A LANÇA ENSANGUENTADA (TOMU
UCHIDA/JAPÃO/1955):
(“UMA MISCELÂNEA DE SUBGÊNEROS: FILME
DE SAMURAIS, COMÉDIA E ROAD-MOVIE”):
(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO).
“Neste
clássico chambara dirigido por Tomu Uchida tem-se um belíssimo exemplar de
filme de samurais, que foge do lugar-comum, pois, primeiro, não mostra muitas
batalhas e duelos e, segundo, inova o gênero chambara a misturar outros
subgêneros cinematográficos, como comédia e road-movie. No caso do enredo, um
samurai jovem e que gosta de beber, tornando-se um verdadeiro beberrão,
desloca-se com seus dois vassalos por um caminho rumo à cidade de Edo (Tóquio,
hoje), nessa travessia uma série de figuras e situações aparecem e ocorrem, são
personagens de todos os tipos que geram vários acontecimentos inusitados
(melodramáticos). Uchida realiza em 55 uma segunda versão desse título, a
primeira é de 1927.
Uchida
é um dos grandes cineastas nipônicos, contudo, pouco conhecido no Ocidente, mas
uma das suas mais relevantes características é a versatilidade. Por isso mesmo,
em “A lança ensanguentada”, mistura vários gêneros fílmicos, comédia e
road-movie, são os mais evidentes, porém, sempre em consonância com as
tradições culturais do Japão e o contexto da época.
Na
trama, tem-se uma personagem importante que é o Lanceiro, figura dos clãs de
samurais muito importante para as batalhas que se travam, porém, os lanceiros
não tinham o mesmo status social que os espadachins, de qualquer forma os
lanceiros eram fieis aos seus suseranos, dentro clã de samurais a que
pertencia. O que diferencia também essa película das demais obras chambaras da
época, é que o samurai trata de igual para igual o seu Lanceiro, já que os
outros samurais achavam vergonhoso esse tipo de situação, eles faziam questão
de ressaltar sua distinção hierárquica e superior no estrato social do Japão
feudal.
Mas,
no caso, do Samurai e do Lanceiro, de A lança ensanguentada, a fidelidade deste
não se deve ao status hierárquico, mas por um laço mais forte (e humano): a
amizade. Este tipo de relação humana, social e de valor moral é salientada pelo
diretor Uchida como uma forma de valorizar tão bela relação interpessoal, mais
um filme que mostra toda a sabedoria oriental. Grande filme!”
LINK DE REFERÊNCIA PARA ESTA APRECIAÇÃO:
POR
– GABRIEL VINCE:
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