quinta-feira, 16 de novembro de 2017

O Último Chá do General Yen (Frank Capra, EUA, 1932):

O Último Chá do General Yen (Frank Capra, EUA, 1932):

Por Rafael Vespasiano.




“Frank Capra fugiu de sua típica filmografia ao realizar este filme muito interessante, O Último Chá do General Yen, em 1932. Esta película tem um quê de perversidade, diferente da maioria dos grandes filmes e mais conhecidos de Capra, reconhecidos por sua grande idealização e otimismo.
O Último Chá do General Yen é necessário e indispensável para qualquer cinéfilo para conhecer e entender o início da carreira cinematográfica de Frank Capra. Yen pouco depois de uma série de outros filmes do começo da carreira ajuda a contextualizá-lo melhor e torná-lo menos um objeto estranho na carreira do diretor.
Capra é um diretor que só pode pertencer aos anos 1930, porém, nunca ficou datado com seus filmes (são raríssimas exceções deste fato), Capra é um cineasta clássico e, portanto, universal por excelência.
Yen é o primeiro das grandes figuras que fascinam o diretor, mas sua concepção permanece mais distante e indecifrável de que nos filmes posteriores, muito pela relação estranha que ele mantém pela ideia do outro. Já que General Yen é uma fábula sobre o desejo missionário no qual o orientalismo é menos usado pelo seu fascínio do que para desenvolver um jogo de dualidades dinâmicas entre o fracasso do missionarismo, pois este é inseparável da constatação de que o estrangeiro não é o general oriental, mas a missionária ocidental.
As sequências menos interessantes de O Último Chá do general Yen podem ser aquelas em que reduzem o filme a um jogo ideológico entre Stanwyck e Nils Ashter (ambos extraordinários, e é uma pena que o incômodo da presença politicamente incorreta do dinamarquês Ashter como um general chinês atrapalhe o reconhecimento do trabalho dele aqui), mas elas permanecem graças a concepção geral do filme.

O Último Chá do General Yen é um romance entre etnias diferentes, previsto nos esforços da mulher branca de negar o seu desejo e na capacidade da imagem cinematográfica de desnudá-lo. General Yen é na sua essência um filme de relativa sensualidade sugestiva, que está no seu melhor quando a câmera (um dos melhores trabalhos de Joseph Walker) isola Ashter e Stanwyck no quadro e torna o desejo deles palpável. Yen é um dos raros filmes nos quais a figura objetivada pela câmera é quase sempre o homem. Enfim, o tom sugerido de brutalidade e da perversidade do filme vem do reconhecimento desta ideia. ” 




Nenhum comentário:

Postar um comentário