quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Os Últimos Samurais (Kenji Misumi, Japão, 1974): "O Fim de uma Era"



Os Últimos Samurais (Kenji Misumi, Japão, 1974):

"O Fim de uma Era":


Poster de Os últimos samurais. 


Por Rafael Vespasiano.

“Diversos chambaras da década de 1970 mostram o fim da denominada Era Samurai ou do Xogunato, mais especificamente neste filme, Os últimos samurais, de 1974, do excepcional cineasta Kenji Misumi.
Nesta obra-prima a desconstrução do regime político, baseado na honra e ética Samurai e do Xogunato é elevada um grau de perfeccionismo na construção das personagens e seus dilemas políticos ou não, morais ou não, o roteiro sempre jogando ludicamente com essa dualidade dinâmica de opostos complementares, pois a degradação do regime e dos samurais é tamanha moralmente e eticamente que só pela desconstrução e pelo expediente dos dilemas éticos e psicológicos degradantes ao extremo, é que foi possível ficcionalizar e dramatizar com tão verossimilhança um fim de uma Era tão importante que existia desde o Japão Feudal em recuados tempos históricos.
 No caso da personagem mais emblemática do filme -, Toranosuke, um ronin, que vive no Japão do ano de 1868, já de antemão um samurai sem clã e decaído, passa por vários dilemas psicológicos, morais, éticos e políticos, sem ter consciência, às vezes, neste último caso que está envolvido social e individualmente neste caos político do Japão do fim do século XIX.
A personagem errante vive dividida entre defender o regime do Xogunato e do Xogum, ou a restauração do Imperador e, portanto, do Império, uma personagem ronin pária, degradada e utilizada como joguete em vários momentos da obra, pelos dois lados políticos do enredo. Porém o fim é o mesmo e igual ao menos pelo viés da História dos Vencedores do Ocidente: a ‘ocidentalização’ do Japão e um ronin perdido social, moral e individualmente. Obra-prima de Misumi. ”



O Diretor Kenji Misumi.

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