Os
Últimos Samurais (Kenji Misumi, Japão, 1974):
"O Fim de uma Era":
Por
Rafael Vespasiano.
“Diversos
chambaras da década de 1970 mostram o
fim da denominada Era Samurai ou do Xogunato, mais especificamente neste filme,
Os últimos samurais, de 1974, do
excepcional cineasta Kenji Misumi.
Nesta
obra-prima a desconstrução do regime político, baseado na honra e ética Samurai
e do Xogunato é elevada um grau de perfeccionismo na construção das personagens
e seus dilemas políticos ou não, morais ou não, o roteiro sempre jogando
ludicamente com essa dualidade dinâmica de opostos complementares, pois a
degradação do regime e dos samurais é tamanha moralmente e eticamente que só
pela desconstrução e pelo expediente dos dilemas éticos e psicológicos
degradantes ao extremo, é que foi possível ficcionalizar e dramatizar com tão
verossimilhança um fim de uma Era tão importante que existia desde o Japão Feudal
em recuados tempos históricos.
No caso da personagem mais emblemática do
filme -, Toranosuke, um ronin, que
vive no Japão do ano de 1868, já de antemão um samurai sem clã e decaído, passa
por vários dilemas psicológicos, morais, éticos e políticos, sem ter consciência,
às vezes, neste último caso que está envolvido social e individualmente neste
caos político do Japão do fim do século XIX.
A
personagem errante vive dividida entre defender o regime do Xogunato e do
Xogum, ou a restauração do Imperador e, portanto, do Império, uma personagem ronin pária, degradada e utilizada como
joguete em vários momentos da obra, pelos dois lados políticos do enredo. Porém
o fim é o mesmo e igual ao menos pelo viés da História dos Vencedores do
Ocidente: a ‘ocidentalização’ do Japão e um ronin
perdido social, moral e individualmente. Obra-prima de Misumi. ”
O Diretor Kenji Misumi.
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