quinta-feira, 2 de julho de 2015

(CEGA OBSESSÃO (YASUZO MASUMURA, JAPÃO, 1969): (“A OBSESSÃO ARTÍSTICA E SEXUAL EM BUSCA DO BELO”)

(CEGA OBSESSÃO (YASUZO MASUMURA, JAPÃO, 1969):


(“A OBSESSÃO ARTÍSTICA E SEXUAL EM BUSCA DO BELO”):

(RESENHA POR RAFAEL VESPASIANO)

Sequestro, obsessão, loucura que levam a trama do filme a um desfecho forte, violento, sádico, trágico. Altamente psicológico (tensão), “Cega obsessão” é uma obra que serve até como parâmetro para os filmes de gênero “thriller-suspense”.

O protagonista masculino é um artista plástico cego, que mora com a mãe, esta o ajuda a sequestrar uma mulher com o intuito de que a garota se torne modelo para uma escultura daquele.

A modelo, Aki, é famosa, servindo como molde (corpo) de material para a obra de um escultor que a venera. Michio frequenta o museu no qual as esculturas do outro artista estão expostas e admira as formas da modelo esculpidas, tocando-as, acariciando-as, o que leva a um desejo carnal por Aki.

Sequestra-a e leva-a para sua casa, e, Michio recebe o apoio da mãe, que o ajuda em manter Aki presa pelo tempo em que o artista deverá esculpi-la.

Um pólo para se compreender o enredo é procurar simpatizar com o escultor-sequestrador e, também, perceber o desespero da modelo. A obsessão de Michio por Aki é ressaltado como um amor distorcido, possessivo e obsessivo muito mais do que como fonte de perigo, contudo. A trama da obra força o espectador a aceitar sua atitude como única forma de realizar sua obra de arte máxima. Porém, Aki está em completo desespero sem saber como será o fim de toda aquela situação, que para ela é uma sádica tortura. Ela tenta fugir várias vezes, as quais são fotografadas de maneia bastante teatral -, nessas fugas, a modelo corre, desesperadamente, do escultor-, os dois percorrem um espaço do ateliê, transitando entre esculturas imensas, ao escalar corpos nus de gesso. Até suas fugas não têm caráter tão negativo, já que ela parece divertir-se, numa ambiência escura e amedrontadora.

A imagem da mãe, vale ressaltar, é de uma figura de opressão não só para a modelo, mas também para o filho.

Enfim, o clímax do filme é o momento de união entre Aki e Michio – ela cede e se entrega a ele aos poucos, quando planeja se fingir apaixonada para gtentar mais uma fuga. A prisioneira acaba por passar a amar o sequestrador e, escolhe vvicar ao seu lado a ter sua liberdade de volta.
Ao final, os dois se unem carnalmente, numa descaracterização humana. Então, o clímax se desenrola aos poucos e o seu ápice é a loucura plena, na qual as consequências e as personagens cercadas pelos desejos mais primitivos e instintivos primários, por meio da dor levam ao extremo a sua atitude de “amar”.

Vale ressaltar o contexto histórico japonês, em que “Cega Obsessão” foi lançado, visto que a película surgiu numa época em que o Japão estava fortemente relacionado ao drama e a tensão sexual (basta citar “O Império dos sentidos”, que é da mesma época).”


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