terça-feira, 26 de abril de 2016

(“O RINOCERONTE”, EUGÈNE IONESCO): (“O ABSURDO CONTRA A OPRESSÃO”)

(“O RINOCERONTE”, EUGÈNE IONESCO):

(“O ABSURDO CONTRA A OPRESSÃO”):

(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO)




“Surreal, o teatro do absurdo. Ionesco realiza sua obra-prima, em O rinoceronte, uma ode à luta contra a opressão, o fascismo, o totalitarismo e, os empecilhos dos lugares-comuns e entraves da mesmice do cotidiano e da burocracia.

  No Brasil, no século XIX, já se prenunciava, nas peças de Qorpo-Santo, esta característica dramática, entre fantástica e já prefigurando o teatro do absurdo do século XX, de Ionesco. Pode-se perceber a antecipação em algumas décadas, na peça cômica de Qorpo-Santo, intitulada As relações naturais. As duas obras possuem diálogos surreais e absurdos, nonsense, dinâmicas e que ridicularizam, pela alegoria e, principalmente, pela ironia, o status quo da classe dominante e opressora.

 Ionesco metamorfoseia as personagens humanas em rinocerontes, em sua obra dramática-cômica, tragicômica, portanto; com o intuito metafórico e alegórico de desumanizar a Humanidade. O absurdo dos rinocerontes é tão fantástico, que eles de feios se tornam belos, de minoria, transforma-se a maioria; de grotescos se transformam em seres puros, alegres, que lutam contra o totalitarismo; o embrutecimento do cotidiano mesquinho e do lugar-comum da burocracia.

Ou seja, Ionesco construiu uma alegoria, na qual os rinocerontes são mais racionais que os homens (irracionais); e, representam a luta, a massa, não de manobra, que luta contra o totalitarismo e o fascismo, além de defenestrar os entraves de uma burocracia (absurda) do Estado.


O único homem que resta, Bérenger, acaba por se tornar um símbolo, que seja: aquela personagem é a representação do ser humano, da Humanidade racional e cética, que não é mais necessária. Agora, a sociedade que vale a pena ser contemplada e aplaudida em sua beleza fantástica, surreal e absurda, é a coletividade de rinocerontes que lutam contra a opressão, seja qual for.”.  

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