domingo, 19 de fevereiro de 2017

SUICÍDIOS EXEMPLARES – ENRIQUE VILA-MATAS: (“OS SUICÍDIOS REAIS OU IRREAIS?!...”)

SUICÍDIOS EXEMPLARES – ENRIQUE VILA-MATAS:

(“OS SUICÍDIOS REAIS OU IRREAIS?!...”):

(RESENHA POR RAFAEL VESPASIANO):




(“A carta do número 3 dos Notáveis chegou à sede central desta Sociedade de Simpatizantes da Noite da Íris Negra de Port del Vent, que tenho a grande honra de co-presidir, não tardamos em nos reunir, os Notáveis restantes, para ver o que faríamos a fim de satisfazer plenamente, e com a maior prontidão possível, os desejos desse amigo que, antes de tornar-se o assassino de si mesmo, desejava que seus íntimos acudíssemos a visitar sua casa e, falando toda a noite de filosofia, o acompanhássemos nas horas anteriores à desse gesto valente e final com que desejava ser fiel à máxima de nossa Sociedade, ou seja, desaparecer digna e serenamente depois de uma grande festa do espírito de uma vibrante homenagem à amizade e ao amor à filosofia.”).


“Os suicídios dos dez contos de Suicídios exemplares, de Enrique Vila-Matas, original de 1985, são assassinatos a si mesmos em meio a desconfianças dos leitores, e, dos próprios narradores e personagens da diégese. Reais ou irreais, plausíveis ou não, factuais ou delirantes, possíveis ou impossíveis não importa. O relevante nas histórias do contista é a possibilidade de dar cabo a própria a vida, o porquê deste ato, a princípio tresloucado, mas são suicídios exemplares, ou seja, para a reflexão dos leitores do que leva um sujeito a tal ato. Já que a vida é tão miserável e louca, que merece esta consideração e leitura, portanto, indagações que são levantadas nos dez contos brilhantes de Enrique Vila-Matas.
   Intertextos, metalinguagens e interdiscursos são marcas do escritor, por exemplo os diálogos que remetem a Sá-Carneiro e Fernando Pessoa e a troca real de correspondências entre estes escritores modernistas do início do século XX.
Após ler Suicídios Exemplares fica uma aura de real e irreal no leitor, uma dualidade dinâmica parabática, de um certo tipo de prática ficcional que se baseia na desconfiança provocada nos leitores e nas próprias personagens e narradores das histórias. São, enfim, dez contos primorosos. Todos da mesma qualidade narrativa e reflexiva, que ganham mais força ainda no conjunto do livro como um todo.”.

   (“Não teve tempo de concluir seu grande projeto. A morte—sempre tão estupidamente cômica—o surpreendeu antes de poder ver terminada a obra. Toda Bergamo ficou impressionada pela cenografia e magnitude da cripta. Nela o enterramos…”.).


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