quinta-feira, 27 de novembro de 2014

MANIFESTO PRÓ-CINEMA BRASILEIRO “(POR QUE TANTAS SALAS PARA “JOGOS VORAZES” (NO MESMO COMPLEXO, INCLUSIVE)? E APENAS DUAS SEMANAS DE EXIBIÇÃO DE “UMA PASSAGEM PARA MÁRIO”, EM APENAS UMA SESSÃO DIÁRIA, EM APENAS UMA SALA, EM TODA BRASÍLIA?).”.

MANIFESTO PRÓ-CINEMA BRASILEIRO

“(POR QUE TANTAS SALAS PARA “JOGOS VORAZES” (NO MESMO COMPLEXO, INCLUSIVE)? E APENAS DUAS SEMANAS DE EXIBIÇÃO DE “UMA PASSAGEM PARA MÁRIO”, EM APENAS UMA SESSÃO DIÁRIA, EM APENAS UMA SALA, EM TODA BRASÍLIA?).”.

(MANIFESTO REVOLTADO POR RAFAEL VESPASIANO).


“O cinema nacional sempre foi prestigiado tanto por público, quanto pela crítica especializada e bastante apreciado e premiado nos festivais internacionais de cinema. Começou com filme mudo, sim, um clássico mundial.

Com filmes institucionais e didáticos também que marcaram o início da fase sonora. Faroestes, ciclo do cangaço, adaptações cinematográficas de obras literárias (muitas péssimas, mas com o passar dos anos as adaptações ficaram excelentes tanto quanto, os livros, às vezes superiores a estes).

E os festivais brasileiros de cinema eram sempre e continuam sendo bem frequentados e com sessões lotadas.

As fases da chanchada, da Atlântida, da Vera Cruz e os filmes do Mazaroppi, além dos ciclos baiano e paraibano de cinema no final dos anos 50 e inicio dos anos 60. Sempre foram sucessos de público. É que os valores monetários dos ingressos eram muito diferentes dos de hoje, ou seja, eram muito mais baratos. Mas, os filmes eram sucessos dentro do contexto da época, sim! Inclusive, os filmes estrangeiros demoravam a chegar ao Brasil, só estreando muito tempo depois de lançados em seus países de origem. Os filmes brasileiros predominavam nas salas de cinema, em cartaz. O problema foi a censura e a falta de liberdade de expressão impostas pela Ditadura Militar Brasileira nos anos 60/70, que prejudicou muito o cinema nacional, fazendo muitos filmes bons serem censurados e interditados, passando despercebidos pelo grande público.

Mas, eles estão sendo redescobertos, agora, no século XXI, seja no dvd, nos festivais, em mostras, retrospectivas, ou canais por assinatura e, sempre com boa demanda de público interessada em ver esses filmes.

É os filmes do Cinema Novo que provocam o confronto e a reflexão contra a censura, a falta de liberdade de expressão e Ditadura Militar Brasileira. Contudo, eram filmes cifrados, herméticos, por causa da censura em cima e do AI-5 perigosíssimo de 1968. Esses filmes reflexivos tinham conteúdo e público, porém muito intelectualizado e das classes altas e que atuavam ativamente contra a Ditadura, sucessos de crítica no país e no exterior, em festivais nacionais e internacionais.

Contra esse hermetismo, veio o Cinema Marginal mais popular e com filmes de gênero (os quais sempre existiram desde a chanchada, Vera Cruz, Atlântida, Mazaroppi, como faroestes, suspenses, policiais, dramas, comédias, comédias musicais, filmes de terror, trash, terrir (este subgênero genuinamente brasileiro); aqueles três últimos subgêneros surgiram nos anos 70 e 80, com, justamente, o advento do cinema marginal, entre outros gêneros fílmicos.

Contudo o Cinema Marginal mesmo, dos anos 70, é reflexivo, mas que viviam mais à margem da produção fílmica oficial do país, alguns beirando ou refletindo sobre o desbunde; desbunde, sim, mas reflexivo e crítico, muitas vezes contra o próprio desbunde, o que mostra a importância do Cinema Marginal, que com parcos recursos orçamentários, filmes de guerrilha mesmo, realizaram produções baratas, todavia propunham reflexão política e crítica à ditadura, mas sem hermetismo intelectual do cinema novo. Diferente de certas superproduções hollywoodianas do século XXI e/ou da Globo Filmes, anos 90/2000. Não sou contra esse tipo de filme (não é minha preferência, lógico, como fica claro no meu posicionamento nesse manifesto), mas que deve existir para diversificar o público, mas este tem que tem as três opções: os filmes estrangeiros, independente do país; os filmes despretensiosos, sem preferência por nacionalidade e, os filmes reflexivos e politizados, sem preferência por país. Contudo, volto a afirmar vamos acabar com o preconceito com nosso cinema!

Porém, realmente, a fase da pornochanchada criou um preconceito no brasileiro, em relação, ao cinema feito em nosso próprio país. Apesar de existirem filmes dessa fase que se salvam e têm algo a dizer, mas, que são, realmente, à margem do sistema/fase da pornochanchada. Esses filmes dos anos 80 criaram esse preconceito, mas na época, era sucesso de público, as salas sempre estavam lotadas, lembrando que os valores de bilheteria eram irrisórios perto dos de hoje, pelo já dito valor de ingresso mais caro hoje. E era, conveniente para claudicante Ditadura e censura, filmes vazios e sem reflexão política, apenas escapistas. Nos quais, a censura cortava apenas as cenas mais “sensuais/sexuais”, mas sem sexo explícito, apenas simulado. Eróticos, sensuais, mas bastante cômicos, escapistas, contudo preconceituosos contra gays, negros, etc. Bastante sexuais, contudo sem a penetração propriamente dita. Vazios e sem reflexão, sem proposta, apenas feitos para rir e sugerir erotismo, verdadeiros desbundes extremamente alienados e preconceituosos.

A censura cortava apenas o mais agressivo e bem pesado em termos de linguagem erotismo. O resto passava, pois o público gosta e a censura/ditadura militar adorava a alienação gerada pela pornochanchada.  O cinema nacional, enfim, sempre teve público, prestígio nacional e internacional, mas os valores de bilheteria não se comparam aos de hoje pelo já exposto valor de ingresso mais barato antigamente. Mas, o cinema nacional sempre foi bom, com exceção da fase, realmente, um tanto quanto discutida, chamada pornochanchada, mas que também era sucesso de público, pois os filmes estrangeiros não passavam com tanta abundância nas salas brasileiras como acontece hoje.

O cinema nacional, enfim, merece sempre ser apreciado desde suas origens até os dias atuais. Viva o cinema brasileiro! Ele merece respeito sempre! E com a Retomada então, filmes excelentes, porcarias também da Globo Filmes, as globochanchadas, comédias besteirol vazias, com grande público, mas pouco conteúdo e gosto duvidoso.

Filmes ganhando festivais nacionais e internacionais, credibilidade da crítica, respeito de todos, parece que só nós que não darmos o verdadeiro valor ao nosso verdadeiro cinema: o cinema reflexivo, ou cômico, mas não apelativo, contemplativo, cru, de gênero, ou não, politizado, crítico. Pena, que quando chega a hora de lançar nossos filmes, mais da metade das salas de cinema do país, abrem as portas só para um filme: Jogos Vorazes: A Esperança – Parte I, legendados ou dublados, aí fode!

Ah, nossos curtas-metragens e documentários são considerados, internacionalmente, como dois gêneros de cinema, como um dos melhores do mundo, entre todos os países que produzem esses tipos de filmes, estamos respeitadíssimos pelos países do mundo, em festivais afora e também em nossos festivais. Todavia desconhecido do nosso grande público.

 Pena que nossa animação começou a se revelar tarde, mas com tudo a tempo, ganhando o principal prêmio mundial da animação em 2013 e em 2014, com dois elogiados filmes de longas-metragens de animação.

Ah, Oscar é grana tá? Deixe quieto!

Quanto ao gênero pornográfico, o primeiro de sexo explícito apareceu em 1982, com um público de 25 milhões de pessoas nos cinemas brasileiros. Complicou nosso cinema, pois a pornochanchada já estava esgotada como gênero entre o público brasileiro.

Agora, em 1982, o público brasileiro estava interessado em pornográfico mesmo, o que se produziu em abundância, mas com história, porém o fuck-fuck norte-americano que existia desde os anos 70, filmes de sexo explícito sem história invadiram os cinemas do Brasil. Daí a complicação dos anos 80. As salas ficaram borratadas de pornô brasileiro e estrangeiro, surgindo salas de cinema só especializadas em filmes de sexo explícito.

Passou tempos duros. Veio o Collor acabou o financiamento público aos filmes brasileiros que ainda tentavam fazer um cinema brasileiro digno. Demoraram seis anos para retomarmos as produções.

Vamos aproveitar nosso cinema. Vivemos tempos de ingressos caros e poucas salas, poucas semanas de exibição para um filme nacional, pouco boca-a-boca, poucas sessões, mas isso pode mudar depende do público, de nós mesmos, dialogando sobre a história do nosso cinema, um entusiasmado debate e boca-a-boca, para divulgar os bons filmes brasileiros vistos por vocês. E a pressão, os comentários e debates sobre filmes nossos, não apenas os importados, ou o Oscar, né?

Debater o espaço do nosso cinema nas salas de cinema e não apenas filmes hollywoodianos. Vamos debater o cinema mundial, mas o nosso também, assim vamos apreciar o estrangeiro, porém o nosso também.


VIVA O CINEMA BRASILEIRO!!!!!!!!”.

A COMÉDIA HUMANA-VOLUME I-AO “CHAT-QUI-PELOTE”. HONORÉ DE BALZAC “(PRIMEIRA NOVELA: LITERARIAMENTE DECEPCIONANTE, MAS O INÍCIO DE UMA GRANDE AVENTURA ROMANESCA).”

A COMÉDIA HUMANA-VOLUME I-AO “CHAT-QUI-PELOTE”.

HONORÉ DE BALZAC

“(PRIMEIRA NOVELA: LITERARIAMENTE DECEPCIONANTE, MAS O INÍCIO DE UMA GRANDE AVENTURA ROMANESCA).”

(RESENHA POR RAFAEL VESPASIANO).


“O escritor francês Honoré de Balzac escreveu inúmeras novelas e romances, que ao passar dos anos do século XIX, Balzac resolveu reuni-los de maneira orgânica, numa proposta ousada para a época e até para os dias atuais – e, reuniu todos os seus romances e novelas em 17 volumes, sob o título geral de "A Comédia Humana".

A comédia humana, em cada volume reúne de cinco a seis romances e/ou novelas; e são estudos ora de costumes, ora da vida pública, ora da vida privada, ora da vida campesina, outro momento da vida citadina, militar e ou civil. O escritor reúne tudo isso em 17 volumes organizados sistematicamente, com o intuito declarado de abordar a vida burguesa da França do final século XVIII e boa parte do século XIX (a parte que Balzac vivenciou, descreveu e relatou), pois, sim, seus livros lembram mais relatórios descritivos objetivos e certidões de cartório, ou de burocracia pura, em relatar de maneira o mais realística possível a vida francesa de então (burguesa, do século XIX). Ele concluiu seu trabalho ainda em vida, fechando um ciclo literário e de vida a que se propôs realizar.

Mas, a crítica atual, do século XXI, relativiza muito o êxito da sua obra e considera-a muito datada, inscrevendo-a na transição do Romantismo (dos quais os livros que são românticos seriam, justamente, os melhores da Comédia Humana) para o “Realismo Científico” (segundo a expressão do formalista russo do século XX, Roman Jakobson), aquela serve para, segundo o crítico russo, o romance naturalista. E, como a maioria dos romances e novelas da Obra é naturalista, A comédia humana, como um todo, ficou datada, segundo os críticos pós-modernos, pois, a mesma se prende muito a modelos deterministas (Taine), evolucionistas (Darwin), positivistas (Comte), lembrando até um Zola, de Germinal. Outra crítica negativa é o estilo geral dos 17 volumes que lembra uma obra taquigráfica, de pura reprodução copista e burocrática, lembrando um cartório ou um escritor guarda-livros, que só descreve a realidade pura e simplesmente, de maneira descritiva e objetiva, mas que verossímil, sem imaginação, ou seja, sem reinvenção poética e/ou literária, característica principal a que deve se propor qualquer uma das Artes Humanas, em especial a Literatura.

Contudo, os mesmo críticos ressaltam a importância de Balzac para a História do romance moderno, para a Literatura Francesa do século XIX e para o Romantismo-Naturalismo, do qual a Obra não escapa, mas que obtém certo êxito dentro desta proposta. Em especial nas histórias mais eivadas de Romantismo como escola literária e menos nas novelas e romances naturalistas.

Já nos romance nos quais Honoré de Balzac encontra um equilíbrio entre romantismo e realismo, mas não tão naturalista-científico, o escritor francês realiza obras primas como A mulher de trinta anos, Pai Goirot ou Ilusões Perdidas. Já que Balzac realiza romance e novela, dentro da proposta romântica-realista, de transição estético-literária mesmo, mas de um realismo, que Jakobson denominou de “Realismo Artístico”, que marcaria as obras de gênios como Machado de Assis, Dostoiévski, etc.

Os quais não se prenderam a romance de tese, como Émile Zola ou Aluísio Azevedo, a determinismos de raça, meio, momento histórico, evolucionismo (darwinismo), mas, por outro lado, Machado e Dostoiévski desenvolveram e revolucionaram o romance moderno, com a reflexão psicológica verossímil das personagens de seus livros; desenvolveu o fluxo de consciência das personagens, as digressões, o narrador personativo - veja-se a obra Madame Bovary, só do que do francês Flaubert, mas que se inscreve na mesma linha de tradição literária e estética. Teoria mais tarde desenvolvida e aperfeiçoada criticamente, no século XX, pelos teóricos da Literatura, Beda Alleman, Wayne C. Booth e  Wolfgang Iser (autor implícito); as conversas e interpelações ao leitor, etc.

(Que vale o registro não se iniciou com o “Realismo artístico” do século XIX, mas os escritores realistas, de meados do século XIX, foram beber na tradição literária do Romantismo Inglês, do final do século XVIII, em autores, como Laurence Sterne e Daniel Defoe, etc. Ou em Xavier de Maistre, escritor francês, com seu romance, Viagem à roda do meu quarto.).  


O crítico Paulo Ronái que organizou A comédia Humana, no Brasil, para as Edições Globo, é um defensor de Balzac e sua obra completa. Realizando além da organização, estudos, prefácios, notas e traduções para a referida publicação, que se encontrava esgotada há anos, só sendo possível encontra-la em sebos, em edições caríssimas, dada sua raridade.

Mas que desde o ano de 2013 está sendo reeditada, pela própria Editora Globo, no Brasil, nas livrarias, ao poucos, com a mesma organização, porém, revisada, mas já delineada há anos pelo maior especialista em Honoré de Balzac e em A comédia Humana, no Brasil, Paulo Ronái. Já saíram os oito primeiros volumes. E um livro crítico de Ronái. Esperamos, agora, os outros nove volumes.   

Por enquanto só posso falar de dois livros que li do primeiro volume. A novela Ao "Chat-Qui-Pelote", que dá o pontapé para essa obra “monumental” denominada A comédia humana. A tradução do título desta novela do francês para o português, primeiro é uma referência à Mansão na qual se passa a obra; já na tradução livre, significa, mais ou menos: “o gato que(m) brinca com o novelo de lã”. (http://dicionario.reverso.net/frances-portugues/chat%20qui%20pelote), último acesso 27/11/2014, às 18h55, quinta-feira.


A novela extremamente romântica enquanto estilo literário mostra a paixão arrebatadora entre um homem e uma mulher, que superam as diferenças de classe social e o fato de o pai da garota não querer o casamento. Contudo, quando se casam, no começo é só alegria, porém, aos poucos, ele se afasta da esposa, devido, principalmente, à falta de diálogo, motivada pela diferença de classe social e de nível de cultura, então ele procura outras mulheres e sua esposa resolve se separar dele, voltando a morar com seus pais.

Esta novela mostra bem a estética do escritor Balzac que é da transição do Romantismo (como visto no começo do relacionamento das duas personagens, amor forte e verdadeiro), para o Realismo (vide o final da novela, separação do casal).

Não se trata de uma excelente novela em termos estético-literários, mas é o começo para o leitor sentir o “gostinho” de estar iniciando a leitura desta obra gigantesca, em todos os sentidos - apesar dos defeitos, que já foram relatados, mas que não tiram os seus méritos ao mesmo tempo -, idealizada e concretizada por Honoré de Balzac. Que merece ser lida na íntegra e ser discutida, pois, na leitura encontraremos obras e trechos da obra balzaquiana que são pérolas da Literatura Ocidental em todos os tempos.”



P.s.1: “vale ressaltar que alguns romances e novelas continuam e/ou remetem a outros romances e novelas anteriores, que vêm precedendo na ordem que aparecem durante os 17 volumes de A comédia humana. Porém, não são nunca continuações de enredo, mas citações de personagens que reaparecem em novelas e romances vindouros na sequência dos volumes, mas com outras funções sociais, ascensão ou decadência, por exemplo. Separados ou ainda casados. Com filhos ou não; personagens, agora, por outro exemplo, bem mais velhas que na novela ou romance que elas apareceram, anteriormente. Isso se pode dá mais de uma vez (repetição de personagem, no caso e retomada de algum “fiapo” narrativo).”

P.s.2: “depois postarei um texto sobre a segunda novela do volume 1, já lida, “O Baile de Sceaux”. E, um texto especial sobre o romance, A mulher de trinta anos, que faz parte do terceiro volume, mas que li à parte, por se tratar de obra fundamental da Literatura Ocidental. Quem nunca ouviu ou leu a expressão “a mulher é balzaquiana”, quando a mulher atinge a faixa etária dos trinta anos?”

P.s.3: “nos próximos posts tentarei colocar algumas citações de teóricos e críticos literários especialistas em Balzac, como o citado Ronái.”.

P.s.4: “vale ressaltar, por fim, que o romance moderno se esgotaria, no fim do século XIX, quando surge uma obra ímpar e desafiadora, em sete volumes, Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, que começa a definir o que seria o romance pós-moderno que apareceria de fato nos anos 1960 do século XX e que marca nossa contemporaneidade, até os dias atuais.

Em Proust, têm-se outras características, para serem debatidas em outro artigo, questões ligadas ainda ao Simbolismo, às vanguardas modernistas do início do século XX e ao próprio romance moderno, mas já apontando rumos que depois seriam tomados pelos próprios modernistas de meados do século XX, alguns ainda do fim do século XIX para o início do XX, como o próprio Proust. Já que sua Obra foi publicada, no decorrer de muitos anos, espaçadamente, e, alguns volumes, postumamente - organizados por ele em via ainda, mas que foram editados através de manuscritos e instruções deixadas por ele a seus familiares, vindo à edição após a sua morte.

Vale ainda ressaltar, por fim, que tivemos ainda como obras desafiadoras e rompedoras dos paradigmas do romance moderno, por exemplo, a epopeia moderna Ulysses, de Joyce.”.  




“Bem, fiquemos por aqui, muita coisa para pensar, discutir, debater e, principalmente, ser lida por todos nós. Aos poucos, vou publicando sobre as minhas impressões de cada leitura que eu fizer, fica a minha promessa.” 

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

ELA, DE SPIKE JONZE: “(UM FUTURO DISTÓPICO, MAS TÃO PRESENTE, REAL E/OU VIRTUAL?!...).”.

ELA, DE SPIKE JONZE:

“(UM FUTURO DISTÓPICO, MAS TÃO REAL OU VIRTUAL?!...).”

(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO).

“ELA”, escrito e dirigido pelo original cineasta Spike Jonze, de filmes memoráveis em termos de inventividade no roteiro e na direção, como “Quero ser John Malkovich” e “Adaptação”, ambos roteirizados pelo genial Charlie Kaufman, que dirigiu e roteirizou seu primeiro longa-metragem, com sucesso, em “Sinédoque, Nova York”, com Philip Seymour Hoffman, aquele filme subestimado equivocadamente.

“Ela”, Jonze roteiriza e dirige um projeto ousado, que ganhou vários prêmios, inclusive o Oscar de Melhor Roteiro Original (em 2013), merecidamente, por sinal. Vale a pena afirmar de antemão que tanto Kaufman quanto Spike Jonze são cineastas e roteiristas que sempre empregam em seus filmes: a metalinguagem. E, em “Ela”, Jonze não faz por menos, além de usar vários interdiscurso e intertextualidades. Enfim, referências e conteúdos que ficam latentes na mente do espectador por horas, após a sessão, pois “Ela” é um filme para pensar e refletir até teses de doutorado.

O filme protagonizado por Joaquin Phoenix, em mais uma brilhante atuação, basta citar entre outros estupendos trabalhos como ator, “Johnny e June”, “O Mestre”, de Paul Thomas Anderson, no qual trava um duelo de interpretações com outro talentoso ator, Hoffman, falecido recentemente; e, agora, em um mais belo desempenho, vivendo um sujeito antissocial, solitário, vazio, sem sentido existencial (em crise).

Sua personagem vive numa Los Angeles futurista (mas não tão distante de nossas realidades do século XXI, 2014), um futuro distópico – lembro logo de distopias literárias, tais como: A revolução dos bichos e 1984, ambas de George Orwell, que tratam de desmandos ditatoriais políticos sobre as massas populares; Admirável mundo novo, de Aldous Huxley, um futuro sem emoções, asséptico; e, por fim, Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, no qual os livros são proibidos e queimados pelos bombeiros censores, mas cumpridores apenas de ordens superiores -, o primeiro, o segundo e o quarto romances viraram grandes adaptações cinematográficas, em especial 1984 e Fahrenheit 451, adaptado, este último para as telonas por Truffaut, com excelente atuação de Oskar Werner. Vale lembrar que A revolução dos bichos tem, inclusive, uma adaptação excelente como desenho animado, fiel ao espírito do livro de Orwell.

“Ela” é uma distopia cinematográfica, mas bem verossímil em relação à realidade em que vivemos atualmente, só que no filme Spike Jonze leva aos limites extremos, de cada um vivendo em seu mundinho fechado (diferente de hoje?); as realidades super-individualizadas e individualizantes (uma pessoa morando, em um apartamento, sozinha, cheia de equipamentos e tecnologias de redes sociais?!); cada um com seu iphone, com sua tecnologia virtual, aplicativos e mais aplicativos tecnológicos substitutos das interações sociais reais; tudo passa a ser virtual (vida real versus vida virtual, esta ganhando a luta), tudo artificial, com máquinas programadas para interagir com seres humanos como se fossem humanas de fato. A interação real e socializante fica relegada a segundo plano, se tanto.

Fones-de-ouvido que as pessoas usam nas ruas escutando suas músicas e sistemas operacionais, isoladas no meio da multidão; uma Professora que me deu aulas de Análise de Discurso, na Graduação de Letras, falou que ela imaginava nos anos 70 do século XX, junto com vários intelectuais da época que propagavam, que brevemente, começaríamos a falar sozinhos nas ruas, parece que se tornou real/virtual (telefones celulares e cabos de celular com fone ouvido e microfone, certo?).

O futuro distópico de “Ela” é gritante e é HOJE. Pós-Moderno e líquido e fluido como defende o sociólogo polonês, Zygmunt Bauman, em seu famoso livro, Modernidade Líquida, uma citação deste livro é bastante pertinente para esta crítica: “‘Não fale com estranhos’” – outrora uma advertência de pais zelosos a seus pobres filhos – tornou-se o preceito estratégico da normalidade adulta” (BAUMAN, 2001, p. 127), Pós-Moderna, ou modernidade líquida, segundo Bauman.

Inter-relações fluidas e líquidas, pois todos nós somos estranhos aos outros e a si mesmos. Outro filme interessante para ver e refletir sobre as relações pós-modernas é The Bling Ring, de Sofia Copolla, só que sob outro viés e, já abordado neste blog, em crítica publicada na data de 08/11/2014, ver também a crítica sobre a Tetralogia da Incomunicabilidade, conjunto de filmes realizados pelo cineasta italiano Antonioni, artigo também neste blog, postado no dia 21/10/2014.

Abordemos agora o “par romântico” da personagem de Joaquin Phoenix, o sistema operacional e virtual, Samantha (voz de Scarlett Johansson, excelente atuação pós-moderna, só pela voz, são os tempos do cinema do século XXI - basta lembrar Andy Serkis, na Trilogia de Peter Jackson, O Senhor dos Anéis, baseado nos livros de Tolkien -, à época foi ventilada uma indicação ao Oscar para Serkis pela captura de desempenho da personagem Gollum realizada por ele e milhares de efeitos especiais e computadores). 

A personagem solitária e divagadora vivida por Phoenix apaixona-se, tão e somente, pela voz de Samantha, uma máquina “inteligente” e “com sentimentos”, esquecendo-se de um possível affair com a “mulher real”, Cathy, interpretada pela atriz Amy Adams. Enfim, tempos de Amor Líquido, título de outro livro do sociólogo Zygmunt Bauman, lançado em primeira edição no ano de 2003.

Um livro que com o seu subtítulo diz tudo em relação ao hoje e/ou futuro distópico de “Ela”: “Sobre a fragilidade dos laços humanos”.  No prefácio, Bauman afirma:

Talvez a própria ideia de ‘relacionamento’ contribua para essa confusão [a questão de pôr fim a uma relação]. Apesar da firmeza que caracteriza as tentativas dos infelizes caçadores de relacionamentos e seus especialistas, essa noção resiste a ser plena e verdadeiramente purgada de suas conotações perturbadoras e preocupantes. Permanece cheia de ameaças vagas e premonições sombrias; fala ao mesmo tempo dos prazeres do convívio e dos horrores da clausura. Talvez seja por isso que, em vez de relatar suas experiências e expectativas utilizando termos como ‘relacionar-se’ e ‘relacionamentos’, as pessoas falem cada vez mais (auxiliadas e conduzidas pelos doutos especialistas) em conexões, ou ‘conectar-se’ e ‘ser conectado’. Em vez de parceiros, preferem falar em ‘redes’. Quais são os méritos da linguagem da ‘conectividade’ que estariam ausentes da linguagem dos ‘relacionamentos’? [grifos meus] (BAUMAN, 2004, p. 11-12).


As “premonições sombrias” tornaram-se realidade real e/ou virtual no futuro distópico de “Ela”, ou foi no nosso dia-a-dia?!...

Essas são os mal-estares da Pós-Modernidade, que Bauman analisa e reflete em O mal-estar da pós-modernidade (1998) e Modernidade e ambivalência (1999). “Ambivalência”, este vocábulo define bem o futuro distópico de Spike Jonze, pois: humanos e não humanos (máquinas); real e virtual; convívio e isolamento, etc., essa é a dialética, a dualidade dinâmica, mas “sombria” de um futuro-presente melancólico, solitário, evasivo, escapista, sem prospecção de um porvir esperançoso ou redentor, ou “meramente” de deviniência, apenas o filme de Jonze nos mostra (e alerta!) para o início do fim das relações sociais, amorosas e interpessoais “humanas”, strictu sensu, e, para o fim da Sociedade e da Humanidade. Pesadelo, o que era Sonho, mas não apenas virtual, mas possível e REAL.

Alguns artistas da música popular brasileira, em especial do pop/rock já veem nos alertando também para esse conjunto de questões analisadas por Spike Jonze em seu filme de 2013, “Ela”. Pois vejamos algumas letras de músicas como as da cantora Pitty: no CD, de 2003, Admirável chip novo, na música que dá título ao álbum, a compositora Pitty é taxativa (lembre-se que esse disco e essa música tem um interdiscurso com o livro Admirável mundo novo, de Huxley):

Admirável Chip Novo

“Pane no sistema, alguém me desconfigurou
Aonde estão meus olhos de robô?
Eu não sabia, eu não tinha percebido
Eu sempre achei que era vivo
Parafuso e fluido em lugar de articulação
Até achava que aqui batia um coração
Nada é orgânico, é tudo programado
E eu achando que tinha me libertado...
Mas lá vem eles novamente, eu sei o que vão fazer:
Reinstalar o sistema
Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga
Tenha, more, gaste, viva
Não sinhô, sim sinhô, não sinhô, sim sinhô...”

(lembra bastante a relação das personagens interpretadas por Phoenix e Scarlett (voz)).

Outro rocker baiano, Marcelo Nova, já alertava na música, Eu vi o futuro, do CD Quem é você?, ainda liderando o Camisa de Vênus, em 1996: “Me mostre o seu CD -Rom, a sua alma, o seu batom/E beijos que arrebentem as vidraças/Devolva a minha confiança, o meu escudo, a minha lança/E todas as promessas não cumpridas/E como está tudo acabado, deite aqui do meu lado/Eu vi o futuro, baby, ele é passado”.

Título, inclusive de um álbum-solo de Nova, lançado em 1998, Eu vi o futuro, baby, ele é passado. Veja-se também a letra da música Ninguém vai sair vivo daqui (outra alusão ao livro de Aldous Huxley, citação direta do autor na letra da canção), do álbum, de 2005, O galope do tempo:

“Já faz tanto tempo, eu tinha dezesseis
Ele caiu na minha mão eu li pela primeira vez
Um livro tão estranho me chamou atenção
Mr. Huxley me abriu as portas da percepção

Surgiram novos horizontes, tantas possibilidades
Encontrar o meu caminho, a busca da verdade
E talvez a mais simples que eu logo aprendi
É que ninguém vai sair vivo daqui

O tempo passou mais depressa que eu pensei
O que era uma exceção agora parece ser lei
Tem gente bebendo chuva, pessoas comendo lixo
Dormindo nas calçadas, crianças virando bicho

No rádio uma canção feita pra anestesiar
Enquanto a voz lá do Planalto parece comemorar
Então fica confirmado tudo aquilo que eu ouvi
Que ninguém vai sair vivo daqui

Alô vocês poetas, loucos e visionários
Astros da TV, políticos, milionários
Você que mente e rouba, você que dá no pé
Você é tão esperto, mas nunca sabe qual é

Tem gente que compra dor pra vender felicidade
Jesus disse que ela existe, mas só na eternidade
Restou apenas uma certeza em tudo que eu vi
É que ninguém vai sair vivo daqui
Ninguém vai sair vivo daqui”
 
(conferir também no mesmo álbum antológico e universal de Marceleza, a canção Poeira no chão, com interdiscurso em relação à poesia de Augusto dos Anjos.). Ver também o prefácio do encarte, no qual, o cantor e compositor, Marcelo Nova afirma: “Este é um disco que diz respeito ao tempo e a minha passagem através dele. Custou-me 13 anos desse tempo precioso para concluí-lo em meio a essa jornada mortal do útero ao caixão.”). Bauman em seus quatro livros citados afirma várias vezes que o homem já conquistou o espaço, não há mais fronteiras espaciais que impeçam, por exemplo, de alguém por Skype, se comunicar estando no Brasil, com alguém em Taiwan, e ainda se vendo mutuamente, na webcam, não é? Sem falar no dinheiro viajando pelo mundo a crédito virtualmente. Mas o tempo, esse é inoxidável, o homem ainda não conquistou e/ou dominou. Nasce-se é para morrer. O filme de Jonze mostra isso de maneira tangencial.

A banda de rock Autoramas, lançou, em 2007, o CD Teletransporte, com a música Mundo moderno, ou seria pós-moderno!..., distópico de Spike Jonze, “Ela”?, veja-se a letra da canção, para pensarmos na questão:

“Era pra eu estar deslumbrado
Com tantas opções que pintam na minha frente
Não consigo ficar acostumado
São tantas novidades que aparecem de repente
Chega de tanta liberdade
Tem gente que nasceu pra ser obediente
Mundo moderno
Me tirem desse inferno
São tantas coisas novas pra experimentar
Alguém me ponha no meu devido lugar
Mundo moderno


Convivo com o medo enorme
que alguma ideia diferente apareça
então eu preciso de ordens
Antes que algo de ruim me aconteça
Pra tantos lados pode ir minha ambição
Mas eu vou jogar pro alto o que eu tenho nas minhas mãos
Mundo moderno
Me tirem desse inferno
são tantas coisas novas pra experimentar
Alguém me ponha no meu devido lugar
Mundo moderno”

É o contexto melancólico do filme de Jonze.

A banda pernambucana de Manguebeat, Nação Zumbi. Em seu último e mais recente disco, excelente por sinal, lançado em 2014, com o título Nação Zumbi, propõe várias reflexões. Uma nos interessa, para refletir sobre “Ela”, em vários aspectos, em especial, sobre a ânsia de tanto querer o “amanhã”, mas quando conquista o que se almejava, a personagem fica frustrada, se trata da canção Novas auroras, segue a letra, de Jorge Du Peixe/Dengue/Pupillo/Lucio Maia:

“Feliz pelo o que ainda não veio
saudades do que nem foi
Esperando o melhor dos agoras
Nem termos o antes e já queremos o depois

E do lado de fora dos olhos
Os ponteiros disfarçam até o anoitecer
O tempo já sorrindo pro fim
Relógios não esperam por ninguém
Ontem você quis o amanhã
Hoje você quer o depois

Vou andando nas horas
Atravessando os agoras
Dançando as novas auroras

Vou andando nas horas
Atravessando os agoras
Dançando as novas auroras

Ainda nem chegou
e pensa que já foi
Ainda nem chegou
e pensa que já foi

Eis o feitiço do tempo
A corrida, faminta, incessante das horas
Lembrando quem adianta os instantes mutantes
A história e suas intenções
Sem ponteiro nem norte
ao redor dos eternos agora
Sempre correndo atrás do que nunca demora
Foi-se embora sem satisfação

Um roteiro certeiro
Panorama no espelho
Janela de onde tudo vejo
Já vi esse filme inteiro

Ainda nem chegou
e pensa que já foi
Ainda nem chegou
e pensa que já foi

Ontem você quis o amanhã
Hoje você quer o depois”


A eterna insatisfação, frustração do homem pós-moderno consumista, que também é reflexo das personagens do filme de Spike Jonze.


A banda gaúcha, Os Replicantes, que tenta se mantém no cenário punk do país, após a saída do líder Wander Wildner, que seguiu carreira solo e criou um estilo próprio, o punk-brega. A banda, então, passou por várias atribulações e passou pelo vocal, três cantoras, até chegar à atual, Julia Barth. A banda gravou o CD, Os replicantes 2010, lançado no ano de 2009, com uma música, denominada Second life, de autoria de Mauren Veras/Heron Heinz, que é o próprio filme “Ela”, em música punk-lenta-balada, eis a letra completa:

“Vou
assumir
segunda vida
Abrir puteiro no Second Life
Ganhar dinheiro com
cybercafetinagem
O grande avatar
da sacanagem

Vou assumir uma terceira
vida
Vou Montar uma banda no
Second Life
O estúdio é o meu
computador

Não vou nem precisar de
amplificador
A vida de verdade agora é
virtual
Minha inteligência agora é
artificial
Meu sentimento é superficial
Somos cyber punks num
mundo irreal

Vou assumir uma outra vida
Ganhar dinheiro em linden
dólar
Imposto de renda não existe

Não vou pagar IPTU ou IPVA
Nós somos cyborgs
Nós somos cyborgs”


Não é a conexão e a “vida” das personagens vividas por Joaquin Phoenix e Scarlett Johansson?!...


Lembrei-me, ainda da música pouco conhecida interpretada por Zé Ramalho e Pitty, no CD, Parceria dos Viajantes, de Zé Ramalho, lançado no ano de 2007, canção que se chama A nave interior, composição de Zé Ramalho/Chico César, que a partir da terceira estrofe diz:

“(...) A nave que é mãe, Que é filho e é pai
É tudo e é nada, O povo e ninguém
Não é de fora que a nave vem
É de dentro do peito que a nave sai
Não é de fora que a nave vem
É de dentro do peito que a nave sai
Respirar, navegar é coisíssima igual
O ar que ri é o fogo da nau
No vale profundo que geme em nós
Reside o casulo do cavalo alado
Na rainha-mãe ou no pobre coitado
Ali se espelha a centelha do gás
Se é moça ou rapaz, ancião ou criança
A chama não cansa de dançar a dança.”

É a contradição musical do mundo virtual, distópico, “second life” do filme “Ela”.

Para finalizar a apocalíptica música hardcore dos Ratos de Porão, Viciado digital, do seu mais recente e excelente álbum, um dos melhores em anos, só de inéditas, Século Sinistro, lançado neste ano de 2014, diga-se de passagem, são atualíssimas todas as 13 (treze) faixas do disco:
  

VICIADO DIGITAL
(LETRA: JOÃO GORDO/MÚSICA: JÃO, JOÃO GORDO & JUNINHO)

“A alienação em massa
não para
Estar online
sempre é demais
Agora você
está monitorado
Todos sabem
o que você faz...
Você postou,
 ninguém curtiu
Você curtiu,
ninguém comentou
Ficou puto quando viu
No youtube escancarou
Viciado digital
Conectado
em tempo integral
Intimidade escancarada
Numa rede social
Roupa suja mal  lavada
No facebook é de doer
Twittando suicídio
No instagram foto vai ter
Vejam só como sou íntegro
Vejam só como sou legal
Vejam só como sou lindo
Vejam só como sou do mal”


Esta pedrada resume tragicamente, apocalipticamente, tristemente, mas verdadeiramente nossa realidade do século XXI (“século sinistro”), entrando em conformidade com o mundo futurista e distópico, mas não tão distante de nossa realidade, mostrado no filme genial, “Ela”, que é uma verdadeira obra-prima do cinema do século atual, dirigido e roteirizado pelo inteligente e perspicaz Spike Jonze, que com sua sagacidade conseguiu captar tudo pelo qual estamos passado, real ou virtualmente, ou os dois ao mesmo tempo.”.

REFERÊNCIAS:

FILME-BASE:

ELA, SPIKE JONZE, 2013, EUA, SONY PICTURES.

REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS:

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.
---------------------------. Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004.

BIBLIOGRAFIA PASSIVA:

BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998.
--------------------------. Modernidade e ambivalência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1999.

CDS:

AUTORAMAS, TELETRANSPORTE, 2007.
CAMISA DE VÊNUS, QUEM É VOCÊ?, 1996.
MARCELO NOVA, EU VI O FUTURO, BABY, ELE É PASSADO, 1998.
MARCELO NOVA, O GALOPE DO TEMPO, 2005, NOVA PRODUÇÕES ARTÍSTICAS.
NAÇÃO ZUMBI, NAÇÃO ZUMBI, 2014, SLAP.
PITTY, ADMIRÁVEL CHIP NOVO, 2003, DECKDISC.
RATOS DE PORÃO, SÉCULO SINISTRO, 2014, BRUAK! RECORDS.
OS REPLICANTES, 2010, 2009, MARQUISE RECORDS 51.

ZÉ RAMALHO, PARCERIA DOS VIAJANTES, 2007, SONY MUSIC.