sábado, 8 de novembro de 2014

“A Gangue de Hollywood – o Vazio de nossa juventude": ("The Bling Ring – A Gangue de Hollywood", de Sofia Copolla.).

“A Gangue de Hollywood – o Vazio de nossa juventude":

("The Bling Ring – A Gangue de Hollywood", de Sofia Copolla.).

(Crítica por Rafael Vespasiano.)

 ““The Bling Ring – A Gangue de Hollywood”, dirigido e roteirizado  por Sofia Copolla, é um retrato desiludido e pessimista da juventude rica americana que vive em Los Angeles. Sem rumo, sem ideias, sem sentido, apenas com foco consumista, marca da pós-modernidade, no caso, do filme, baseado em fatos reais, quatro garotas e um garoto já ricos (os pais deles, no caso, que tudo dão aos seus filhos, em termos materiais, mas não em educação e orientação), roubam casas de artistas, celebridades e subcelebridades de Hollywood.

Tornando-se também subcelebridades. Uma juventude perdida, que acaba se envolvendo com drogas cada vez mais pesadas e levam uma vida vazia, marcada por falsas aspirações e conceitos de vida; mantendo (falsas) amizades, frágeis e fugazes (líquidas nos termos do sociólogo polonês Zygmunt Bauman); relações fúteis e até inexistentes com os pais, sem respeito e/ou comunicação com estes.

Retrato não só da sociedade rica americana, mas da sociedade, em especial ocidental até mesmo de países subdesenvolvidos. Não tão distante de nossa realidade. A ostentação dos frutos dos roubos nas redes sociais e entre os conhecidos, como se nada fosse ocorrer em termos de punição legal, e, será que ocorre a punição como deveria ser aplicada pela Justiça?

Fica ao fim, do filme e da história narrada, lembrem-se o roteiro é baseado em fatos verídicos, um clima de vazio e incomunicabilidade e fragilidade de nossas relações interpessoais no mundo contemporâneo.

No século XXI, um século marcadamente consumista, que fazem os ricos roubarem os ricos, só para terem cada vez mais e mais; e, aquilo que o outro já tem é o almejado, já que eles ainda não o têm (se o tem querem cada vez mais e de grifes famosas, num acúmulo crescente e vazio); contudo querem ter só por ter, mesmo que seja furtado de maneira tão absurda.

Como diz a canção de Marcelo Nova: “São noventa pessoas vestidas e prontas para o jantar/Umas vieram em sonho outras chegaram de trem/Elas trocam apertos de mão e presentes tão caros/Cada uma querendo o que a outra já tem”, trecho de O Fantasma de Luís Buñuel, música do álbum O Galope do Tempo, de 2005, essa música que retrata a obra de outro grande cineasta, crítico da burguesia do século passado, Buñuel.

(Imagine então a realidade dos crimes cometidos por pessoas pobres e sem acesso aos meios de emprego, educação, saúde e segurança pública? Imaginem a vida deles e os porquês de suas atitudes? Aí são outros filmes que abordam tal realidade. O debate será sem fim e eterno. Um caos social impera na Humanidade.).
Sofia Copolla está construindo uma filmografia ímpar composta por películas como: As virgens suicidas, Encontros e desencontros, Um lugar qualquer e Maria Antonieta, que mostram o vazio, a falta de sentido existencial e a juventude transviada pós-moderna do século XXI.

Outros temas a incomunicabilidade (Antonioni?), a crítica ao próprio meio artístico americano, em Hollywood, o consumismo, o feminismo, o suicídio, etc. Temas extremamente atuais (e universais!), porém cada vez mais gritantes e emergentes que exigem reflexão e atitude da sociedade civil mundial e das autoridades políticas do mundo inteiro.

Sofia Copolla, hoje, vive um mundo criativo superior ao seu pai e mestre Francis Ford Copolla (da trilogia ímpar O Poderoso Chefão, de filmes excelentes dos anos 70 e 80, como: Apocalypse Now e A conversação, mas que sofreu um declínio nos anos 90, chegando à decadência com o filme Supernova).

 Retomou a melhores momentos em sua carreira com filmes longe dos grandes estúdios estadunidenses, sempre com sua própria produtora, que também financia os projetos da filha; filmes como Tetro e Virgínia, dirigidos por Francis Ford marcam uma melhor fase da carreira de Copolla, quem sabe ele volte a produzir algo de valioso nesse novo século.

Pena que Sofia Copolla demonstrou-se uma fraca atriz em O Poderosos Chefão 3, oportunidade que seu pai lhe deu para atuar, porém fracassou. Seu destino realmente era atrás das câmeras e como roteirista. Ainda bem para nós, cinéfilos!

Destaque também para Roman Copolla que também sempre ajuda e escreve em parceria com os dois cineastas, os roteiros dos filmes de seus dois parentes; e também mantém parceria com um cineasta também genial como Wes Anderson.


Vale lembrar a amizade da família Copolla com George Lucas, que com sua produtora de efeitos especiais, sempre auxilia nessa área específica do cinema os projetos do clã Copolla.”. 

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