MANIFESTO PRÓ-CINEMA BRASILEIRO
“(POR QUE TANTAS SALAS PARA “JOGOS VORAZES” (NO MESMO COMPLEXO,
INCLUSIVE)? E APENAS DUAS SEMANAS DE EXIBIÇÃO DE “UMA PASSAGEM PARA MÁRIO”, EM
APENAS UMA SESSÃO DIÁRIA, EM APENAS UMA SALA, EM TODA BRASÍLIA?).”.
(MANIFESTO REVOLTADO POR RAFAEL VESPASIANO).
“O cinema
nacional sempre foi prestigiado tanto por público, quanto pela crítica
especializada e bastante apreciado e premiado nos festivais internacionais de
cinema. Começou com filme mudo, sim, um clássico mundial.
Com filmes
institucionais e didáticos também que marcaram o início da fase sonora.
Faroestes, ciclo do cangaço, adaptações cinematográficas de obras literárias
(muitas péssimas, mas com o passar dos anos as adaptações ficaram excelentes
tanto quanto, os livros, às vezes superiores a estes).
E os
festivais brasileiros de cinema eram sempre e continuam sendo bem frequentados
e com sessões lotadas.
As fases da
chanchada, da Atlântida, da Vera Cruz e os filmes do Mazaroppi, além dos ciclos
baiano e paraibano de cinema no final dos anos 50 e inicio dos anos 60. Sempre
foram sucessos de público. É que os valores monetários dos ingressos eram muito
diferentes dos de hoje, ou seja, eram muito mais baratos. Mas, os filmes eram
sucessos dentro do contexto da época, sim! Inclusive, os filmes estrangeiros
demoravam a chegar ao Brasil, só estreando muito tempo depois de lançados em
seus países de origem. Os filmes brasileiros predominavam nas salas de cinema,
em cartaz. O problema foi a censura e a falta de liberdade de expressão
impostas pela Ditadura Militar Brasileira nos anos 60/70, que prejudicou muito
o cinema nacional, fazendo muitos filmes bons serem censurados e interditados,
passando despercebidos pelo grande público.
Mas, eles
estão sendo redescobertos, agora, no século XXI, seja no dvd, nos festivais, em
mostras, retrospectivas, ou canais por assinatura e, sempre com boa demanda de
público interessada em ver esses filmes.
É os filmes
do Cinema Novo que provocam o confronto e a reflexão contra a censura, a falta
de liberdade de expressão e Ditadura Militar Brasileira. Contudo, eram filmes
cifrados, herméticos, por causa da censura em cima e do AI-5 perigosíssimo de
1968. Esses filmes reflexivos tinham conteúdo e público, porém muito
intelectualizado e das classes altas e que atuavam ativamente contra a Ditadura,
sucessos de crítica no país e no exterior, em festivais nacionais e internacionais.
Contra esse
hermetismo, veio o Cinema Marginal mais popular e com filmes de gênero (os
quais sempre existiram desde a chanchada, Vera Cruz, Atlântida, Mazaroppi, como
faroestes, suspenses, policiais, dramas, comédias, comédias musicais, filmes de
terror, trash, terrir (este subgênero genuinamente brasileiro); aqueles três
últimos subgêneros surgiram nos anos 70 e 80, com, justamente, o advento do
cinema marginal, entre outros gêneros fílmicos.
Contudo o
Cinema Marginal mesmo, dos anos 70, é reflexivo, mas que viviam mais à margem
da produção fílmica oficial do país, alguns beirando ou refletindo sobre o
desbunde; desbunde, sim, mas reflexivo e crítico, muitas vezes contra o próprio
desbunde, o que mostra a importância do Cinema Marginal, que com parcos
recursos orçamentários, filmes de guerrilha mesmo, realizaram produções
baratas, todavia propunham reflexão política e crítica à ditadura, mas sem
hermetismo intelectual do cinema novo. Diferente de certas superproduções
hollywoodianas do século XXI e/ou da Globo Filmes, anos 90/2000. Não sou contra
esse tipo de filme (não é minha preferência, lógico, como fica claro no meu
posicionamento nesse manifesto), mas que deve existir para diversificar o
público, mas este tem que tem as três opções: os filmes estrangeiros,
independente do país; os filmes despretensiosos, sem preferência por
nacionalidade e, os filmes reflexivos e politizados, sem preferência por país.
Contudo, volto a afirmar vamos acabar com o preconceito com nosso cinema!
Porém,
realmente, a fase da pornochanchada criou um preconceito no brasileiro, em
relação, ao cinema feito em nosso próprio país. Apesar de existirem filmes
dessa fase que se salvam e têm algo a dizer, mas, que são, realmente, à margem
do sistema/fase da pornochanchada. Esses filmes dos anos 80 criaram esse
preconceito, mas na época, era sucesso de público, as salas sempre estavam
lotadas, lembrando que os valores de bilheteria eram irrisórios perto dos de
hoje, pelo já dito valor de ingresso mais caro hoje. E era, conveniente para
claudicante Ditadura e censura, filmes vazios e sem reflexão política, apenas
escapistas. Nos quais, a censura cortava apenas as cenas mais “sensuais/sexuais”,
mas sem sexo explícito, apenas simulado. Eróticos, sensuais, mas bastante
cômicos, escapistas, contudo preconceituosos contra gays, negros, etc. Bastante
sexuais, contudo sem a penetração propriamente dita. Vazios e sem reflexão, sem
proposta, apenas feitos para rir e sugerir erotismo, verdadeiros desbundes
extremamente alienados e preconceituosos.
A censura cortava
apenas o mais agressivo e bem pesado em termos de linguagem erotismo. O resto
passava, pois o público gosta e a censura/ditadura militar adorava a alienação
gerada pela pornochanchada. O cinema nacional,
enfim, sempre teve público, prestígio nacional e internacional, mas os valores
de bilheteria não se comparam aos de hoje pelo já exposto valor de ingresso
mais barato antigamente. Mas, o cinema nacional sempre foi bom, com exceção da
fase, realmente, um tanto quanto discutida, chamada pornochanchada, mas que
também era sucesso de público, pois os filmes estrangeiros não passavam com
tanta abundância nas salas brasileiras como acontece hoje.
O cinema
nacional, enfim, merece sempre ser apreciado desde suas origens até os dias
atuais. Viva o cinema brasileiro! Ele merece respeito sempre! E com a Retomada
então, filmes excelentes, porcarias também da Globo Filmes, as globochanchadas,
comédias besteirol vazias, com grande público, mas pouco conteúdo e gosto
duvidoso.
Filmes
ganhando festivais nacionais e internacionais, credibilidade da crítica,
respeito de todos, parece que só nós que não darmos o verdadeiro valor ao nosso
verdadeiro cinema: o cinema reflexivo, ou cômico, mas não apelativo,
contemplativo, cru, de gênero, ou não, politizado, crítico. Pena, que quando
chega a hora de lançar nossos filmes, mais da metade das salas de cinema do
país, abrem as portas só para um filme: Jogos Vorazes: A Esperança – Parte I,
legendados ou dublados, aí fode!
Ah, nossos
curtas-metragens e documentários são considerados, internacionalmente, como
dois gêneros de cinema, como um dos melhores do mundo, entre todos os países
que produzem esses tipos de filmes, estamos respeitadíssimos pelos países do
mundo, em festivais afora e também em nossos festivais. Todavia desconhecido do
nosso grande público.
Pena que nossa animação começou a se revelar
tarde, mas com tudo a tempo, ganhando o principal prêmio mundial da animação em
2013 e em 2014, com dois elogiados filmes de longas-metragens de animação.
Ah, Oscar é
grana tá? Deixe quieto!
Quanto ao gênero
pornográfico, o primeiro de sexo explícito apareceu em 1982, com um público de
25 milhões de pessoas nos cinemas brasileiros. Complicou nosso cinema, pois a
pornochanchada já estava esgotada como gênero entre o público brasileiro.
Agora, em
1982, o público brasileiro estava interessado em pornográfico mesmo, o que se
produziu em abundância, mas com história, porém o fuck-fuck norte-americano que
existia desde os anos 70, filmes de sexo explícito sem história invadiram os
cinemas do Brasil. Daí a complicação dos anos 80. As salas ficaram borratadas
de pornô brasileiro e estrangeiro, surgindo salas de cinema só especializadas
em filmes de sexo explícito.
Passou
tempos duros. Veio o Collor acabou o financiamento público aos filmes
brasileiros que ainda tentavam fazer um cinema brasileiro digno. Demoraram seis
anos para retomarmos as produções.
Vamos aproveitar
nosso cinema. Vivemos tempos de ingressos caros e poucas salas, poucas semanas
de exibição para um filme nacional, pouco boca-a-boca, poucas sessões, mas isso
pode mudar depende do público, de nós mesmos, dialogando sobre a história do
nosso cinema, um entusiasmado debate e boca-a-boca, para divulgar os bons
filmes brasileiros vistos por vocês. E a pressão, os comentários e debates
sobre filmes nossos, não apenas os importados, ou o Oscar, né?
Debater o
espaço do nosso cinema nas salas de cinema e não apenas filmes hollywoodianos.
Vamos debater o cinema mundial, mas o nosso também, assim vamos apreciar o estrangeiro,
porém o nosso também.
VIVA O CINEMA BRASILEIRO!!!!!!!!”.
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