A MULHER QUE ESCREVEU A BÍBLIA
(FEMINISMO NA ERA SALOMÔNICA)
MOACYR SCLIAR
(RESENHA POR RAFAEL VESPASIANO).
(RESENHA POR RAFAEL VESPASIANO).
Scliar é um dos melhores escritores contemporâneos
brasileiros e um dos mais premiados também. Contista, cronista e romancista
genial. No caso do livro em questão, A Mulher que escreveu a Bíblia é um
romance altamente feminista, com passagens engraçadíssimas e com um enredo que
propõe uma reflexão sobre o papel social da mulher da Era Salomônica e,
portanto, nas histórias da Bíblia Cristã. O
título é bastante explicativo: a história é um relato fictício sobre uma mulher
anônima que, há 3 (três) mil anos, tornou-se a escritora da primeira versão da
Bíblia do cristianismo. Narrativa maliciosa que alterna o discurso bíblico com
o baixo calão, palavrões e termos de conteúdo sexual, erótico e até
pornográfico.
As mulheres,
naqueles idos, eram vistas como procriadoras e mantedoras do lar e dos filhos
e, deveria satisfazer todos os desejos do marido, sociais, familiares e
carnais, sem pestanejar. Não podia, por exemplo, trair, pois o adultério
feminino era punido com o apedrejamento, vide o episódio de Maria Madalena e
Jesus Cristo, mas os homens podiam trair sem problema e peso na consciência,
justificativa: homem tem esse direito, pois é homem, sexo masculino, (o que se
pode denominar de machismo, ou patriarcalismo). E as mulheres aceitavam.
Além do mais, as mulheres não aprendiam a ler nem a
escrever.
Mas, a mulher desse romance era culta, aprendeu a ler
e escrever e ainda por cima foi designada por Salomão para escrever a História
do povo Hebreu. Nessa ficção, Scliar procura e consegue ironizar a situação
humilhante que as mulheres viviam naqueles idos e ainda vivem em pleno século
XXI. A proposta é valorizar o sexo feminino, por meio de um humor sarcástico,
fino, irônico e contundente, erguendo a Mulher ao seu papel “REAL” de ser
humano que é como qualquer um, seja homem ou mulher, já que cultura e sabedoria
os dois sexos podem ter e possuir de forma igualitária, pois todos somos
pessoas iguais perante à Deus, como está escrito na Bíblia, ou não se a pessoa
não crê em Deus, mas acredita na igualdade dos direitos humanos.
Scliar foi genial com esse romance singelo, mas
profundo!
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