quinta-feira, 2 de abril de 2015

A Epifania da vida pela morte: Os vivos e os mortos, de John Huston, 1987.

A Epifania da vida pela morte:

“Os vivos e os mortos”, de John Huston, 1987.

(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO).


"Os vivos e os Mortos" ("The Dead"), 1987, GBR/IRL/EUA, de John Huston, baseado no conto do livro Dublinenses, de James Joyce, intitulado "Os Mortos". John Huston realiza seu último filme, seu canto de cisne, que é um hino de valorização à Vida. A viver a vida plenamente, a consciência da finitude (morte) e dos que partiram (morreram), faz com que desejemos viver a vida em toda a sua plenitude e possibilidades. Esta é a epifania de Gabriel, personagem do conto e do filme, após a memória involuntária de sua esposa Gretta (Anjelica Huston), ao ouvir uma música, que a faz relembrar fatos do passado dela. Joyce e Proust se aproximam nesse sentido. E Huston transpõe para o cinema essa ambiência literária e reflexão do conto, com absoluta consciência e realiza uma obra ímpar, que não deseja a desejar a obra original de do escritor irlandês, Joyce. A passagem do tempo, a decadência da Irlanda, de Dublin, e a questão da Irlanda e o seu povo ficar entre suas próprias raízes e/ou a integração ao Império Britânico e, por conseguinte, à Europa Continental, estão bem demostradas no filme e no conto, esses aspectos são mais bem aprofundados e refletidos. Joyce se aproxima também de Virgínia Wolf e Clarice Lispector. John Huston demostrou toda sua versatilidade (de novo!), sensibilidade e a técnica de um verdadeiro cineasta intenso, mas sensível.”


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