“A Gangue de Hollywood – o Vazio de
nossa juventude":
("The Bling Ring – A Gangue de
Hollywood", de Sofia Copolla.).
(Crítica por Rafael Vespasiano.)
““The Bling Ring – A Gangue de Hollywood”,
dirigido e roteirizado por Sofia Copolla,
é um retrato desiludido e pessimista da juventude rica americana que vive em
Los Angeles. Sem rumo, sem ideias, sem sentido, apenas com foco consumista,
marca da pós-modernidade, no caso, do filme, baseado em fatos reais, quatro
garotas e um garoto já ricos (os pais deles, no caso, que tudo dão aos seus
filhos, em termos materiais, mas não em educação e orientação), roubam casas de
artistas, celebridades e subcelebridades de Hollywood.
Tornando-se também
subcelebridades. Uma juventude perdida, que acaba se envolvendo com drogas cada
vez mais pesadas e levam uma vida vazia, marcada por falsas aspirações e
conceitos de vida; mantendo (falsas) amizades, frágeis e fugazes (líquidas nos
termos do sociólogo polonês Zygmunt Bauman); relações fúteis e até inexistentes
com os pais, sem respeito e/ou comunicação com estes.
Retrato não só da
sociedade rica americana, mas da sociedade, em especial ocidental até mesmo de
países subdesenvolvidos. Não tão distante de nossa realidade. A ostentação dos
frutos dos roubos nas redes sociais e entre os conhecidos, como se nada fosse
ocorrer em termos de punição legal, e, será que ocorre a punição como deveria
ser aplicada pela Justiça?
Fica ao fim, do filme e
da história narrada, lembrem-se o roteiro é baseado em fatos verídicos, um
clima de vazio e incomunicabilidade e fragilidade de nossas relações
interpessoais no mundo contemporâneo.
No século XXI, um
século marcadamente consumista, que fazem os ricos roubarem os ricos, só para
terem cada vez mais e mais; e, aquilo que o outro já tem é o almejado, já que
eles ainda não o têm (se o tem querem cada vez mais e de grifes famosas, num
acúmulo crescente e vazio); contudo querem ter só por ter, mesmo que seja furtado
de maneira tão absurda.
Como diz a canção de
Marcelo Nova: “São noventa pessoas vestidas e prontas para o jantar/Umas vieram
em sonho outras chegaram de trem/Elas trocam apertos de mão e presentes tão
caros/Cada uma querendo o que a outra já tem”, trecho de O Fantasma de Luís
Buñuel, música do álbum O Galope do Tempo, de 2005, essa música que retrata a
obra de outro grande cineasta, crítico da burguesia do século passado, Buñuel.
(Imagine então a
realidade dos crimes cometidos por pessoas pobres e sem acesso aos meios de
emprego, educação, saúde e segurança pública? Imaginem a vida deles e os
porquês de suas atitudes? Aí são outros filmes que abordam tal realidade. O
debate será sem fim e eterno. Um caos social impera na Humanidade.).
Sofia Copolla está
construindo uma filmografia ímpar composta por películas como: As virgens
suicidas, Encontros e desencontros, Um lugar qualquer e Maria Antonieta, que
mostram o vazio, a falta de sentido existencial e a juventude transviada
pós-moderna do século XXI.
Outros temas a
incomunicabilidade (Antonioni?), a crítica ao próprio meio artístico americano,
em Hollywood, o consumismo, o feminismo, o suicídio, etc. Temas extremamente
atuais (e universais!), porém cada vez mais gritantes e emergentes que exigem
reflexão e atitude da sociedade civil mundial e das autoridades políticas do
mundo inteiro.
Sofia Copolla, hoje,
vive um mundo criativo superior ao seu pai e mestre Francis Ford Copolla (da
trilogia ímpar O Poderoso Chefão, de filmes excelentes dos anos 70 e 80, como: Apocalypse
Now e A conversação, mas que sofreu um declínio nos anos 90, chegando à
decadência com o filme Supernova).
Retomou a melhores momentos em sua carreira
com filmes longe dos grandes estúdios estadunidenses, sempre com sua própria
produtora, que também financia os projetos da filha; filmes como Tetro e
Virgínia, dirigidos por Francis Ford marcam uma melhor fase da carreira de
Copolla, quem sabe ele volte a produzir algo de valioso nesse novo século.
Pena que Sofia Copolla
demonstrou-se uma fraca atriz em O Poderosos Chefão 3, oportunidade que seu pai
lhe deu para atuar, porém fracassou. Seu destino realmente era atrás das
câmeras e como roteirista. Ainda bem para nós, cinéfilos!
Destaque também para
Roman Copolla que também sempre ajuda e escreve em parceria com os dois
cineastas, os roteiros dos filmes de seus dois parentes; e também mantém
parceria com um cineasta também genial como Wes Anderson.
Vale lembrar a amizade
da família Copolla com George Lucas, que com sua produtora de efeitos especiais,
sempre auxilia nessa área específica do cinema os projetos do clã Copolla.”.
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