O
REI E O CIDADÃO (JOSEPH LOSEY/EUA/1964)
(“O CIDADÃO (DES)UMANIZADO”):
(CRÍTICA
POR RAFAEL VESPASIANO)
“O cineasta Joseph
Losey analisa com fina ironia, permeada pela crueldade e pela angústia, típicas
de um front de batalha, o filme se passa na Primeira Guerra Mundial, onde a
ambiência era marcada por total desespero e pavor, na chamada “guerra de
trincheiras”. Um soldado vivo estava em determinado local, ao lado amontoados
vários cadáveres de companheiros (e inimigo), e àquele tem que agir com
indiferença, pois a guerra faz isso.
Os
generais e políticos ficam numa posição confortável após criarem e inventarem
estapafúrdias guerras, não pegam em armas, mas matam de qualquer forma vários
jovens em guerras sem propósito. Losey acaba, por realizar, uma obra-prima
pacifista e anti-bélica.
Os
chefões da guerra ficam atrás de suas mesas transformando vidas humanas
desperdiçadas em meros números de estáticas de baixas, como se aquele jovem
fosse um mero número que precisa ser reposto por um outro soldado/número, para
poder assim, sua nação, qualquer que seja, com seus aliados, ganhem a guerra.
O
cidadão aqui, um suposto desertor, é des-(umanizado) até as últimas
consequências. A relação entre ele e seu defensor (Dick Bogarde) é intensa,
mesmo sendo breve e constantemente interrompida pelos julgamentos e pelas
ordens superiores de afastamento e distância entre os dois. O defensor mesmo de
mãos atadas quanto à fortuna do rapaz, o capta em sua essência (ainda) humana,
mas que começa a escapar até o final, que tem um tom esperançoso, mas, ao mesmo
tempo, não deixa de ser trágico.”.
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