quarta-feira, 29 de julho de 2015

“OS HOMENS QUE PISARAM NA CAUDA DO TIGRE” (AKIRA KUROSAWA, JAPÃO, 1945): "OS PRIMEIROS PASSOS DE UM CINEASTA SEMINAL":

“OS HOMENS QUE PISARAM NA CAUDA DO TIGRE” 
(AKIRA KUROSAWA, JAPÃO, 1945):

"OS PRIMEIROS PASSOS DE UM CINEASTA SEMINAL":

(RAFAEL VESPASIANO)



“Os homens que pisaram na cauda do tigre” é o terceiro longa-metragem lançado por Akira Kurosawa, em 1945. É uma obra, comparando-se às outras que viriam a ser realizadas pelo cineasta, menor, porém o primeiro chambara de Kurosawa. O roteiro se baseia numa tradicional peça dos teatros de Nõ e Kabuki; o enredo se passa, em 1185, e trata-se dos primeiros passos cinematográficos de Kurosawa, que se tornaria um dos melhores realizadores do Japão (e do mundo).

A trama é o relato da travessia de um samurai e seus vassalos, todos disfarçados de monges budistas, já que pretendem passar por uma área de risco, patrulhadas por homens do Xogum, a princípio as ordens para aqueles é realizar a passagem de forma pacífica. O conflito familiar é o mote para o desenrolar da história, pois o Xogum pretende matar o seu próprio irmão, Yoshitsuke, este foge com seus guarda-costas, fingindo serem monges budistas.

A travessia se inicia, a fuga conta com o Suserano e mais seis fiéis vassalos, e, mais um humilde e caricato, simples carregador, apesar da diferença de status social, a travessia em segurança depende basicamente e principalmente dele. Assim como em outra vindoura obra de Kurosawa, Dersu Urzala.


Este filme, “Os homens que pisaram na cauda do tigre”, é uma pequena obra-prima, e, serve de preâmbulo para os filmes seguintes de Kurosawa, que seriam consagrados internacionalmente: e o cineasta japonês passaria, junto com suas películas, durante o decorrer do tempo, Kurosawa a ser considerado um clássico do cinema, e suas obras clássicas da cinematografia mundial. Aqui, neste terceiro longa de Akira Kurosawa está a semente que frutificaria a travessia cinematográfica do realizador nipônico, um mestre, um clássico.”

terça-feira, 28 de julho de 2015

“A LÂMINA DIABÓLICA” (KENJI MISUMI, JAPÃO, 1963): (“O CONCEITO DE TRÁGICO NAS PERSONAGENS DOS FILMES “CHAMBARAS”)

“A LÂMINA DIABÓLICA” (KENJI MISUMI, JAPÃO, 1963).

(“O CONCEITO DE TRÁGICO NAS PERSONAGENS DOS FILMES “CHAMBARAS”):

(RESENHA POR RAFAEL VESPASIANO):


“O conceito de personagem trágica corre paralelo entre Ocidente e Oriente, naquele, remonta à Antiguidade Clássica, nas tragédias escritas por Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, na Grécia Antiga; já, no Oriente, o conceito de personagem trágica se revela nos samurais trágicos, ou seja, com destino não auspicioso, mas redentor.

É o caso do protagonista de “A Lâmina Diabólica”, de Misumi, o jardineiro Hanpei, que se transforma num assassino frio e calculista, para proteger e defender a honra do seu Senhor, do seu suserano, vítima de uma conspiração.

Neste belíssimo chambara, com belas lutas, duelos e batalhas coreografadas brilhantemente e minuciosamente detalhadas pelos ângulos que a câmera fotografa; uma direção de fotografia primorosa em revelar pelas sutilezas do posicionamento da câmera as minúcias de um duelo, por exemplo, o mover dos pés dos dois adversários.


Este é um chambara dos mais violentos já feitos, mas que vale para acompanhar a trajetória trágica de Hanpei, que de jardineiro virou um assassino frio, em luta pela honra de seu mestre. Hanpei é muito bem vivido pelo ator Raizo Ichikawa.” 

segunda-feira, 20 de julho de 2015

“A ESPADA DA MALDIÇÃO” (Kihachi Okamoto, JAPÃO, 1963): (“UM SAMURAI MALDITO E SEM ESCRÚPULOS”)

“A ESPADA DA MALDIÇÃO” (Kihachi Okamoto, JAPÃO, 1963):

(“UM SAMURAI MALDITO E SEM ESCRÚPULOS”):

(RESENHA POR RAFAEL VESPASIANO)




“Sinopse: Sem compaixão e em busca de sua glorificação pessoal e individual, um samurai vaga pelas aldeias espalhando morte, sangue e destruição, sem escrúpulos e sem compaixão, até que é desafiado por um guerreiro tão hábil quanto ele.

Okamoto realiza mais um chambara que é um deslumbre nos enquadramentos da câmera ao filmar as lutas, batalhas e duelos, tudo minimamente calculado e coreografado. Okamoto dirigiu outros clássicos como “Samurai Assassino” e “Os sete rebeldes”, etc. Um verdadeiro cineasta clássico em dirigir chambaras violentos, mas com bons roteiros e belíssimas batalhas e lutas brilhantemente coreografadas e fotografadas.”

“ASSASSINATO” (MASAHIRO SHINODA, JAPÃO, 1964): (“CHAMBARA E NOUVELLE VAGUE JAPONESA: O CONFLITO ENTRE XOGUNATO E O IMPÉRIO”)

“ASSASSINATO” (MASAHIRO SHINODA, JAPÃO, 1964):

(“CHAMBARA E NOUVELLE VAGUE JAPONESA: O CONFLITO ENTRE XOGUNATO E O IMPÉRIO”):

(RESENHA POR RAFAEL VESPASIANO)




“Em meio ao tumulto entre o Xogunato e entusiastas do Império, Kiyokawa Hachiro é um ambicioso estrategista cuja verdadeira motivação é desconhecida por todos. Shinoda, um dos maiores cineastas nipônicos, realiza um chambara ambicioso, no qual mostra a transição do Japão Feudal (Xogunato), para o Império, com o envolvimento dos Estados Unidos da América interessados nas consequências que a política japonesa acarretaria, para benefícios dos estadunidenses.
Os japoneses estavam em xeque com a chegada da esquadra de navios norte-americanos, exigindo a abertura dos portos, dando início a uma série de eventos políticos e conflitos internos e externos que colocariam o Japão em conflito em relação aos seus ideais políticos e sociais, inclusive, a crença no Japão como uma terra sagrada e invencível. As principais ideologias da época eram divididas entre pró-imperialistas, que desejavam a restauração do império e a expulsão dos estrangeiros, e as forças do xogunato.
Tem-se a figura história do ronin, Hachiro Kiyokawa, em 1855, ele funda a escola Kiyokawa, a única escola de Kenjutsu em Edo (atual Tóquio). Ele era um crítico do xogunato de Tokugawa usando, inclusive, sua escola para espalhar suas ideias sobre a situação política do Japão.
O filme caminha para desnudar essa personagem histórica tão interessante. Todas suas motivações, sua índole, sua filosofia e seu caráter são despejados, detalhadamente, durante o filme em diálogos ásperos, testemunhos, flahsbacks e narrativas de vários fatos da sua vida.
 As movimentações de câmeras são interessantes, às vezes mantendo o foco em pés, mãos preparando um golpe de espada e intensificando a expectativa do ataque, lutas bem coreografadas e mortes espetacularmente teatrais.
Shinoda realiza um chambara que é uma obra-prima!”

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quinta-feira, 9 de julho de 2015

“OS SETE REBELDES” (KIHACHI OKAMOTO, 1968): (“UM CHAMBARA CLÁSSICO QUE NÃO SE LEVA A SÉRIO.”)

“OS SETE REBELDES” (KIHACHI OKAMOTO, 1968):


(“UM CHAMBARA CLÁSSICO QUE NÃO SE LEVA A SÉRIO.”):





(RESENHA POR RAFAEL VESPASIANO)


“O cineasta Okamoto é pouco conhecido no Ocidente, diferente do colega cineasta e parceiro, Akira Kurosawa muito famoso no Ocidente e, reverenciado até por Copolla e George Lucas. Okamoto ao lado do maior astro do cinema do Japão, Toshiro Mifune-, (também parceiro de Kurosawa, em vários filmes deste) -, desconstruíram os filmes de samurais, já que o diretor Okamoto tem como uma das suas marcas registradas, o forte senso de humor, a constante presença de questionamentos políticos e um estilo visual com elementos ocidentais, em muito devido à sua admiração pelo cinema do cineasta John Ford.

O filme “Os Sete Rebeldes” marcou o auge do processo de desconstrução do mito do samurai, uma figura nobre da história japonesa, retratada não só nele, mas em outros de seus filmes como "Samurai Assassino" (1965). Em vez de explorar as ações heroicas de tais personagens como no passado, Okamoto e colegas como Kurosawa, em "Yojimbo" (1962), preferiram uma abordagem mais humana, explorando o impacto na sociedade nipônica, principalmente em sua parcela mais humilde: os camponeses.

“Os Sete Rebeldes” é um dos melhores filmes de Okamoto, diretor também de outra obra-prima chambara “A espada da Maldição”. Okamoto revolucionou o gênero ao misturar filmes de samurais com westerns spaghettis. A influência deste subgênero é tão gritante que se percebe um intertexto com o filme “Por um punhado de dólares”, de Sergio Leone, com trilha sonora de Ennio Morricone e com atuação de Clint Eastwood, primeiro filme da “Trilogia dos Dólares”. O diferencial de “Os Sete Rebeldes”, além das várias referências a outros filmes de samurais, está no tom cômico non-sense e na paródia sobre os próprios samurais. Um grande clássico chambara do final dos anos 1960.

As ações das personagens são exageradas, as interpretações dos atores buscam justamente esse efeito, inclusive nas cenas de duelos e batalhas. A história é uma verdadeira desconstrução do mito do samurai, figura típica da heroicidade legendária nipônica, neste filme os samurais são envoltos num tom cômico que ao mesmo tempo, que os rebaixa, os exalta. Com a predominância de personagens-, que aparecem durante o desenrolar da trama-, temos: as figuras dos vagabundos, dos assassinos e dos famintos, em situações ridículas e degradantes, mas sempre em tom de humor pastelão.


O filme, enfim, é um chambara para divertir e não ser levado muito a sério, porém, é um clássico, pois o cineasta Okamoto conseguiu com eficiência mesclar quatro gêneros cinematográficos: western, chambara, comédia pastelão e western spaghetti.”

terça-feira, 7 de julho de 2015

“TRÊS SAMURAIS FORA DA LEI” (HIDEO GOSHA, 1964)”: (“CINEMA SAMURAI E O CONCEITO DE CLÁSSICO”)

“TRÊS SAMURAIS FORA DA LEI” (HIDEO GOSHA, 1964)”

(“CINEMA SAMURAI E O CONCEITO DE CLÁSSICO”):




(RESENHA POR RAFAEL VESPASIANO)


Hideo Gosha estreou na direção de longas metragens, logo de cara realizando um clássico do gênero chambara, “Três samurais fora da lei”, além dirigiu outros clássicos como “Tirania” e “A espada do mal”.

Em “Três samurais fora da lei”, o cineasta nos conduz a acompanhar a trajetória de três ronins que tomam parte numa rebelião campesina contra um magistrado corrupto. Shiba, um ronin andarilho e vagabundo se une a dois renegados da guarda do magistrado corrupto, Sakura e Kikyo, os três se juntam aos camponeses para livrar estes da opressão de um sistema de poder corrupto e massacrante, deixando ao final os camponeses livres para realizarem suas colheitas de acordo com as necessidades da vila.


Como se vê, apesar de ser ambientado no Japão feudal, o cinema de samurai coloca sugestivamente o espectador num debate sobre aspectos políticos históricos atemporais, como: abuso de poder; centralização do poder nas mãos de uma só pessoa (suserano/dâimion, imperador ou clã); seja nos aspectos individuais e psicológicos de ronins rebeldes em busca de redenção e de um código de honra e ética mais digno, pelo menos para si; etc. Por isso tudo, Gosha ao realizar “Três samurais fora da lei”, fez um filme que pode ser visto em qualquer momento, em qualquer época, pois trata de um tema universal, a opressão do trabalhador braçal pelo patrão, dessa forma o filme de que estamos tratando já se nota como ‘clássico’.”

sábado, 4 de julho de 2015

“REBELIÃO, MASAKI KOBAYSHI, JAPÃO, 1967”: (“RONIN E SEU PRÓPRIO CÓDIGO DE ÉTICA”)

“REBELIÃO, MASAKI KOBAYSHI, JAPÃO, 1967”:





(“RONIN E SEU PRÓPRIO CÓDIGO DE ÉTICA”):






(RESENHA POR RAFAEL VESPASIANO)


Em “Rebelião”, filme chambara de Kobayshi, o enredo privilegia o Ronin como protagonista, ao invés do Samurai. A diferença entre os dois é que o primeiro é livre das responsabilidades em relação ao Daimyo, já o segundo deve obediência a este de maneira total e absoluta. O filme ganhou o Prêmio da Crítica Internacional do Festival de Veneza.

Toshiro Mifune vive um samurai que se bela contra a tirania do suserano de seu clã. Isaburo Sasahra (Mifune) ocupa o centro da trama, que é uma história que serve como painel histórico do Japão Feudal, e é uma das obras-primas do gênero chambara.

Isaburo é infeliz com a sua esposa e, percebe no casamento e amor do filho com a sua respectiva esposa, uma vida amorosa feliz, enquanto a de Isaburo é infeliz, este acha que deve proteger a beleza do Amor entre seu filho e sua nora, a qualquer custo, mesmo que tenha que lutar e se sacrificar.

O filho e a nora de Isaburo são mortos por vassalos do senhor feudal. A revolta que toma conta de Isaburo se reveste de: vingança pessoal, preservação da honra, justiça, da memória e da ideia da beleza do Amor, que não vivera plenamente com sua esposa, tudo isso eleva e faz com que Isaburo se rebele.

Com isso, ele se dispõe a enfrentar sua família e os desmandos de seu senhor feudal tirano e criminoso. Após vencer uma batalha contra vassalos do seu daimyo, resolve levar sua denúncia ao poder central, na capital Edo (atual Tóquio). O suserano tentando evitar um escândalo com seu clã, chama outro samurai para impedir que Isaburo chegue ao seu destino. O desfecho de “Rebelião” é uma luta muito bem filmada e coreografada entre as duas personagens que representam características éticas e morais diferentes. Tem-se Asano, imbuído do dever e o código de honra do samurai que exige dele a vida pela estrutura do clã a que representa e seu respectivo senhor feudal. Já Isaburo luta por um senso pessoal de justiça.

Segundo o blogueiro Gabriel Vince, “neste momento existem duas lutas acontecendo. Uma física, com espadas, entre Asano e Isaburo e outra dentro de Asano, que tem que decidir se vai seguir o seu tradicional código samurai ou se rende ao justo código de ética de Isaburo, que na verdade é também dele.” O filme tem um final trágico, contudo resultado natural da luta desigual de um ronin contra um “sistema” que o oprime, o fim transforma Isaburo em um herói.”


quinta-feira, 2 de julho de 2015

(OS AMANTES CRUCIFICADOS, CHIKAMTSU MANOGATARI, KENJI MIZOGUCHI, JAPÃO, 1954): (“O AMOR TRÁGICO, MAS EPIFÂNICO”)

(OS AMANTES CRUCIFICADOS, CHIKAMTSU MANOGATARI, KENJI MIZOGUCHI, JAPÃO, 1954):

(“O AMOR TRÁGICO, MAS EPIFÂ
NICO”):

(RESENHA POR RAFAEL VESPASIANO):




“No título original, segundo João Bénard da Costa, ‘Chikamatsu’ refere-se a um autor dramático, do século XVII. Aqui se evidencia o interdiscurso entre teatro e cinema, comprovado durante o decorrer da trama, e, o diálogo entre a tradição e amodernidade nipônicas. O drama que o cineasta adaptou é misturada com a adaptação de outro conto clássico japonês, este de Ihara Saikaku, ainda de acordo com o colunista J. Bénard da Costa.

O enredo é o tradicional amor impossível e trágico: dois jovens de classes sociais diferentes apaixonam-se. Além disso, a mulher é casada com o suserano da oficina onde o rapaz, vassalo, pobre trabalha.

O filme termina como começa: a crucificação dos adúlteros apaixonados. O que evidencia que a Cruz, ainda segundo o crítico Bénard, é símbolo da paixão tanto no Ocidente, quanto no Oriente; tanto na religião judia-cristã, quanto no xintó-budismo.

Os dois amantes fogem e começa uma perseguição cruel, uma verdadeira via-crúcis aos dois apaixonados foragidos, que percorrem lagos, florestas, cabanas, etc.

A cena em que o casal se decide pelo suicídio duplo, na qual este é abortado em troca de uma relação carnal e amorosa, efêmera e trágicas, mas, na verdade, aquele momento foi de realização plena amorosa para o casal de namorados, uma verdadeira epifania, uma revelação do amor que um nutre pelo outro, uma elevação do amor do casal, independente do futuro dos dois. Uma elevação espiritual, sem abandonar o carnal (se complementam), e, amorosa, o que faz a crucificação, portanto, ao fim apenas ressaltar a transcendência amorosa dos amantes.”

LINK BASE: JOÃO BÉNARD DA COSTA.

(DUPLO SUICÍDIO EM AMIJIMA, MASAHIRO SHINODA, JAPÃO, 1969): (“VISÃO TRÁGICA DO AMOR”)

(DUPLO SUICÍDIO EM AMIJIMA, MASAHIRO SHINODA, JAPÃO, 1969)


(“VISÃO TRÁGICA DO AMOR”):

(RESENHA POR RAFAEL VESPASIANO)

“A obra-prima de Shinoda, considerada por muitos críticos, como a película máxima ou uma das mais importantes da Nouvelle Vague Japonesa. O enredo é retirado das tradições culturais nipônicas do teatro bunraku (o teatro de bonecos).

No decorrer da trama, da mesma forma que no teatro, os atores manipulam os fantoches, vestindo-se de negro e ficam o tempo inteiro ao lado das personagens; no filme, Shinoda fez o mesmo para seus atores reais, todas as ações deles são amparadas por vultos negros. Os cenários são de teor onírico, formado por pinturas belíssimas, pintadas em papéis transparentes, como se fossem caligrafia retirada diretamente de um livro. O que confere um caráter interdiscursivo ao filme-literatura e cinema (e teatro).

O enredo mostra a história de amor de um mercador de papel por uma gueixa. Ela é desejada pelo mais rico comerciante da vila. Aquele é casado e tem filhos, não vendo outra forma de concretizar seu amor, pois não tem como sustentar a gueixa, só vê a solução pela morte. E propõe, então à ela o duplo suicídio na ponte. Realiza-se um pacto mortal e trágico para o destino dos dois amantes.

Masahiro Shinoda é um dos pilares da Nouvelle Vague Japonesa, junto a Nagisa Oshima (Tabu) e Yoshishige Yoshida (Purgatório Heroico). Shinoda em Duplo Suicídio em Amijima estiliza o mais moderno de então, conciliando a modernidade, com a mais verdadeira tradição cultural nipônica.”

LINK-BASE: DEMETRIUS CAESAR:

(CEGA OBSESSÃO (YASUZO MASUMURA, JAPÃO, 1969): (“A OBSESSÃO ARTÍSTICA E SEXUAL EM BUSCA DO BELO”)

(CEGA OBSESSÃO (YASUZO MASUMURA, JAPÃO, 1969):


(“A OBSESSÃO ARTÍSTICA E SEXUAL EM BUSCA DO BELO”):

(RESENHA POR RAFAEL VESPASIANO)

Sequestro, obsessão, loucura que levam a trama do filme a um desfecho forte, violento, sádico, trágico. Altamente psicológico (tensão), “Cega obsessão” é uma obra que serve até como parâmetro para os filmes de gênero “thriller-suspense”.

O protagonista masculino é um artista plástico cego, que mora com a mãe, esta o ajuda a sequestrar uma mulher com o intuito de que a garota se torne modelo para uma escultura daquele.

A modelo, Aki, é famosa, servindo como molde (corpo) de material para a obra de um escultor que a venera. Michio frequenta o museu no qual as esculturas do outro artista estão expostas e admira as formas da modelo esculpidas, tocando-as, acariciando-as, o que leva a um desejo carnal por Aki.

Sequestra-a e leva-a para sua casa, e, Michio recebe o apoio da mãe, que o ajuda em manter Aki presa pelo tempo em que o artista deverá esculpi-la.

Um pólo para se compreender o enredo é procurar simpatizar com o escultor-sequestrador e, também, perceber o desespero da modelo. A obsessão de Michio por Aki é ressaltado como um amor distorcido, possessivo e obsessivo muito mais do que como fonte de perigo, contudo. A trama da obra força o espectador a aceitar sua atitude como única forma de realizar sua obra de arte máxima. Porém, Aki está em completo desespero sem saber como será o fim de toda aquela situação, que para ela é uma sádica tortura. Ela tenta fugir várias vezes, as quais são fotografadas de maneia bastante teatral -, nessas fugas, a modelo corre, desesperadamente, do escultor-, os dois percorrem um espaço do ateliê, transitando entre esculturas imensas, ao escalar corpos nus de gesso. Até suas fugas não têm caráter tão negativo, já que ela parece divertir-se, numa ambiência escura e amedrontadora.

A imagem da mãe, vale ressaltar, é de uma figura de opressão não só para a modelo, mas também para o filho.

Enfim, o clímax do filme é o momento de união entre Aki e Michio – ela cede e se entrega a ele aos poucos, quando planeja se fingir apaixonada para gtentar mais uma fuga. A prisioneira acaba por passar a amar o sequestrador e, escolhe vvicar ao seu lado a ter sua liberdade de volta.
Ao final, os dois se unem carnalmente, numa descaracterização humana. Então, o clímax se desenrola aos poucos e o seu ápice é a loucura plena, na qual as consequências e as personagens cercadas pelos desejos mais primitivos e instintivos primários, por meio da dor levam ao extremo a sua atitude de “amar”.

Vale ressaltar o contexto histórico japonês, em que “Cega Obsessão” foi lançado, visto que a película surgiu numa época em que o Japão estava fortemente relacionado ao drama e a tensão sexual (basta citar “O Império dos sentidos”, que é da mesma época).”


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