(“O
RINOCERONTE”, EUGÈNE IONESCO):
(“O
ABSURDO CONTRA A OPRESSÃO”):
(CRÍTICA
POR RAFAEL VESPASIANO)
“Surreal,
o teatro do absurdo. Ionesco realiza sua obra-prima, em O rinoceronte, uma ode à luta contra a opressão, o fascismo, o
totalitarismo e, os empecilhos dos lugares-comuns e entraves da mesmice do
cotidiano e da burocracia.
No Brasil,
no século XIX, já se prenunciava, nas peças de Qorpo-Santo, esta característica
dramática, entre fantástica e já prefigurando o teatro do absurdo do século XX,
de Ionesco. Pode-se perceber a antecipação em algumas décadas, na peça cômica
de Qorpo-Santo, intitulada As relações
naturais. As
duas obras possuem diálogos surreais e absurdos, nonsense, dinâmicas e que ridicularizam, pela alegoria e,
principalmente, pela ironia, o status quo
da classe dominante e opressora.
Ionesco metamorfoseia as personagens humanas
em rinocerontes, em sua obra dramática-cômica, tragicômica, portanto; com o intuito
metafórico e alegórico de desumanizar a Humanidade. O absurdo dos rinocerontes
é tão fantástico, que eles de feios se tornam belos, de minoria, transforma-se
a maioria; de grotescos se transformam em seres puros, alegres, que lutam
contra o totalitarismo; o embrutecimento do cotidiano mesquinho e do
lugar-comum da burocracia.
Ou
seja, Ionesco construiu uma alegoria, na qual os rinocerontes são mais
racionais que os homens (irracionais); e, representam a luta, a massa, não de
manobra, que luta contra o totalitarismo e o fascismo, além de defenestrar os
entraves de uma burocracia (absurda) do Estado.
O
único homem que resta, Bérenger, acaba por se tornar um símbolo, que seja:
aquela personagem é a representação do ser humano, da Humanidade racional e
cética, que não é mais necessária. Agora, a sociedade que vale a pena ser
contemplada e aplaudida em sua beleza fantástica, surreal e absurda, é a
coletividade de rinocerontes que lutam contra a opressão, seja qual for.”.
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