quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

(““O HOMEM QUE LUTA SÓ”, 1959, BUDD BOETTICHER E OS FAROESTES “RANOWN””)

(““O HOMEM QUE LUTA SÓ”, 1959, BUDD BOETTICHER E OS FAROESTES “RANOWN””):

(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO):





 ““O Homem Que Luta Só” (Ride Lonesone), de 1959, roteiro de Burt Kennedy e dirigido e interpretado por Budd Boetticher e Randolph Scott, respectivamente. Faz parte dos sete faroestes dirigidos por Boetticher, realizados na segunda metade da década de 1950, estrelados por Randolph Scott e produzidos por Harry Brown Jr. (a RANOWN production – RANdolph-BrOWN). São todos sete filmes de medianos a ótimos, com obras-primas como Sete homens sem destino (Seven Men from Now), com Randolph Scott e, em especial, Lee Marvin, numa interpretação ímpar, e, O homem que luta só, com Scott brilhando em uma atuação segura e um ótimo roteiro de Kennedy.
Uma grande unicidade e homogeneidade marcam estes sete westerns. Filmados em cerca de dez dias, a maioria deles pela Columbia. São filmes “supostamente” simples, mas absolutamente soberbos e de alto grau de drama de consciência, em sua maioria. Estes sete filmes de Boetticher com Scott são exemplos maravilhosos da essência do bom cinema estadunidense típico por natureza, no seu característico gênero fílmico, os westerns.
Acima de tudo, são filmes de uma extraordinária precisão, em que não há nenhum espaço para excessos, para nada que o distraia de sua função: a jornada moral do herói solitário, intenso, reflexivo, apaixonado – aparece como recurso ético para lidar com um mundo. O que interessa para Boetticher é como, mesmo com todas as dificuldades, ele encontra uma posição moral e ética perante e/ou em estar no mundo. Nesse caminho, fez vários filmes, os principais deles esses sete admiráveis filmes num espaço de cinco anos, 1956-1960. Sempre um cinema de ação, mas com psicologismo e nada barato, pois possui sempre uma questão moral para o herói no velho oeste.
Em O homem que luta só, por exemplo, o cowboy (Scott) cumpre seu dever ético, por ‘casualidade’, que na verdade é apenas aparente, pelo destino, o herói cumpre uma travessia, espacial e psicológica, porém, acaba sozinho, após cumprir sua ‘travessia’ existencial. E isso sempre ocorre em todos os westerns Boetticher-Scott. Para cumprir o seu dever, imposto pelo destino (pelas circunstâncias), esse herói torto deve acabar sempre sozinho. O que expressa uma melancolia irônica e parabática, essencialmente epifânica.
Os sete filmes são Sete Homens Sem Destino (Seven Men from Now), Entardecer Sangrento (Decision at Sundown), O Resgate do Bandoleiro (The Tall T), Fibra de Herói (Buchanan Rides Alone), Um Homem de Coragem (Westbound), O Homem que Luta Só (Ride Lonesome) e Cavalgada Trágica (Comanche Station).

O homem que luta só tem um roteiro marcado diálogos ásperos e sempre em tom lacônico entre as personagens, visto a economia verbal e grosseira até de Ben Brigade (Scott) com respostas secas transforma-o em um ser amargo e obcecado pelo único objetivo de sua vida, seu destino moral e ético, de vingança catártica, cujo final sempre, em suas travessias, nos faroestes Boetticher-Scott, é continuar em plena solidão, o herói solitário do velho oeste, digno e ético. Esta é justamente sua moralidade. O homem que luta só é o exemplo maior do exposto até aqui, no que concerne aos sete faroestes Boetticher-Scott.”

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