quinta-feira, 7 de abril de 2016

(“A MULHER SEM SOMBRA”, HUGO VON HOFMANNSTHAL, 1919): (“A ALEGORIA DA MATERNIDADE”)

(“A MULHER SEM SOMBRA”, HUGO VON HOFMANNSTHAL, 1919):

(“A ALEGORIA DA MATERNIDADE”):

(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO)





“O austríaco Hugo Von Hofmannsthal é um escritor que, estilisticamente, em seus primeiros escritos pode ser considerado classicista e/ou barroco, mas, na verdade é um dos maiores simbolistas, que temos na história do Simbolismo Literário, em especial, no gênero prosa poética, poemeto narrativo, que é o caso de sua obra-prima, A mulher sem sombra.

O autor pretendia, inicialmente que seu poemeto servisse de libreto para uma ópera de Richard Strauss, contudo este projeto não se concretizou, e, em 1919, Von Hofmannsthal publicou a prosa poética, A mulher sem sombra, que se tornou um clássico simbolista e alegórico da maternidade.

A proposta do poemeto narrativo, de cunho fantástico, é a partir de uma “imperatriz” imortal, sem sombra, que foi conquistada amorosamente, mas um tanto à força, por um “imperador”, mortal, e, que a partir de então, aquela junto com sua anciã ama, partir em uma jornada em busca de uma “sombra” para si.

Ao conquistar, a “sombra”, ao fim do poemeto, é construída e armada a alegoria simbólica de toda a prosa poética, pois agora, a “imperatriz”, um ser fantástico, imortal, mas, neste momento, com “sombra”, pode, enfim, ser “mãe”.


Toda a busca pela “sombra” que a “imperatriz” não tinha, é a busca pela potência de ser mãe, de ter o Dom da Maternidade. Aí está o simbolismo de toda a obra, a alegoria da maternidade, em uma ente imortal, a imperatriz, um ser fantástico, que agora com o Dom da Maternidade, tornou-se, alegoricamente, um ser completo, uma verdadeira epifania se realiza de uma cada vez maior elevação e revelação espiritual, que só a Maternidade confere a este ser fantástico, que é “a mulher sem sombra”, agora “com sombra”.”

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