O Último Chá do General Yen (Frank Capra, EUA, 1932):
Por Rafael Vespasiano.
“Frank
Capra fugiu de sua típica filmografia ao realizar este filme muito
interessante, O Último Chá do General Yen,
em 1932. Esta película tem um quê de perversidade, diferente da maioria dos
grandes filmes e mais conhecidos de Capra, reconhecidos por sua grande
idealização e otimismo.
O Último Chá do General Yen é
necessário e indispensável para qualquer cinéfilo para conhecer e entender o
início da carreira cinematográfica de Frank Capra. Yen pouco depois de uma
série de outros filmes do começo da carreira ajuda a contextualizá-lo melhor e
torná-lo menos um objeto estranho na carreira do diretor.
Capra é
um diretor que só pode pertencer aos anos 1930, porém, nunca ficou datado com seus
filmes (são raríssimas exceções deste fato), Capra é um cineasta clássico e,
portanto, universal por excelência.
Yen é o
primeiro das grandes figuras que fascinam o diretor, mas sua concepção
permanece mais distante e indecifrável de que nos filmes posteriores, muito
pela relação estranha que ele mantém pela ideia do outro. Já que General Yen é uma fábula sobre o desejo
missionário no qual o orientalismo é menos usado pelo seu fascínio do que para
desenvolver um jogo de dualidades dinâmicas entre o fracasso do missionarismo,
pois este é inseparável da constatação de que o estrangeiro não é o general
oriental, mas a missionária ocidental.
As sequências
menos interessantes de O Último Chá do
general Yen podem ser aquelas em que reduzem o filme a um jogo ideológico
entre Stanwyck e Nils Ashter (ambos extraordinários, e é uma pena que o incômodo
da presença politicamente incorreta do dinamarquês Ashter como um general
chinês atrapalhe o reconhecimento do trabalho dele aqui), mas elas permanecem
graças a concepção geral do filme.
O Último Chá do General Yen é um
romance entre etnias diferentes, previsto nos esforços da mulher branca de
negar o seu desejo e na capacidade da imagem cinematográfica de desnudá-lo. General Yen é na sua essência um filme
de relativa sensualidade sugestiva, que está no seu melhor quando a câmera (um
dos melhores trabalhos de Joseph Walker) isola Ashter e Stanwyck no quadro e
torna o desejo deles palpável. Yen é
um dos raros filmes nos quais a figura objetivada pela câmera é quase sempre o
homem. Enfim, o tom sugerido de brutalidade e da perversidade do filme vem do
reconhecimento desta ideia. ”
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