quinta-feira, 27 de novembro de 2014

MANIFESTO PRÓ-CINEMA BRASILEIRO “(POR QUE TANTAS SALAS PARA “JOGOS VORAZES” (NO MESMO COMPLEXO, INCLUSIVE)? E APENAS DUAS SEMANAS DE EXIBIÇÃO DE “UMA PASSAGEM PARA MÁRIO”, EM APENAS UMA SESSÃO DIÁRIA, EM APENAS UMA SALA, EM TODA BRASÍLIA?).”.

MANIFESTO PRÓ-CINEMA BRASILEIRO

“(POR QUE TANTAS SALAS PARA “JOGOS VORAZES” (NO MESMO COMPLEXO, INCLUSIVE)? E APENAS DUAS SEMANAS DE EXIBIÇÃO DE “UMA PASSAGEM PARA MÁRIO”, EM APENAS UMA SESSÃO DIÁRIA, EM APENAS UMA SALA, EM TODA BRASÍLIA?).”.

(MANIFESTO REVOLTADO POR RAFAEL VESPASIANO).


“O cinema nacional sempre foi prestigiado tanto por público, quanto pela crítica especializada e bastante apreciado e premiado nos festivais internacionais de cinema. Começou com filme mudo, sim, um clássico mundial.

Com filmes institucionais e didáticos também que marcaram o início da fase sonora. Faroestes, ciclo do cangaço, adaptações cinematográficas de obras literárias (muitas péssimas, mas com o passar dos anos as adaptações ficaram excelentes tanto quanto, os livros, às vezes superiores a estes).

E os festivais brasileiros de cinema eram sempre e continuam sendo bem frequentados e com sessões lotadas.

As fases da chanchada, da Atlântida, da Vera Cruz e os filmes do Mazaroppi, além dos ciclos baiano e paraibano de cinema no final dos anos 50 e inicio dos anos 60. Sempre foram sucessos de público. É que os valores monetários dos ingressos eram muito diferentes dos de hoje, ou seja, eram muito mais baratos. Mas, os filmes eram sucessos dentro do contexto da época, sim! Inclusive, os filmes estrangeiros demoravam a chegar ao Brasil, só estreando muito tempo depois de lançados em seus países de origem. Os filmes brasileiros predominavam nas salas de cinema, em cartaz. O problema foi a censura e a falta de liberdade de expressão impostas pela Ditadura Militar Brasileira nos anos 60/70, que prejudicou muito o cinema nacional, fazendo muitos filmes bons serem censurados e interditados, passando despercebidos pelo grande público.

Mas, eles estão sendo redescobertos, agora, no século XXI, seja no dvd, nos festivais, em mostras, retrospectivas, ou canais por assinatura e, sempre com boa demanda de público interessada em ver esses filmes.

É os filmes do Cinema Novo que provocam o confronto e a reflexão contra a censura, a falta de liberdade de expressão e Ditadura Militar Brasileira. Contudo, eram filmes cifrados, herméticos, por causa da censura em cima e do AI-5 perigosíssimo de 1968. Esses filmes reflexivos tinham conteúdo e público, porém muito intelectualizado e das classes altas e que atuavam ativamente contra a Ditadura, sucessos de crítica no país e no exterior, em festivais nacionais e internacionais.

Contra esse hermetismo, veio o Cinema Marginal mais popular e com filmes de gênero (os quais sempre existiram desde a chanchada, Vera Cruz, Atlântida, Mazaroppi, como faroestes, suspenses, policiais, dramas, comédias, comédias musicais, filmes de terror, trash, terrir (este subgênero genuinamente brasileiro); aqueles três últimos subgêneros surgiram nos anos 70 e 80, com, justamente, o advento do cinema marginal, entre outros gêneros fílmicos.

Contudo o Cinema Marginal mesmo, dos anos 70, é reflexivo, mas que viviam mais à margem da produção fílmica oficial do país, alguns beirando ou refletindo sobre o desbunde; desbunde, sim, mas reflexivo e crítico, muitas vezes contra o próprio desbunde, o que mostra a importância do Cinema Marginal, que com parcos recursos orçamentários, filmes de guerrilha mesmo, realizaram produções baratas, todavia propunham reflexão política e crítica à ditadura, mas sem hermetismo intelectual do cinema novo. Diferente de certas superproduções hollywoodianas do século XXI e/ou da Globo Filmes, anos 90/2000. Não sou contra esse tipo de filme (não é minha preferência, lógico, como fica claro no meu posicionamento nesse manifesto), mas que deve existir para diversificar o público, mas este tem que tem as três opções: os filmes estrangeiros, independente do país; os filmes despretensiosos, sem preferência por nacionalidade e, os filmes reflexivos e politizados, sem preferência por país. Contudo, volto a afirmar vamos acabar com o preconceito com nosso cinema!

Porém, realmente, a fase da pornochanchada criou um preconceito no brasileiro, em relação, ao cinema feito em nosso próprio país. Apesar de existirem filmes dessa fase que se salvam e têm algo a dizer, mas, que são, realmente, à margem do sistema/fase da pornochanchada. Esses filmes dos anos 80 criaram esse preconceito, mas na época, era sucesso de público, as salas sempre estavam lotadas, lembrando que os valores de bilheteria eram irrisórios perto dos de hoje, pelo já dito valor de ingresso mais caro hoje. E era, conveniente para claudicante Ditadura e censura, filmes vazios e sem reflexão política, apenas escapistas. Nos quais, a censura cortava apenas as cenas mais “sensuais/sexuais”, mas sem sexo explícito, apenas simulado. Eróticos, sensuais, mas bastante cômicos, escapistas, contudo preconceituosos contra gays, negros, etc. Bastante sexuais, contudo sem a penetração propriamente dita. Vazios e sem reflexão, sem proposta, apenas feitos para rir e sugerir erotismo, verdadeiros desbundes extremamente alienados e preconceituosos.

A censura cortava apenas o mais agressivo e bem pesado em termos de linguagem erotismo. O resto passava, pois o público gosta e a censura/ditadura militar adorava a alienação gerada pela pornochanchada.  O cinema nacional, enfim, sempre teve público, prestígio nacional e internacional, mas os valores de bilheteria não se comparam aos de hoje pelo já exposto valor de ingresso mais barato antigamente. Mas, o cinema nacional sempre foi bom, com exceção da fase, realmente, um tanto quanto discutida, chamada pornochanchada, mas que também era sucesso de público, pois os filmes estrangeiros não passavam com tanta abundância nas salas brasileiras como acontece hoje.

O cinema nacional, enfim, merece sempre ser apreciado desde suas origens até os dias atuais. Viva o cinema brasileiro! Ele merece respeito sempre! E com a Retomada então, filmes excelentes, porcarias também da Globo Filmes, as globochanchadas, comédias besteirol vazias, com grande público, mas pouco conteúdo e gosto duvidoso.

Filmes ganhando festivais nacionais e internacionais, credibilidade da crítica, respeito de todos, parece que só nós que não darmos o verdadeiro valor ao nosso verdadeiro cinema: o cinema reflexivo, ou cômico, mas não apelativo, contemplativo, cru, de gênero, ou não, politizado, crítico. Pena, que quando chega a hora de lançar nossos filmes, mais da metade das salas de cinema do país, abrem as portas só para um filme: Jogos Vorazes: A Esperança – Parte I, legendados ou dublados, aí fode!

Ah, nossos curtas-metragens e documentários são considerados, internacionalmente, como dois gêneros de cinema, como um dos melhores do mundo, entre todos os países que produzem esses tipos de filmes, estamos respeitadíssimos pelos países do mundo, em festivais afora e também em nossos festivais. Todavia desconhecido do nosso grande público.

 Pena que nossa animação começou a se revelar tarde, mas com tudo a tempo, ganhando o principal prêmio mundial da animação em 2013 e em 2014, com dois elogiados filmes de longas-metragens de animação.

Ah, Oscar é grana tá? Deixe quieto!

Quanto ao gênero pornográfico, o primeiro de sexo explícito apareceu em 1982, com um público de 25 milhões de pessoas nos cinemas brasileiros. Complicou nosso cinema, pois a pornochanchada já estava esgotada como gênero entre o público brasileiro.

Agora, em 1982, o público brasileiro estava interessado em pornográfico mesmo, o que se produziu em abundância, mas com história, porém o fuck-fuck norte-americano que existia desde os anos 70, filmes de sexo explícito sem história invadiram os cinemas do Brasil. Daí a complicação dos anos 80. As salas ficaram borratadas de pornô brasileiro e estrangeiro, surgindo salas de cinema só especializadas em filmes de sexo explícito.

Passou tempos duros. Veio o Collor acabou o financiamento público aos filmes brasileiros que ainda tentavam fazer um cinema brasileiro digno. Demoraram seis anos para retomarmos as produções.

Vamos aproveitar nosso cinema. Vivemos tempos de ingressos caros e poucas salas, poucas semanas de exibição para um filme nacional, pouco boca-a-boca, poucas sessões, mas isso pode mudar depende do público, de nós mesmos, dialogando sobre a história do nosso cinema, um entusiasmado debate e boca-a-boca, para divulgar os bons filmes brasileiros vistos por vocês. E a pressão, os comentários e debates sobre filmes nossos, não apenas os importados, ou o Oscar, né?

Debater o espaço do nosso cinema nas salas de cinema e não apenas filmes hollywoodianos. Vamos debater o cinema mundial, mas o nosso também, assim vamos apreciar o estrangeiro, porém o nosso também.


VIVA O CINEMA BRASILEIRO!!!!!!!!”.

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