(““O HOMEM QUE LUTA SÓ”, 1959, BUDD
BOETTICHER E OS FAROESTES “RANOWN””):
(CRÍTICA
POR RAFAEL VESPASIANO):
““O
Homem Que Luta Só” (Ride Lonesone), de 1959, roteiro de Burt Kennedy e
dirigido e interpretado por Budd Boetticher e Randolph Scott, respectivamente.
Faz parte dos sete faroestes dirigidos por Boetticher, realizados na segunda
metade da década de 1950, estrelados por Randolph Scott e produzidos por Harry
Brown Jr. (a RANOWN production – RANdolph-BrOWN). São todos sete filmes de
medianos a ótimos, com obras-primas como Sete
homens sem destino (Seven Men from Now), com Randolph Scott e, em especial,
Lee Marvin, numa interpretação ímpar, e, O
homem que luta só, com Scott brilhando em uma atuação segura e um ótimo
roteiro de Kennedy.
Uma
grande unicidade e homogeneidade marcam estes sete westerns. Filmados em cerca
de dez dias, a maioria deles pela Columbia. São filmes “supostamente” simples,
mas absolutamente soberbos e de alto grau de drama de consciência, em sua
maioria. Estes sete filmes de Boetticher com Scott são exemplos maravilhosos da
essência do bom cinema estadunidense típico por natureza, no seu característico
gênero fílmico, os westerns.
Acima
de tudo, são filmes de uma extraordinária precisão, em que não há nenhum espaço
para excessos, para nada que o distraia de sua função: a jornada moral do herói
solitário, intenso, reflexivo, apaixonado – aparece como recurso ético para
lidar com um mundo. O que interessa para Boetticher é como, mesmo com todas as
dificuldades, ele encontra uma posição moral e ética perante e/ou em estar no
mundo. Nesse caminho, fez vários filmes, os principais deles esses sete
admiráveis filmes num espaço de cinco anos, 1956-1960. Sempre um cinema de ação,
mas com psicologismo e nada barato, pois possui sempre uma questão moral para o
herói no velho oeste.
Em
O homem que luta só, por exemplo, o
cowboy (Scott) cumpre seu dever ético, por ‘casualidade’, que na verdade é
apenas aparente, pelo destino, o herói cumpre uma travessia, espacial e psicológica,
porém, acaba sozinho, após cumprir sua ‘travessia’ existencial. E isso sempre
ocorre em todos os westerns Boetticher-Scott. Para cumprir o seu dever, imposto
pelo destino (pelas circunstâncias), esse herói torto deve acabar sempre
sozinho. O que expressa uma melancolia irônica e parabática, essencialmente
epifânica.
Os
sete filmes são Sete Homens Sem Destino
(Seven Men from Now), Entardecer Sangrento (Decision at Sundown), O Resgate do
Bandoleiro (The Tall T), Fibra de Herói (Buchanan Rides Alone), Um Homem de
Coragem (Westbound), O Homem que Luta Só (Ride Lonesome) e Cavalgada Trágica
(Comanche Station).
O homem que luta só tem
um roteiro marcado diálogos ásperos e
sempre em tom lacônico entre as personagens, visto a economia verbal e
grosseira até de Ben Brigade (Scott) com respostas secas transforma-o em um ser
amargo e obcecado pelo único objetivo de sua vida, seu destino moral e ético,
de vingança catártica, cujo final sempre, em suas travessias, nos faroestes Boetticher-Scott,
é continuar em plena solidão, o herói solitário do velho oeste, digno e ético. Esta
é justamente sua moralidade. O homem que
luta só é o exemplo maior do exposto até aqui, no que concerne aos sete
faroestes Boetticher-Scott.”
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