“Os dois lados da mesma
moeda: polícia e bandido.”
“Polícia, França, de
1985, de Maurice Pialat”:
(Crítica Por Rafael
Vespasiano)
“Gérard Depardieu é um comissário que abusa da
autoridade em uma investigação que comanda, que se ilude amorosamente com Noria
(Sophia Marceau, bela atuação como uma jovem individualista e fria, que não
mede esforços para se dar bem, mas sempre impassível aos sentimentos alheios).
O que fica é um detetive (personagem de Depardieu) solitário, que leva uma vida
vazia e com drama de consciência ao final.
E
o diretor Maurice Pialat (excelente condução de uma narrativa ágil, que prende
o espectador e um roteiro coeso) propõe uma reflexão sobre o abuso do poder
policial, corrupção da polícia (e de advogados promíscuos, neste sentido), e
que "polícia" e "bandido", no filme, são moralmente
parecidos, como diz a personagem de Depardieu: "os dois lados são
"podres".
Horrível
constatação, mas que é verossímil e perdura até os dias atuais. Em qualquer
lugar do mundo. O filme ainda perpassa por uma breve reflexão (não tão
aprofundada, mas bem sugestiva e até bem perceptível nas ações das personagens)
de um tema já gritante na década de 1980, na França, e, ainda mais hoje, 2015:
a imigração - preconceito, xenofobia, machismo, religião.
Pialat
é tão genial que "toca" delicadamente no tema do machismo em relação
às mulheres que resolvem seguir carreira policial e até no tema da
discriminação e "bullying" sexual (assédio moral e sexual às mulheres
policiais e, desrespeito à sua sexualidade). Já aflora a questão do machismo
existente na religião islâmica.
Ou
seja, vários fatores que fazem do filme "universal". Pouco visto e
comentado, pelo que sei, mas se trata de um filme contundente e importante da
cinematografia francesa da década de 80.”
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