quarta-feira, 17 de outubro de 2018

O Cantor de Jazz (Alan Crosland, EUA, 1927) e os Primeiros Filmes Falados:


O Cantor de Jazz (Alan Crosland, EUA, 1927) e os Primeiros Filmes Falados:

                                                              Poster.

O filme dirigido por Crosland estreou na cidade de Nova York, inaugurando a era sonora, porém o primeiro longa-metragem totalmente falado foi Luzes de Nova York, de Bryan Foy, que foi lançado em Nova York, em 1928. Ele foi um fiasco de críticas, mas sucesso de público, arrecadou em sua primeira semana de exibição 47 mil dólares.
Mas já em 1921, D. W. Griffth fracassou com sua obra Dream Street, que originalmente foi lançado como filme mudo e em versão sonorizada dias depois de sua estreia oficial.
Já na Inglaterra, em 1929, Alfred Hitchcock lançou seu décimo-segundo filme como diretor, Chantagem e Confissão, que originalmente era para ser lançado como filme mudo para foi sonorizado, hoje existem as duas versões.
Em 1930, na Alemanha Josef von Sternberg nos entrega sua obra-prima, O Anjo Azul, protagonizado por Emil Jannings e Marlene Dietrich. É o primeiro filme falado de Sternberg. Em 1931, Pabst adapta o texto de Bertolt Bretch, A ópera dos três vinténs, com elencos diferentes para suas duas versões, uma em língua alemã, outra de língua francesa. M., de Fritz Lang, é o primeiro filme falado deste cineasta, lançado em 1931, o filme poderia usar o ‘som’ em 100% do filme, mas para redução de custos foi utilizado em apenas dois terços da película. O uso da narração, contudo, tornou seu clímax angustiante e foi inovador à época, o mesmo efeito não se obteria com o uso de intertítulos à hora do tribunal a julgar Peter Lorre.   
Já na França, também no ano de 1930, René Clair realiza o musical, Sob os tetos de Paris, primeiro exemplar do cinema francês falado a alcançar sucesso mundial.
O Cantor de Jazz é estrelado por Al Jolson e foi lançado nos EUA em 23 de outubro de 1927, produzido pela Warner Bros. O improviso de Jolson “Você ainda não ouviu nada”, frase pronunciada na canção, Dirty hands, Dirty face, interpretada por Jack Robin, originalmente um Cantor de cânticos litúrgicos judeus, ao menos este era o desejo de seu pai Rabinowitz, porém o jovem Jackie tem a alma e as lágrimas na voz do Jazz, porém, o Jazz não é bem o JAZZ que conhecemos hoje, nos filmes da época são baladas sentimentais e apresentações à moda antiga, vale lembrar que o negro  não  tinha protagonismo à época, por isso os  cantores de Jazz dos filmes, assim como Al Jolson se pintavam de preto.
O filme de Crosland só sincronizou a voz e as canções, mas com o improviso citado iniciou-se o “Cinema Falado”. Muitos acreditavam que este diminuiria a arte cinematográfica, assim como a fotografia preto-e-branco substituída pela colorida causaria um efeito destruidor para a Sétima Arte. Isso não aconteceu, esta sobrevive com outras experimentações e até hoje dilemas mais apocalípticos nos dias de hoje, no século XXI.   
O primeiro filme sonoro comercial na verdade estreou em 1926, quando a Warner Bros, lançou Don Juan, usando o sistema Vitaphone. Dirigido também por Crosland, era um filme de capa e espada, com John Barrymore.
Mais foi mesmo com O Cantor de Jazz, de Alan Crosland que tornou o cinema falado uma realidade totalmente irreversível para a Sétima Arte. Embora não seja realmente um filme falado, há trilha sonora, mas com apenas duas sequências com diálogos falados, no mais os diálogos são representados com os tradicionais intertítulos do cinema mudo. Porém, o segredo do sucesso são justamente estas duas cenas.
Portanto, e segundo o produtor Darrly O. Zanuck: “O Cantor de Jazz trouxe o som, [já] Luzes de Nova York trouxe diálogos. Depois disso, tudo mudou. ”   


                                                               Al Jolson.


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