A
Epifania da vida pela morte:
“Os
vivos e os mortos”, de John Huston, 1987.
(CRÍTICA
POR RAFAEL VESPASIANO).
"Os vivos e os
Mortos" ("The Dead"), 1987, GBR/IRL/EUA, de John Huston, baseado
no conto do livro Dublinenses, de James Joyce, intitulado "Os
Mortos". John Huston realiza seu último filme, seu canto de cisne, que é
um hino de valorização à Vida. A viver a vida plenamente, a consciência da
finitude (morte) e dos que partiram (morreram), faz com que desejemos viver a
vida em toda a sua plenitude e possibilidades. Esta é a epifania de Gabriel,
personagem do conto e do filme, após a memória involuntária de sua esposa
Gretta (Anjelica Huston), ao ouvir uma música, que a faz relembrar fatos do
passado dela. Joyce e Proust se aproximam nesse sentido. E Huston transpõe para
o cinema essa ambiência literária e reflexão do conto, com absoluta consciência
e realiza uma obra ímpar, que não deseja a desejar a obra original de do
escritor irlandês, Joyce. A passagem do tempo, a decadência da Irlanda, de
Dublin, e a questão da Irlanda e o seu povo ficar entre suas próprias raízes
e/ou a integração ao Império Britânico e, por conseguinte, à Europa
Continental, estão bem demostradas no filme e no conto, esses aspectos são mais
bem aprofundados e refletidos. Joyce se aproxima também de Virgínia Wolf e
Clarice Lispector. John Huston demostrou toda sua versatilidade (de novo!),
sensibilidade e a técnica de um verdadeiro cineasta intenso, mas sensível.”
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