“OS
SETE REBELDES” (KIHACHI OKAMOTO, 1968):
(“UM
CHAMBARA CLÁSSICO QUE NÃO SE LEVA A SÉRIO.”):
(RESENHA POR RAFAEL VESPASIANO)
“O
cineasta Okamoto é pouco conhecido no Ocidente, diferente do colega cineasta e
parceiro, Akira Kurosawa muito famoso no Ocidente e, reverenciado até por
Copolla e George Lucas. Okamoto ao lado do maior astro do cinema do Japão,
Toshiro Mifune-, (também parceiro de Kurosawa, em vários filmes deste) -, desconstruíram
os filmes de samurais, já que o diretor Okamoto tem como uma das suas marcas
registradas, o forte senso de humor, a constante presença de questionamentos
políticos e um estilo visual com elementos ocidentais, em muito devido à sua
admiração pelo cinema do cineasta John Ford.
O
filme “Os Sete Rebeldes” marcou o auge do processo de desconstrução do mito do
samurai, uma figura nobre da história japonesa, retratada não só nele, mas em
outros de seus filmes como "Samurai Assassino" (1965). Em vez de
explorar as ações heroicas de tais personagens como no passado, Okamoto e
colegas como Kurosawa, em "Yojimbo" (1962), preferiram uma abordagem
mais humana, explorando o impacto na sociedade nipônica, principalmente em sua
parcela mais humilde: os camponeses.
“Os
Sete Rebeldes” é um dos melhores filmes de Okamoto, diretor também de outra
obra-prima chambara “A espada da Maldição”. Okamoto revolucionou o gênero ao
misturar filmes de samurais com westerns spaghettis. A influência deste
subgênero é tão gritante que se percebe um intertexto com o filme “Por um
punhado de dólares”, de Sergio Leone, com trilha sonora de Ennio Morricone e
com atuação de Clint Eastwood, primeiro filme da “Trilogia dos Dólares”. O
diferencial de “Os Sete Rebeldes”, além das várias referências a outros filmes
de samurais, está no tom cômico non-sense e na paródia sobre os próprios samurais.
Um grande clássico chambara do final dos anos 1960.
As
ações das personagens são exageradas, as interpretações dos atores buscam
justamente esse efeito, inclusive nas cenas de duelos e batalhas. A história é
uma verdadeira desconstrução do mito do samurai, figura típica da heroicidade
legendária nipônica, neste filme os samurais são envoltos num tom cômico que ao
mesmo tempo, que os rebaixa, os exalta. Com a predominância de personagens-,
que aparecem durante o desenrolar da trama-, temos: as figuras dos vagabundos,
dos assassinos e dos famintos, em situações ridículas e degradantes, mas sempre
em tom de humor pastelão.
O filme, enfim, é um
chambara para divertir e não ser levado muito a sério, porém, é um clássico,
pois o cineasta Okamoto conseguiu com eficiência mesclar quatro gêneros
cinematográficos: western, chambara, comédia pastelão e western spaghetti.”
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