SUICÍDIOS EXEMPLARES –
ENRIQUE VILA-MATAS:
(“OS
SUICÍDIOS REAIS OU IRREAIS?!...”):
(RESENHA
POR RAFAEL VESPASIANO):
(“A
carta do número 3 dos Notáveis chegou à sede central desta Sociedade de
Simpatizantes da Noite da Íris Negra de Port del Vent, que tenho a grande honra
de co-presidir, não tardamos em nos reunir, os Notáveis restantes, para ver o
que faríamos a fim de satisfazer plenamente, e com a maior prontidão possível,
os desejos desse amigo que, antes de tornar-se o assassino de si mesmo,
desejava que seus íntimos acudíssemos a visitar sua casa e, falando toda a noite
de filosofia, o acompanhássemos nas horas anteriores à desse gesto valente e
final com que desejava ser fiel à máxima de nossa Sociedade, ou seja,
desaparecer digna e serenamente depois de uma grande festa do espírito de uma
vibrante homenagem à amizade e ao amor à filosofia.”).
“Os
suicídios dos dez contos de Suicídios
exemplares, de Enrique Vila-Matas, original de 1985, são assassinatos a si
mesmos em meio a desconfianças dos leitores, e, dos próprios narradores e
personagens da diégese. Reais ou irreais, plausíveis ou não, factuais ou
delirantes, possíveis ou impossíveis não importa. O relevante nas histórias do
contista é a possibilidade de dar cabo a própria a vida, o porquê deste ato, a
princípio tresloucado, mas são suicídios exemplares, ou seja, para a reflexão
dos leitores do que leva um sujeito a tal ato. Já que a vida é tão miserável e
louca, que merece esta consideração e leitura, portanto, indagações que são
levantadas nos dez contos brilhantes de Enrique Vila-Matas.
Intertextos, metalinguagens e interdiscursos
são marcas do escritor, por exemplo os diálogos que remetem a Sá-Carneiro e
Fernando Pessoa e a troca real de correspondências entre estes escritores modernistas
do início do século XX.
Após
ler Suicídios Exemplares fica uma
aura de real e irreal no leitor, uma dualidade dinâmica parabática, de um certo
tipo de prática ficcional que se baseia na desconfiança provocada nos leitores
e nas próprias personagens e narradores das histórias. São, enfim, dez contos
primorosos. Todos da mesma qualidade narrativa e reflexiva, que ganham mais
força ainda no conjunto do livro como um todo.”.
(“Não teve tempo de concluir seu grande
projeto. A morte—sempre tão estupidamente cômica—o surpreendeu antes de poder
ver terminada a obra. Toda Bergamo ficou impressionada pela cenografia e
magnitude da cripta. Nela o enterramos…”.).
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