NINHO
DE COBRAS: UMA HISTÓRIA MAL CONTADA, de
LÊDO IVO:
“(Vargas e a Ditadura disfarçada de
boas intenções.).”
(Resenha por Rafael Vespasiano).
“Lêdo
Ivo é um orgulho para as Letras Alagoanas e para o Brasil, ele é um escritor
contemporâneo, que se notabiliza pelos seus livros de poemas, mas “Ninho de
Cobras”, na verdade, é um ótimo romance, publicado em 1973.
O
romance se passa durante a Ditadura de Vargas, denominada Estado Novo, que
durou de 1937-1945, contudo, na verdade, o romancista também queria comparar e
criticar aquela Ditadura, com a “atual” (1973), que estava em curso no Brasil,
desde 1964, a Ditadura Militar, a qual durou até 1985 - como a crítica não
poderia ser feita de forma explícita, por causa da censura, Lêdo Ivo manteve o
tema, mas mudou a época, voltando-se para o passado, porém sem aliviar o ataque
a nenhuma das duas ditaduras.
“Ninho
de Cobras” passa-se em Maceió, capital alagoana. O romancista faz um retrato
fiel da capital, em termos geográficos, inclusive, conta um pouco da História
Oficial de Maceió, incluindo ilustres personagens da cidade e aborda também
aspectos econômicos da capital.
O
livro apesar de mostrar as qualidades naturais de Alagoas, apresenta outros
aspectos que as ofuscam, dado o mau-caratismo da maioria dos cidadãos
alagoanos, representado por grande parte das personagens retratadas no romance.
Pessoas corruptas, egoístas, egocêntricas, megalomaníacas, fúteis, adúlteras,
mesquinhas, arrogantes, interesseiras, intrigueiras, ou seja, um verdadeiro
“Ninho de Cobras”, que é a grande metáfora do romance.
O
livro ainda toca no tema do chamado “Sindicato da Morte”, que fazia justiça com
as próprias mãos, em Alagoas, decidindo quem era inocente ou culpado e,
aplicando também a pena (morte), caso o sujeito fosse considerado culpado.
Uma
obra-prima de Lêdo Ivo. Um clássico do romance regionalista nordestino (mas,
vai além dessa mera classificação estanque, pois o romance é universal e tão
atual, não é?!). Um retrato desolador de Alagoas, do nordeste, do Brasil, do
mundo (do século XX e também do início do século XXI). Crítica a qualquer
regime totalitário, que, segundo Ivo, é sempre opressor!”.
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