(OS AMANTES CRUCIFICADOS, CHIKAMTSU
MANOGATARI, KENJI MIZOGUCHI, JAPÃO, 1954):
(“O AMOR TRÁGICO, MAS EPIFÂ
(RESENHA POR RAFAEL VESPASIANO):
“No
título original, segundo João Bénard da Costa, ‘Chikamatsu’ refere-se a um
autor dramático, do século XVII. Aqui se evidencia o interdiscurso entre teatro
e cinema, comprovado durante o decorrer da trama, e, o diálogo entre a tradição
e amodernidade nipônicas. O drama que o cineasta adaptou é misturada com a adaptação
de outro conto clássico japonês, este de Ihara Saikaku, ainda de acordo com o
colunista J. Bénard da Costa.
O
enredo é o tradicional amor impossível e trágico: dois jovens de classes
sociais diferentes apaixonam-se. Além disso, a mulher é casada com o suserano
da oficina onde o rapaz, vassalo, pobre trabalha.
O
filme termina como começa: a crucificação dos adúlteros apaixonados. O que
evidencia que a Cruz, ainda segundo o crítico Bénard, é símbolo da paixão tanto
no Ocidente, quanto no Oriente; tanto na religião judia-cristã, quanto no
xintó-budismo.
Os
dois amantes fogem e começa uma perseguição cruel, uma verdadeira via-crúcis
aos dois apaixonados foragidos, que percorrem lagos, florestas, cabanas, etc.
A
cena em que o casal se decide pelo suicídio duplo, na qual este é abortado em
troca de uma relação carnal e amorosa, efêmera e trágicas, mas, na verdade,
aquele momento foi de realização plena amorosa para o casal de namorados, uma
verdadeira epifania, uma revelação do amor que um nutre pelo outro, uma
elevação do amor do casal, independente do futuro dos dois. Uma elevação
espiritual, sem abandonar o carnal (se complementam), e, amorosa, o que faz a
crucificação, portanto, ao fim apenas ressaltar a transcendência amorosa dos
amantes.”
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BASE: JOÃO BÉNARD DA COSTA.
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