Martin (Martin, George A. Romero, EUA, 1976):
(Um cult-movie vampiresco do Mestre
dos Zumbis: Romero e sua versatilidade):
(Por Rafael Vespasiano)
“Martin
trabalha o jogo claro/escuro, luz/sombra sobre a Existência de um ‘vampiro’,
com questões e dilemas existenciais assim como qualquer ser
terreno/celestes/infernal, Martin -, a personagem mais dual e ambígua de George
A. Romero -, está em conflito consigo em luta existencial na verdade pela sua humanidade, por encaixar-se
socialmente e tentar levar uma vida dentro da ‘normalidade’ social que a mesma
sociedade exige de qualquer um de nós, tudo isso enquanto duela
angustiantemente contra a sua necessidade esporádica de se alimentar de sangue.
Porém, não se sabe com certeza se Martin é
realmente um vampiro. A personagem não possui nenhuma das características ou
poderes inerentes às criaturas das trevas. Ele não derrete quando exposto à luz
solar, não possui poder de hipnose, capacidade de metamorfosear-se, agilidades
e forças sobre-humanas, presas e/ou repulsa a cruzes católicas e alhos. Fica
sempre em aberto no filme, o que é genial da parte do cineasta Romero, se
Martin é um vampiro mesmo, diferente do famoso arquétipo do sanguessuga, ou
sofre de alguma patologia e/ou psicose.
Martin é um jovem querendo se expressar em
um mundo caótico. Esse é o cerne do drama existencialista-vampiresco que Romero
imprime ao roteiro e a direção do filme. Martin antes de tudo ou qualquer
questão de vampiro: ser ou não ser? -, luta contra a timidez e busca a aceitação
em um enredo que fala sobre preconceito e intolerância, é o diretor, mais uma
vez a tratar nas entrelinhas elípticas e implícitas do enredo, o fim? do
suposto modo de vida estadunidense de liberdade e igualdade plenas.
O
cineasta antes de tudo procura refletir sobre a tristeza e a infelicidade
generalizada da classe média dos Estados Unidos da América e da Humanidade em
geral. Conclui-se que Martin é um
filme cult. Causou estranheza em seu lançamento e causa até hoje. Talvez os
espectadores de meados dos anos 1970 não percebessem (e os do século XXI
também) que aquele ‘vampiro’ e todas as referências morais implícitas no longa,
acostumados há anos e anos de vampiros usando capas e transformando-se em
morcegos, não está a tratar de ‘vampiros’ apenas, mas de questões existenciais,
éticas e da sociedade em geral. Mas não pode se negar que é um dos melhores
filmes de um autoral George A. Romero. ”
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