MODERNISMO LITERÁRIO BRASILEIRO:
(ANOS DE COMBATE: 1922-1945)
(Estudo por Rafael Vespasiano).
INTRODUÇÃO
(antecedentes e vanguardas artísticas
surgidas antes da Semana de Arte Moderna de 1922):
“Este presente estudo
pretende aprofundar o post “O popular e o erudito em Cobra norato, de Raul Bopp, postado neste blog, de minha autoria,
no dia 25 de outubro do corrente ano. E fazer algumas correções do que foi dito
lá.
Em primeiro lugar,
veja-se que o movimento modernista no Brasil não se deu de forma instantânea,
ocorreu um decurso preparatório para a eclosão do estilo: Simbolismo, Pré-Modernismo,
Vanguardas Artísticas Europeias se fazendo perceber nos escritos dos autores
brasileiros do final do século XIX, início do século XX. Futurismo, Dadaísmo,
Expressionismo, Cubismo, Surrealismo, etc.
A Semana de Arte
Moderna de 1922 é o pontapé inicial do movimento como escola ou grupo(s), ou
tendências modernistas, mas todas como o valor estético de “moderno” ou “modernismo”.
Realizada em São Paulo, nos dias de 11 a 18 de fevereiro de 22, no Teatro
Municipal-, vale destacar, contudo, que autores modernistas que participaram ou
não daquela, alguns deles já tinham publicados alguns livros com tendências
modernistas e/ou revistas, artigos ou apenas travaram conhecimentos com as
ideias modernistas da Europa do início do século XX, a saber: “Oswald de
Andrade conheceu em Paris o Futurismo que Marinetti, em 1909, lançara pelas
páginas do Fígaro no famoso
Manifesto-Fundação;”. (BOSI, 2003, p. 332).
Já Manuel Bandeira,
poeta do poema “Os sapos”, lido por Ronald de Carvalho, na Semana de 22, da
qual Bandeira não quis participar diretamente, pois se considerava mais velho
que o grupo e, de fato tinha 30 anos a mais que os jovens modernistas, e já
publicara, em 1917, A cinza das horas, e,
Carnaval, em 1919. Livros neo-simbolistas,
penumbristas, sendo que o segundo livro de poemas, já marcado mais por características
antecipadoras do modernismo.
“O termo futurismo”, segundo Alfredo Bosi, “com
todas as conotações de ‘extravagância’. ‘desvario’ e ‘barbarismo’, começa a circular
nos jornais brasileiros a partir de 1914 e vira ídolo polêmico na boca dos
puristas.” [grifos do autor] (Ibidem, p. 332). Ainda segundo o
crítico-historiador Bosi:
o fato cultural
mais importante antes da Semana e que serviu de barômetro da opinião pública
paulista em face das novas tendências foi a Exposição de anita Malfatti em
dezembro de 1917. Quem lhe deu, paradoxalmente, certo relevo foi Monteiro
Lobato que a criticou de modo injusto e virulento em um artigo intitulado “Paranoia
ou Mistificação?”. Já me referi à contradição moderno-antimoderno, ou melhor,
moderno-antimodernista, que dividiu a consciência de Lobato, ele próprio
medíocre paisagista acadêmico e avesso a todas as correntes estéticas do século
XX. Anita Malfatti trazia a novidade de elementos plásticos pós-impressionistas
(cubistas e expressionistas), que assimilara em sua viagem pela Alemanha e
pelos Estados Unidos. Defenderam-na, primeiro Oswald e, pouco depois, Menotti
del Picchia; Mário de Andrade esteve entre os admiradores da primeira hora.
(Ibidem, p. 333).
O próprio Mário de
Andrade publicara, em 1917, um livro Há
uma gota de sangue em cada poema, antibelicista. “Quanto à prosa inicial de
Oswald de Andrade, padeceu também de um alto grau de hibridismo, patente não só
em Os condenados, romance de estreia,
como também nas páginas de crítica (...).”. (Ibidem, p. 333-34).
De Menotti del Picchia
já saíra vários livros oscilando do parnasiano ao “poemeto regionalista, (...),
[de] ritmo fácil e [de] (...) estofo sentimental, logo se tornou sua obra mais
lida e plenamente aceita até pelos medalhões da época” (Ibidem, p. 334), que
são as características principais do seu livro de maior sucesso à época junto
ao público, Juca Mulato.
Em suma, “também acadêmica
foi a primeira face poética de Cassiano Ricardo (Dentro da noite, 1915; Evangelho de Pã, 1917; Jardim das Hespérides,
1920), que, (...), iria renovar-se radicalmente sob a influência do
Modernismo.” (Ibidem, p. 335).”
ECLOSÃO DA SEMANA DE ARTE MODERNA
(MODERNISMO):
“É de Mário de Andrade
o indicativo mais persuasivo do Modernismo aflorando no Brasil, com o livro de
poemas, Pauliceia desvairada, “obra
conhecida pelos modernistas antes da Semana, e primeiro livro de poesia
integralmente nova.” (Ibidem, p. 336). Para acontecer a Semana de Arte Moderna
tudo estava preparado, a coesão paulista, os contatos de São Paulo com os
intelectuais do rio de Janeiro (Manuel Bandeira, Renato de Almeida,
Villa-Lobos, Ronald de Carvalho) e, até, a adesão do acadêmico pré-modernista,
mas entusiasta da renovação moderna, Graça Aranha, autor de Canaã. O Modernismo como estilo estava
maduro para começar...”
MACUNAÍMA,
O HERÓI SEM NENHUM CARÁTER – MÁRIO DE ANDRADE:
“Antes de falar da obra
de Mário de Andrade, uma obra-síntese do movimento antropofágico modernista,
falemos de alguns preâmbulos para entendermos melhor a importância de Macunaíma.
A Semana serviu de “plataforma
que permitiu a consolidação de grupos, a publicação de livros, revistas e
manifestos, numa palavra, o seu desdobrar-se em viva realidade cultural.”
(Ibidem, p. 340). Em, 1922, finalmente Mário de Andrade publica Pauliceia desvairada; vêm a lume As memórias sentimentais de João Miramar,
de Oswald de Andrade, no ano seguinte. Em 1924, O ritmo dissoluto, de Bandeira. Em 1925, A escrava que não é Isaura, também de Mário; Pau-Brasil, de Oswald; Chuva
de Pedra, de Menotti del Picchia. Em 1926, Losango cáqui, de Mário de Andrade; Vamos caçar papagaios, de Cassiano Ricardo; O estrangeiro, de Plínio Salgado. Em 1927, Amar verbo intransitivo e Clã
do Jabuti, de Mário; Estrela de Absinto,
de Oswal de Andrade. Em 1928, Macunaíma,
de Mário de Andrade - síntese de tudo que ocorrera em termos literários
modernistas até esse ano e, enumerados neste longo parágrafo -; Martim Cererê, de Cassiano Ricardo, e “a
redação inicial de Cobra Norato”
(Ibidem, p. 340), de Raul Bopp, “que só o publicaria três anos mais tarde.”
(Ibidem, p. 340).
Em maio de 22, surge a
revista Klaxon, “mensário de arte moderna” [grifos do autor] (Ibidem, p. 340). A
qual durou nove números, possuía duas linhas vanguardistas, a futurista: “a linha de experimentação
de uma linguagem moderna, aderente à civilização da técnica e da velocidade”; e
a outra tendência modernista vanguardista era: “a primitivista, centrada na liberação e na projeção das forças inconscientes,
logo ainda visceralmente romântica, na medida em que surrealismo e expressionismo são neo-romantismos radicais do século
XX.” [grifos do autor] (Ibidem, p. 340).
Contudo, a
incongruência, ou melhor, a falta de direção, de uma linha-mestra da revista Klaxon quanto às diretrizes modernistas
do movimento, levou à:
indefinição dos
dois maiores renovadores [Mário e Oswald], porém, se de um lado revela sofrível
coerência estética e incapacidade de discernir ou de escolher no turbilhão de
ismos importados da Europa, terá sua explicação no próprio contexto do
Modernismo brasileiro: dividido entre a ânsia de acertar o passo com a
modernidade da Segunda Revolução Industrial, de que o futurismo foi testemunho
vibrante, e a certeza de que as raízes brasileiras, em particular indígenas e
negras, solicitavam um tratamento estético, necessariamente primitivista. O que parece apenas
incongruência em Klaxon terá frutos
em toda a década e se chamará Macunaíma,
Pau-Brasil, Cobra Norato, Martim Cererê. [grifo meu] (Ibidem, p. 341).
Dessa forma, começam a
surgir grupos, revistas e manifestos antagônicos e rivais, mas, no fundo, com a
mesma proposta principal, em seus exemplares, o primitivismo, que deveria marcar o primeiro momento do modernismo
literário brasileiro, na busca da renovação literária e das Artes no país; a
Geração que vai de 1922-1930, a mais combativa das três gerações do Modernismo
nacional; a de 1930-1945, também é combativa, mas apenas no começo; a Geração
de 22, já fizera um estrago ao conservadorismo artístico e acadêmico brasileiro;
a Geração de 30, apenas aprofundou a renovação literária e artística proposta
pelo Modernismo para as Artes brasileiras; – já a última Geração Modernista,
que se inicia em 45 e vai, até mais ou menos, 1960, (lembrando que as
classificações literárias, de modo estanque, são relativas e servem apenas como
parâmetro, mas não como avaliação estética e estilística das obras e dos
autores de qualquer estilo literário ou artístico em geral. Pois, são
reducionistas, porém servem para podermos ter uma ideia do alcance de uma
teoria estética, de uma proposta artística, de quando começou, ou se originou e
até onde foi forte, até se esmaecer. E iniciar outra corrente estética com
outras características definidoras do estilo literário dos autores e obras que
tomam conta e lugar dos antecessores, mas sem desprezá-los, nem suas
contribuições e sempre recebendo suas influências); - encontra o terreno
modernista consolidado e pode caminhar sem necessidade de combate árduo para
provar algo que já estava amadurecido nas Letras nacionais: o Modernismo.”
QUATRO MANIFESTOS (GRUPOS)
MODERNISTAS PRIMITIVISTAS:
“Retomando a questão da
década de 20, do primitivismo:
assim, o Manifesto Pau-Brasil lançado por Oswald
de Andrade em 1924 entra por uma linha de primitivismo
anarcóide, afim às suas origens de burguês culto em perpétua disponibilidade; a
Pau-Brasil contrapõe-se uma corrente
de nacionalismo não menos mítico, cheio de apelos à Terra, à Raça, ao Sangue, o
Verde-amarelismo (1926), de Cassiano
Ricardo, Menotti del Picchia e Plínio Salgado. Este último iria enveredar por
um ideário político direitista, já “in nuce” no grupo neo-indianista da Anta, o totem dos tupis (1927), que
seria, por sua vez revidado com sarcasmo pela Revista de Antropofagia (28) de Oswald, Tarsila e Raul Bopp entre
outros, cujo Manifesto exacerba as posições de Pau-Brasil, quer regredir ao matriarcado primitivo (sic) já agora
sob sugestões de um Freud equívoco e mal deglutido. [Grifo meu] (Ibidem, p.
342-43).
O quê ficou desses quatro
grupos? Os quatro manifestos serviram para quê? Serviram para consolidar o primitivismo literário modernista, como
a primeira linha estética a ser desenvolvida pelos primeiros autores modernos
do Brasil. No post de 25 de outubro de 2014, publicado neste mesmo blog,
falamos de Cobra Norato, de Raul
Bopp, justamente o último livro publicado do movimento primitivista do modernismo brasileiro, ligado à Revista da Antropofagia de Oswald de
Andrade, o livro veio à lume em 1931. E do qual já tratamos, falemos agora de Macunaíma, de Mário de Andrade,
publicado em 1928, ligado a Pau-Brasil
e à Revista da Antropofagia, ambas
idealizadas por Oswald de Andrade. Assim, como o livro de Bopp, Macunaíma é uma obra antropofágica na essência. Assim,
afirmou o próprio escritor do Manifesto
Antropofágico, Oswald de Andrade.
Macunaíma
é uma verdadeira obra-prima, que chocou aos leitores da época, 1928, e ainda
choca, pois prova que a maioria do povo brasileiro não conhece a cultura
brasileira, suas lendas, seu folclore, etc., tanto a de origem africana, como a
indígena e também a do homem europeu / branco que colonizou o Brasil. Essa
falta de conhecimento de nossas tradições e cultura fica evidente quando não
entendemos as palavras que o autor usa no livro, nomes populares de plantas,
animais, termos indígenas e africanos de folclore e lendas / tradições. Mas
mesmo assim é importante lê-lo, para, enfim, conhecer um pouco mais da nossa
cultura, como o bumba-meu-boi, o negrinho do pastoreio, etc.
A história fica,
portanto, em segundo plano, já que o mais importante é tomamos consciência de
que não conhecemos nossa própria cultura e, que, a partir da leitura de tal
livro, comecemos a nos informar sobre nossa cultura e, dá menos valor ao
estrangeiro (EUA, ING, FRA), e valorizar mais o nosso; Evidente que tem coisas
nesses países que devemos valorizar, por que são boas e importantes estéticas e
artisticamente falando, mas deveríamos pegar estas e “degluti-las”, como diz
Oswald de Andrade, em seu Manifesto Antropofágico,
que pregava que deveríamos nos apossar do que há de melhor do estrangeiro, “devorá-lo”,
e “transformá-lo”, juntando-o à nossa cultura, em algo de valor estético tão
bom quanto ou superior esteticamente e literariamente/artisticamente.
Macunaíma
é um exemplo forte disso, como o próprio Oswald escreveu que aquele livro é um
exemplo máximo da Antropofagia e do
Futurismo, o que é certo, pois o livro tem fortes influências futuristas e antropofágicas, porém,
Mário de Andrade negava tudo isso, pois ele não gostava de rotular sua obra,
porém não há como negar que existem tais traços.
Isso também acontece em
outros livros de Mário, como: Pauliceia
Desvairada, em poemas como: “Prefácio Interessantíssimo” (crítica irônica e
sarcástica aos Parnasianos, estes eram combatidos pelos Modernistas); em Pauliceia Desvairada, é mostrado o
dia-a-dia, o cotidiano da cidade de São Paulo, verdadeira paixão de Mário, ele
mostra as máquinas (os carros), os postes de luz, as buzinas, os barulhos, etc.
Estes são todos elementos Futuristas;
“Ode ao Burguês” é um poema que ironiza a classe burguesa.
O
Café
é um livro de poemas que fala sobre a cultura cafeeira em São Paulo, sua
decadência e, por final, a falência dos Barões do Café; Lira Paulistana é um livro de poemas, em que Mário de Andrade
narra, detalha e valoriza o Rio Tietê, naquela época, este era ainda limpo e
navegável, e servia para tomar banho e pescar, mas, Mário já alertava para a
degradação iniciada sobre o Rio Tietê.
Um último detalhe sobre
a figura da personagem Macunaíma, ela é a síntese do povo brasileiro, pois o
seu nome e origem são indígenas, mas Macunaíma é negro e depois, magicamente,
torna-se branco, portanto, de forma genial e bastante original, Mário de
Andrade mostrou a formação e miscigenação do povo brasileiro, que é, justamente,
a junção do branco, do índio e do negro.”
MARTIM CERERÊ -
CASSIANO RICARDO:
“Cassiano
Ricardo é um poeta da Primeira Geração Modernista, a de 1922, que vai até 1930.
Essa Primeira Geração é de caráter essencialmente nacionalista, primitivista, como já foi afirmado mais acima o que
pode ser percebido com esse livro "Martim Cererê", publicado em 1928,
que apresenta o mito fundador do povo e do território brasileiros. Ligado ao
grupo Verde-amarelismo, lançado em Manifesto,
em 1926, por Cassiano, Plínio Salgado e Menotti del Picchia, em resposta ao Manifesto Pau-Brasil de Oswald de
Andrade. Aquele primeiro grupo prega um nacionalismo
mítico, mas não tão antagônico quanto se possa imaginar ao primitivismo Pau-Brasil de Oswald.
Aqui
se faz a correção ao post anteriormente publicado em que lá eu afirmava: “O
livro, Cobra Norato, faz parte do
movimento modernista brasileiro de (sic)
tratar dos temas populares e primitivos da cultura popular do país. Geralmente, aproximo aquele livro de poemas,
de Raul Bopp, às obras Martim Cererê,
de Cassiano Ricardo e Macunaíma, de
Mário de Andrade; os dois primeiros em verso e, Macunaíma, em prosa; três livros que deram novos rumos à Literatura
Brasileira.”.
De
fato, os três livros são primitivistas e
nacionalistas, mas pelo que eu afirmei dar a entender que os três são
ligados ao Manifesto Pau-Brasil e à
Revista da Antropofagia, ambas idealizadas por Oswald de Andrade. É só ler
o post inteiro e vocês, leitores perceberão que é isso que sugiro: os três
livros são “antropofágicos”, na
filiação a Oswald. Mas, na verdade, esta filiação é só o caso de Cobra Norato e de Macunaíma,
respectivamente, de Raul Bopp e Mário de Andrade.
Martim Cererê
é uma obra em versos, primitivista, também
nacionalista e mítica, mas filiada a um movimento contraposto à Poesia Pau-Brasil de Oswald, Cassiano
Ricardo e seu Martim Cererê, são
filiados ao grupo Verde-amarelismo. Rivais,
mas com as mesmas propostas estéticas, vejamos:
Martim
Cererê é a figura-síntese da formação do nosso povo, ela representa a miscigenação
entre brancos, negros e índios, que originou o povo brasileiro. A explicação do
nome é a seguinte: os índios nativos do Brasil tinham a lenda do Saci Pererê,
com a chegada dos portugueses ao Brasil em 1500, o nome "Saci" foi
mudado para "Martim" e, com a vinda dos escravos africanos o termo
"Pererê" transformou-se em "Cererê", constituindo a figura
do "Martim Cererê", uma figura fantasiosa, fabulosa e lírica, que
representa o mito fundador do povo brasileiro.
Outro
aspecto levantado, na obra de Cassiano, é o da constituição e estabelecimento
do território brasileiro feito pelas figuras dos bandeirantes, que desbravaram
o sertão e o interior do país, de norte a sul, leste a oeste, partindo da Vila
de São Vicente, a atual cidade de São Paulo, capital do estado de São Paulo.
O
livro valoriza muito as figuras dos bandeirantes ligados em muito à história do
estado de São Paulo. Além do mais a cidade de São Paulo, à época em que o livro
foi publicado, 1928, já era (e é) a capital econômica do país. Cassiano mostra
isso também ressaltando o comércio e as plantações de café do estado de SP,
responsáveis pela riqueza do mesmo, sendo o café paulista exportado para vários
países do mundo todo. Todo esse lado "paulista" do livro serve para
ressaltar a formação do território brasileiro (estabelecido em grande parte
pelos desbravamentos feitos pelos bandeirantes, inclusive, Cassiano escreve que
o território brasileiro é em forma de "harpa", muito poético de sua
parte!) e do povo brasileiro representado pela figura-síntese-mística do
"Martim Cererê" (junção das três etnias que constituem o povo
brasileiro, a saber: a branca europeia, a negra africana e a indígena autóctone.).
A
obra é uma aula de brasilidade e cor local, parente próximo dos livros Macunaíma - O Herói sem Nenhum Caráter,
de Mário de Andrade e, Cobra Norato,
de Raul Bopp, ambos também da Primeira Geração Modernista Brasileira. Mas,
lembrando, pela última vez, as três obras modernistas e combativas da Geração
de 22 são nacionalistas, míticas e
primitivistas, contudo, Martim Cererê do grupo Verde-amarelista, e Macunaíma
e Cobra Norato filiadas à Poesia Pau
Brasil e ao movimento Antropofágico.
Apenas para dar nomes aos bois,
pois os três livros possuem o mesmo intuito e a mesma gênese: a cultura popular
brasileira, a estrutura dos livros é baseada na formação mítica e primitivista
do nosso povo e cultura; as quais dariam a verdadeira identidade à nossa
Literatura Moderna - a cor local e a definição estética e estilística literária
do Modernismo brasileiro, em seus primeiros momentos de combate ao academicismo
ainda relutando em cair. Mas que caiu! (Caiu?!...)”.
REFERÊNCIA
BILIOGRÁFICA:
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São
Paulo: Cultrix, 2003.
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