sexta-feira, 25 de setembro de 2015

ADEUS ÀS ARMAS (FRANK BORZAGE/EUA/1932): (“FILME PACIFISTA, PORÉM SEM PROFUNDIDADE”)

ADEUS ÀS ARMAS (FRANK BORZAGE/EUA/1932)

(“FILME PACIFISTA, PORÉM SEM PROFUNDIDADE”):

(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO)



“Adeus às armas, do prestigiado diretor Frank Borzage, recebeu quatro indicações ao Oscar, à época, inclusive a Melhor Filmes, mas ganhou Melhor Fotografia e Melhor Som. Porém, a intenção do filme, que seria retratar o horror da Primeira Guerra Mundial, não se concretiza, pois, a guerra, ou a crítica, ironia, não estão presentes no filme, só em breves momentos, que acabam caindo ou em cenas cômicas, ou no enredo do romance entre as personagens Gary Cooper e Helen Hayes (as personagens não são aprofundadas psicologicamente, diga-se de passagem).

O romance, inclusive, toma quase todo o tempo do filme e é mal aproveitado como argumento e história. O filme envelheceu e apesar de ser um “clássico hollywoodiano”, não se firmou com o passar dos anos, como um verdadeiro filme Clássico, ou seja, universal e que a crítica à guerra(s) torna-se um discurso anti-bélico atemporal, isso não se realiza.

                                                                           



Talvez só no final, quando a personagem de Cooper, gemendo e sussurrando diz: “paz”, repetindo o vocábulo três vezes. O enredo do filme é baseado em livro de Ernest Hemingway.”

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

"JESSE JAMES" (HENRY KING, EUA, 1939): "Nem tão herói, nem tão bandido":

"JESSE JAMES" (HENRY KING, EUA, 1939):

"Nem tão herói, nem tão bandido":

(Crítica por Rafael Vespasiano)






"Anti-western ou western psicológico. De Henry King, de 1939, "Jesse James". Com Tyrone Power, Henry Fonda, Randolph Scott, John Carradine e Lon Chaney Jr. 

King é um diretor subestimado pela maioria, mas tem diversas obras-primas. Por exemplo, este faroeste que é um exemplar raro de "bang bang" e, reflexão e crítica social, caminhando juntos. 

breve parênteses sobre;

(a trilha sonora que é excelente, no início da película, principalmente. E a fotografia coloria em Technicolor é especial.) 

 O diretor King bastante versátil, já mostrou em "Jesse James", que sabia fazer "westerns", isso só viria a se confirmar e a se aprimorar ainda mais nos faroestes futuros como, os também 'anti-westerns': "O Matador" e "Estigma da Crueldade". 

 Interessante a crítica sociopolítica de "Jesse James": em relação ao avanço inescrupuloso das ferrovias no velho oeste dos Estados Unidos da América, pós-Guerra Civil Americana. Mostra os desmandos e desrespeitos ao povo humilde estadunidense, por parte dos donos/empresários corruptos que queriam construir suas ferrovias "a qualquer custo", com a colaboração de advogados e juízes corruptos, e também cercado e protegido por pistoleiros contratados e até por xerifes vendidos aos interesses do capital das empresas ferroviárias, 


O Verdadeiro Jesse James



O filme é "bem" politizado para a época, já que critica a própria formação da sociedade americana, sendo que o filme foi feito dentro dos EUA e naquela época (e ainda hoje), os cineastas tomam "cuidado" excessivo em não mostrar os podres dos USA. Adendo: nas décadas de 1930 e 1940, os estúdios censuravam muito os seus cineastas e faziam até cortes nessas críticas, então alguns diretores criticavam e refletiam livremente sobre seu país, como Henry King, que conseguiu preservar seu filme. Porém, outros cineastas e suas obras não tiveram a mesma sorte e foram manipuladas e deturpadas, sofrendo cortes e rasuras feitas pelos produtores. 

"O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford", filme do ano de 2007, com Brad Pitt, cujo o diretor é Andrew Dominik, com certeza, viu e reviu o filme de Henry King, e, bebeu deste, suas influências e técnicas, para também realizar um primoroso anti-western, ou western psicológico, (sub)-gênero no qual se vale mais e muito mais importante e decisivo: os conflitos e dramas de consciência do que a ação e os tiroteios sem propósito. 

último parênteses:

("O retorno de Frank James", de 1940, é uma espécie de continuação de "Jesse James", dirigida pelo também sensacional cineasta, Fritz Lang, e o retorno do mesmo intérprete de Frank no filme de 39, Henry Fonda.)".

Os dois lados da mesma moeda: polícia e bandido: “Polícia, França, de 1985, de Maurice Pialat”:

“Os dois lados da mesma moeda: polícia e bandido.”

“Polícia, França, de 1985, de Maurice Pialat”:

(Crítica Por Rafael Vespasiano)



 “Gérard Depardieu é um comissário que abusa da autoridade em uma investigação que comanda, que se ilude amorosamente com Noria (Sophia Marceau, bela atuação como uma jovem individualista e fria, que não mede esforços para se dar bem, mas sempre impassível aos sentimentos alheios). O que fica é um detetive (personagem de Depardieu) solitário, que leva uma vida vazia e com drama de consciência ao final.

E o diretor Maurice Pialat (excelente condução de uma narrativa ágil, que prende o espectador e um roteiro coeso) propõe uma reflexão sobre o abuso do poder policial, corrupção da polícia (e de advogados promíscuos, neste sentido), e que "polícia" e "bandido", no filme, são moralmente parecidos, como diz a personagem de Depardieu: "os dois lados são "podres".

Horrível constatação, mas que é verossímil e perdura até os dias atuais. Em qualquer lugar do mundo. O filme ainda perpassa por uma breve reflexão (não tão aprofundada, mas bem sugestiva e até bem perceptível nas ações das personagens) de um tema já gritante na década de 1980, na França, e, ainda mais hoje, 2015: a imigração - preconceito, xenofobia, machismo, religião.

Pialat é tão genial que "toca" delicadamente no tema do machismo em relação às mulheres que resolvem seguir carreira policial e até no tema da discriminação e "bullying" sexual (assédio moral e sexual às mulheres policiais e, desrespeito à sua sexualidade). Já aflora a questão do machismo existente na religião islâmica.


Ou seja, vários fatores que fazem do filme "universal". Pouco visto e comentado, pelo que sei, mas se trata de um filme contundente e importante da cinematografia francesa da década de 80.”