quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Os dois lados da mesma moeda: polícia e bandido: “Polícia, França, de 1985, de Maurice Pialat”:

“Os dois lados da mesma moeda: polícia e bandido.”

“Polícia, França, de 1985, de Maurice Pialat”:

(Crítica Por Rafael Vespasiano)



 “Gérard Depardieu é um comissário que abusa da autoridade em uma investigação que comanda, que se ilude amorosamente com Noria (Sophia Marceau, bela atuação como uma jovem individualista e fria, que não mede esforços para se dar bem, mas sempre impassível aos sentimentos alheios). O que fica é um detetive (personagem de Depardieu) solitário, que leva uma vida vazia e com drama de consciência ao final.

E o diretor Maurice Pialat (excelente condução de uma narrativa ágil, que prende o espectador e um roteiro coeso) propõe uma reflexão sobre o abuso do poder policial, corrupção da polícia (e de advogados promíscuos, neste sentido), e que "polícia" e "bandido", no filme, são moralmente parecidos, como diz a personagem de Depardieu: "os dois lados são "podres".

Horrível constatação, mas que é verossímil e perdura até os dias atuais. Em qualquer lugar do mundo. O filme ainda perpassa por uma breve reflexão (não tão aprofundada, mas bem sugestiva e até bem perceptível nas ações das personagens) de um tema já gritante na década de 1980, na França, e, ainda mais hoje, 2015: a imigração - preconceito, xenofobia, machismo, religião.

Pialat é tão genial que "toca" delicadamente no tema do machismo em relação às mulheres que resolvem seguir carreira policial e até no tema da discriminação e "bullying" sexual (assédio moral e sexual às mulheres policiais e, desrespeito à sua sexualidade). Já aflora a questão do machismo existente na religião islâmica.


Ou seja, vários fatores que fazem do filme "universal". Pouco visto e comentado, pelo que sei, mas se trata de um filme contundente e importante da cinematografia francesa da década de 80.”

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