansão física do corpo, que
se propaga para os demais corpos como uma onda sonora. (Ibidem., p. 35):
Em 1925, no apogeu da
redescoberta de Renoir. Após os anos efervescentes das vanguardas artísticas
europeias, os anos são de ‘retorno à ordem’ e mesmo os aspectos mais intensamente
formais e arbitrários do Renoir maduro são aqules eu interessam aos
intelectuais e conquistam o gosto dos colecionadores. O pintor gozou, e isto é
raridade entre os artistas de qualquer área, do reconhecimento público e de
enorme sucesso em vida.
Renoir
morreu em 2 (dois) de dezembro de 1919. Segundo seu filho Jean, as suas últimas
palavras foram: “Acho que começo a compreender alguma coisa.” (Ibidem., p. 37).”
“P.s.1: conferir o
filme Renoir, no qual é mostrado os
últimos anos de vida do artista, sua relação com o filho Jean que viria a se
tornar um dos maiores diretores do cinema francês do início do século XX, com
filmes como A Grande Ilusão e A Regra do
Jogo. E que mostra a relação do pintor com sua última modelo, Gabriellle.”
“P.s.2:
perceber em futuros estudos e leitura a interação entre o impressionismo, das
Artes Plásticas e o simbolismo, da Literatura e do teatro, no que consiste em
sugestões, variações sinestésicas e/ou cromáticas, portanto, etc. Mallarmé,
líder dos simbolistas franceses debatia pessoalmente ideias com Renoir. E os
simbolistas apreciavam publicamente as exposições impressionistas. Da Costa e
Silva, no Brasil, poeta neo-parnasiano, mas com toques simbolistas, tem um
poema intitulado “As sugestões do poente”, que mostra essa intersecção das
artes plásticas e literárias, no que concerne às características aqui
levantadas. O poema está no livro Pandora
(1919).”
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA:
CASTELLANI,
Francesca. “Perfil” IN: RENOIR. Abril
Coleções. Tradução de José Ruy Gandra. São Paulo: Abril, 2011. Coleção Grandes
Mestres, vol. 13.
Mais uma vez, muito bom!! Parabéns , meu amigo...
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