“HOLY
MOTORS:
A PÓS-MODERNIDADE NA VISÃO FANTASIOSA, DE LEOS CARAX.”
(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO).
"Um filme difícil
de digerir, mas é imprescindível vê-lo para que possamos debater vários
assuntos pós-modernos, trata-se da película "Holy Motors", de Leos Carax. Forte, ousado, surrealista,
fantasioso, inaudito, são meros adjetivos para rotular o filme.
O que temos que
perceber é a automação das relações humanas (trabalhadas pelo sociólogo
polonês, Zygmunt Bauman, como "vidas
líquidas"), pois cada vez mais nossos sentimentos são meros atos
mecânicos. Passamos o dia fora de casa, ao retornarmos à noite para nossos
"lares", não há muito espaço e contato entre os familiares e/ou
ocupantes da mesma residência; não há diálogo (tetralogia da incomunicabilidade de Antonioni tão atual); somos
estranhos uns aos outros em nossas próprias casas; cada um dentro do seu
quarto-casa.
Outra proposta de "Holy Motors": a questão de
tudo tornar-se obsoleto de uma hora para outra, o carro, o celular, o
computador que é ótimo e avançado hoje, amanhã é um atraso. Violência e
fragmentação também fazem parte do universo de "Holy Motors", pois se trata de um filme que reflete
essas características tão típicas da pós-modernidade.
Grotesco é a
constatação a que chegamos ao fim da obra. Grotescas são as nossas vidas e
relações interpessoais nesse início de século XXI. Esquizofrênicos os nossos
sentimentos; máscaras sociais para cada momento do dia; múltiplas
personalidades dada a fragmentação em que vivemos. O filme tem certo diálogo
com o filme de Cronenberg, "Cosmópolis".
Ah, ainda trata de
questões como voyeurismo, mas já falei demais, vão ver o filme! Enfim, um filme
que mexe com a gente, pois a carapuça logo é vestida por todos os espectadores
do filme: mea culpa, minha máxima
culpa, amém!”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário