“A Voz da Lua” é o último filme de
Federico Fellini, lançado em 1990. Fellini, um dos mestres do cinema onírico e
fantasioso, oferece ao espectador uma ode não só à Lua, mas, concomitantemente,
à Loucura. Roberto Benigni interpreta Salvini, um sujeito lunático, louco, que
vê (ou prefere ver) apenas o lado poético, lírico do mundo. Em suas razões e
des-razões percebe, aos poucos que, talvez seja somente na e pela Loucura que
seja possível entender as questões metafísicas do ser humano em relação às
outras pessoas e, dessa forma, em relação ao próprio universo. Um roteiro que
mostra momentos e situações que parecem apenas delírios, que de tão absurdas são
por isso mesmo tão verossímeis. E isto é a própria essência da vida em sua
dualidade, em seus opostos complementares: Razão e Loucura. Fellini é, de fato,
um maestro em conduzir este louco concerto de situações inusitadas, elenco e
extras em um caos (veja-se a cena da discoteca como exemplo disso), porém muito
bem ordenado racionalmente e tendo um porquê: o caos da existência humana é a
razão desarrazoada do prosseguir humano.
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