quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

"Ettore Scola (1931-2016, 84 anos, italiano): mestre do cinema político italiano": ("Um legado fílmico para a Humanidade sempre re(pensar) os seus atos")

"Ettore Scola (1931-2016, 84 anos, italiano): mestre do cinema político italiano":




         ("Um legado fílmico para a Humanidade sempre re(pensar) os seus atos"):

                   (CRÍTICAS POR RAFAEL VESPASIANO)





“A Família” (1987):

"Ettore Scola, mostra a união de uma família, que tem seus problemas cotidianos, mas nos momentos difíceis se unem, demonstrando unidade, solidariedade e cumplicidade, como uma verdadeira família deve ser. A passagem de tempo é sempre marcada por um passeio da câmara pelo corredor da casa da família; sempre são mostrados os almoços da família (típico almoço italiano!); o filme começa e termina com a batida de uma fotografia da família. Interpretações impecáveis de um elenco maravilhoso: Gassman (que faz o chefe da família, personagem central da trama, pois o filme acompanha desde o seu nascimento até um encontro onde se reúne toda a família dele), Stefania Sandrelli, Fanny Ardant e Phillipe Noiret. Maravilhoso."





"Nós que nos amávamos tanto" (1974):

"Um clássico do cinema italiano, uma obra-prima de Ettore Scola e atuações magníficas de Nino Manfredi, Vittorio Gassman (que fez vários filmes com Scola) e Stefannia Sandrelli. Mostra o cotidiano de três rapazes, amigos entre si, apaixonados pela mesma mulher, Luciana, no decorrer de trinta anos, de 1945 a 1975, perpassado por todos os acontecimentos políticos da Itália, nesses anos narrados no filme. Os quatro são da classe trabalhadora da Itália e o que provoca a desunião e afastamento deles entre si, não é o amor pela mesma mulher, mas sim os acontecimentos que vão ocorrendo, cada um tomando um rumo diferente em sua vida, porém, um deles acaba se casando com Luciana, o reencontro dos quatro ao final do filme, mostra a diferença drástica que aconteceu entre o casal. A personagem de Gassman, que se transformou num rico capitalista, enquanto os outros continuaram fazendo parte da classe trabalhadora. Provando que mesmo se amando tanto, as diferenças acabam por distanciar um do outro. Detalhe: para a homenagem de Scola aos grandes diretores italianos da época, citações a Rossellini, De Sica (este aparece num discurso/palestra, a qual está assistindo, o professor), Visconti e Fellini (que participou efetivamente do filme, como se fosse realmente um ator) numa homenagem de Scola a ele, numa cena em que Federico está filmando a cena "da fonte" do filme "A Doce Vida", o próprio Marcelo Mastroianni aparece em "Nós que nos Amávamos Tanto". Um filme maravilhoso!"




"Feios, sujos e malvados" (1976):

"Este é uma comédia dramática: cômico, por causa das situações hilárias que Giacinto e sua família vivem e proporcionam, mas um drama, pois estas ocorrem em meio a maior pobreza da periferia italiana do pós-guerra, onde a família dele vive. Eles tentam levar uma vida "normal" e enfrentam os problemas da maneira mais natural e alegre possível, porém, as brigas são constantes, pois Giacinto tem uma amante e não quer gastar dinheiro com sua esposa verdadeira e seus dez filhos. Ele é pão-duro assumido, provocando o conflito, porque gasta com a amante, mas não com a família "oficial". "Feios, Sujos e Malvados" é um filme divertido, porém, mostra o lado feio, sujo e malvado do ser humano, que tenta sobreviver, em meio às dificuldades, da melhor maneira possível, mas, como mostra o filme, visando a melhoria de suas condições de sobrevivência, se tornam gananciosos, ambiciosos e individualistas (o lado sujo do homem, tão bem mostrado por Scola!). Uma sátira e crítica à sociedade italiana daqueles idos, mas que permanece atual para a Itália e para todas as outras nações e povos, pois continuamos vivendo na maior pobreza e miséria, seja física, econômica, cultural ou psicológica, até os dias de hoje, somos, portanto, também, Feios, Sujos e Malvados."





"Os novos monstros" (1977):

     "Filme coletivo e especial, pois reúne nove episódios humorísticos, dirigidos por três mestres do cinema italiano: Risi, Scola e Monicelli, porém, não se sabe, pois, os créditos não mostram, quem dirigiu qual, só podemos imaginar, que cada um deles dirigiu três episódios, dando os nove da soma total, o restante devemos tentar adivinhar, de acordo com as características de cada cineasta, em seus filmes anteriores. O filme se caracteriza por humor negro, mas de primeira qualidade e finíssimo. Atuações impecáveis de Gassman e Sordi!"




“O Terraço” (1980):

 “Com Marcelo Mastroianni e Vittorio Gassman, grupo de adultos que se encontram, diariamente, para conversar e jantar num terraço da casa de um casal do grupo de amigos; surgem várias relações interpessoais e muitos desabafam de forma crítica sobre os outros, por causa do desgaste natural das relações de convívio diário. O filme explora também, o fato das personagens estarem frustradas com seu trabalho (temos o exemplo de um escritor e de um produtor de cinema, ambos decepcionados com suas carreiras profissionais), o que levam elas a descontarem suas decepções em cima dos amigos e de seus familiares, em especial, ou no seu marido, ou na sua esposa. Surgem questões também de traição e adultério entre as personagens do filme. As aparências caem e o verdadeiro "eu" de cada pessoa se revela. Scola explora bem a reflexão sobre as relações humanas.”




“Casanova e a revolução” (1982):

“Ettore Scola em um filme, inteiramente fictício, tirando a espinha dorsal do mesmo, que é o cenário político da França vivendo sua Revolução, que acabou por botar a burguesia no poder e tirando o clero e a aristocracia daquele, "A Noite de Varennes" mostra, em síntese, todas as principais categorias da sociedade francesa de então, em simulacro das personagens, que se encontram, numa viagem de carruagem pelas terras francesas, iniciada em Varennes; as situações que se passam são maravilhosamente exploradas por Scola, em especial, as vividas pelo conquistador e mulherengo italiano, Casanova (vivido por Mastroianni, de forma impecável, como sempre!), talvez por isso o outro título, para mim mais apropriado, "Casanova e a Revolução", pois ele é a personagem que mais se destaca, entre todas aquelas que estão envolvidas na Revolução Francesa.”




“O jantar” (1998):

  “Obra-prima do cinema italiano e mundial, com direção soberba de Scola, atuações magníficas de Vittorio Gassman e Fanny Ardant. Num mesmo restaurante, numa mesma noite, se reúnem, casais, amigos, famílias, namorados, etc., em cada mesa do restaurante, eles não têm nada em comum, apenas o que une, esses diversos grupos são as dificuldades, alegrias e tristezas de uma vida "normal": cada grupo, enquanto bebe e janta, discutem seus acontecimentos e problemas do dia-a-dia, entre seus companheiros de mesa, porém, a personagem solitária de Gassman se transforma em nossos olhos e ouvidos das conversas de cada grupo de pessoas (espécie de narrador onisciente que encontramos nos livros, ele é, para nós, o mediador das “histórias” e os espectadores." 





“O Baile” (1983):


“Filme ímpar de Scola, sem diálogos, só com fundo musical, que narra histórias, até mesmo verídicas, como o bombardeio alemão em Paris, durante a 2ª Grande Guerra; as relações entre as pessoas se passam como... música! Tudo isso acontecendo num baile, que passa por trinta anos da história da humanidade durante o século XX, dos anos 30 a 60; as diferentes personagens, das diferentes épocas, são interpretadas pelos mesmos atores. Brilhante e genial ideia de Scola!”






“Concorrência Desleal” (2001):

 “É um drama sensível sobre a instalação do nazi-fascismo na Itália e, como esse regime ditatorial de Mussolini e seu comparsa fascista, Hitler da Alemanha, influi no dia-a-dia de dois comerciantes rivais, um judeu e outro cristão. A amizade surge como forma de luta contra qualquer tipo de discriminação e perseguição, de forma inusitada e bem-humorada. Depardieu é o contraponto intelectual da história e antifascista. Mais uma obra-prima de Scola.”






Nenhum comentário:

Postar um comentário