“UM FILME DE SUPER-HEROÍNA
NA ESSÊNCIA”:
Mulher
Maravilha
- 2017 (Patty Jenkins):
(Por Rafael Vespasiano).
“As
adaptações cinematográficas pós-modernas do Universo sempre foram problemáticas
ou ao menos com filmes falhos ou irregulares. Breve histórico: a tetralogia original do Superman, todos os
filmes irregulares e o quarto péssimo. Mesmo com os excelentes e/ou
carismáticos Gene Hackman e Christopher Reeve. A tetralogia original do Batman
tem os dois primeiros filmes dirigidos por Tim Burton como salvação, pois o péssimo
diretor Joel Schumacher acabou com a série com os filmes seguintes. Vilões e
vilãs e atores e atrizes subaproveitados e que detonou no conjunto a série.
Não falarei de séries animadas que já
vinham desde a televisão; alguns telefilmes e séries live-action: Adam West é o
Cara! Muito menos falarei das séries dos dois tipos e curtas da netflix e etc.,
pois estas nenhuma vi.
Mulher
Maravilha -
2017 (Patty Jenkins, diretora de Monster – Desejo Assassino, quando o/a
cineasta é excelente a expectativa é grande por isso também; apesar, por
exemplo das decepções causadas pelos ótimos cineastas Ang Lee, em O Incrível
Hulk, e, Kenneth Branagh, com o primeiro Thor, ambos filmes do outro Universo Marvel -,
porém aí é outro papo, que disseram até que um diretor o primeiro do cinema tipicamente
de arte e o outro é shakespeariano.). Mas, e a Jenkins? Conciliou o cinemão, a
qualidade fílmica e de roteiro e o cinema de certa reflexão em alguns âmbitos
do texto/filme e contexto social/enredo/Humanidade séculos, já vividos até 2017,
e o porvir.
A
questão, na verdade, é que estamos diante da melhor adaptação da DC desde
Batman - O Cavaleiro das Trevas (trilogia maravilhosa de Nolan), uma produção
que surge para dar nova vida ao novo universo da companhia, prejudicado pelo péssimo
Batman Vs Superman - A Origem Da Justiça e pelo horrível Esquadrão Suicida.
Mulher-Maravilha
é o primeiro filme-solo de uma heroína a ganhar as telas desde o tenebroso
Elektra, em 2004. Mas naqueles idos as adaptações de HQs num mundo
pré-universos Marvel e DC, não eram tão levadas a sério, em especial no que se
revela na ligação e continuidade entre filmes de heróis diferentes e a formação
de suas super-eguipes.
E
se a Marvel foi mais rápida ao reunir seus principais super-heróis em uma só
obra, a DC venceu a corrida para lançar o primeiro filme-solo com uma
protagonista feminina, mostrando que a concorrência errou ao não se render aos
apelos por um longa da Viúva Negra, por exemplo. Oh, agora Inez é morta, Camões....
Ah, não esqueçamos o desastroso Mulher Gato, com Halle Berry e Sharon Stone, um
filme com todo tipo de defeitos e até de machismo evidente.
Mulher
Maravilha é uma história de origem, mas que não
deixa de apresentar sua ligação com o universo da Liga da Justiça ao trazer
breves momentos passados nos dias atuais. A maior parte da trama, no entanto,
ocorre no passado. Somos logo apresentados a uma pequenina Diana, princesa das
Amazonas, que vive numa ilha isolada do mundo. Ela sonha em treinar para se
tornar uma brava amazona, mas é proibida pela mãe (Connie Nielsen), que teme em
ver a filha em combate. A jovem, entretanto, busca a ajuda da tia (Robin
Wright) para completar seu treinamento.
Treinamento
que se mostrará bem-vindo quando, anos mais tarde, um avião cai na costa da
ilha e Diana (Gal Gadot) é obrigada a socorrer o piloto, o espião britânico
Steve Trevor (Chris Pine). Ela consegue retirá-lo do mar, mas logo descobre que
ele era parte de um conflito muito maior, que ameaçava todo mundo, a Primeira
Guerra Mundial. Tomada pela missão e pela vontade de proteger a humanidade,
Diana decide contrariar a mãe e seguir com Steve para o campo de batalha.
Na
verdade, há uma celebração do fantástico, principalmente ao investir numa
abordagem menos realista, que envolve diretamente um cenário mitológico. A
diretora Patty Jenkins preferiu investir num humor natural e privilegiando
cenas com boa iluminação. Fotografia é cinema em essência, devemos sempre
observar alguns enquadramentos, que por exemplo em Mulher Maravilha são em sua
maioria ‘delicados’ e têm um porquê de ser e aparecerem na tela.
“Falando
nas cenas de ação, são vários os confrontos. E todos muito empolgantes, principalmente
pela postura central de Diana. Em determinado momento, ela é informada por
Steve que nenhum homem conseguiria atravessar tal campo de batalha. Um roteiro
mais piegas colocaria ela respondendo: “eu sou uma mulher”. Mas o filme não
precisa disso. A postura e atitude da personagem fala por si só. ” (Lucas
Salgado).
Sempre
que uma película tem como viés uma temática de reprensitividade, Mulher-Maravilha
tem o foco no protagonismo feminino, mas não só isso. O filme mantém e
abrange brevemente a questão da cor da pele, com um personagem que não consegue
seguir seu sonho por causa da cor de sua pele. Também trata de sexualidade de
forma inovadora para filmes de super-heróis, mais ainda pela inovação e
primazia nessas questões para filmes de super-heroínas.
Patty
Jenkins, que já havia se destacado em Monster - Desejo Assassino e na
série The Killing, cai como uma luva no mundo dos super-herói. O
filme funciona como ação, como fantasia, como aventura e até mesmo como
romance. Trata de um amor entre pessoas, mas também de um amor altruísta pela
humanidade. É de fundamental importância por desenvolver uma protagonista que é
forte e determinada, mas também sensível e capaz de amar.
Sempre
ponto de divergência na guerra Marvel x DC, o humor está presente no novo
longa. E se revela extremamente importante na construção da personagem e de sua
relação com Steve. O humor humaniza Diana, reforçando sua inocência de alguém
que viveu isolada do mundo e que, agora, vê prazer em pequenas coisas, como num
sorvete.
O
roteiro inclusive é tão bom, em especial na questão de jamais usar o nome
Mulher-Maravilha. Não há momentos de auto ostentação. Diana fala por si só. Nos
últimos anos, Jenkins se destacou mais com séries do que no cinema.
Aproveitando o bom momento da TV estadunidense, ela se cercou de profissionais
de trabalham em séries em WW, como o diretor de fotografia Matthew
Jensen, que é um ponto de destaque deste filmão, com boas cenas em todos os
sentidos de abordagem e ângulos das câmeras.
“Muita
gente vai diminuir algumas questões do filme e, como dito lá no começo,
trata-lo apenas como um filme de super-herói. Mas não se engane! Não é
coincidência que o primeiro filme de super-heroína dirigido por uma mulher ser
também o primeiro a oferecer uma protagonista que não seja mero símbolo sexual.
Há uma clara preocupação na mensagem que está sendo transmitida. E, melhor, tal
transmissão é bem-sucedida. ” (Lucas Salgado). ”
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