sábado, 25 de fevereiro de 2017

ARROZ AMARGO (Riso Amaro, 1949, Giuseppe De Santis): (“A miséria Humana em seu mais alto grau de atualidade: clássico, indubitavelmente”)

ARROZ AMARGO (Riso Amaro, 1949, Giuseppe De Santis):

(“A miséria Humana em seu mais alto grau de atualidade: clássico, indubitavelmente”):

(Resenha por Rafael Vespasiano):



“Considerado, por muitos críticos de cinema, como um dos marcos do neorrealismo Italiano. Giuseppe De Santis, com Vittorio Gassman e Silvana Mangano. Roteirizado e dirigido por De Santis – o roteiro teve contribuição de Mario Monicelli, que lançava naquele mesmo ano seu segundo longa-metragem. Conta a história de dois casais, um de golpistas e um outro formado por uma mulher que cuida de plantações de arroz e o seu companheiro que é militar. Porém, aquela se apaixona pelo golpista, e a namorada deste, deixa-o para ficar com o militar, troca de casais, já que em termos de caráter, os casais como estavam não eram compatíveis. O golpista pretende dá um último golpe, roubando todo o estoque de arroz que foi colhido e está armazenado, numa Itália miserável e com problemas socioeconômicos, do pós-Segunda Guerra Mundial.
Propõe, porém, em primeiro lugar, apresentar e denunciar a miséria da vida das “mondines”, nome dado às mulheres cultivadoras de arroz. E são justamente as mulheres as envolvidas com a plantação, uma vez que eram consideradas melhores e sensíveis ao cultivo e colheita do arroz. O realismo social e neorrealista é bem aproveitado pelo roteiro que traça uma representação que vai além deste registro, pois aproveita e faz uma denúncia de misérias, abusos, assédios e caos social logo depois do fim da Segunda Grande Guerra. Porém, numa dualidade dinâmica de opostos complementares, uma destas mulheres está grávida, o que propõe uma dialética analítica entre miséria/destruição e fertilidade/bonança.
 O filme usa todos os preceitos do Neorrealismo Italiano: fatos do cotidiano, cenários reais, a maioria dos atores é gente do povo mesmo, atores amadores (no caso do filme homens e mulheres que plantam e colhem arroz), etc. Um filme histórico para o Cinema Italiano, para o movimento neorrealista e para a cinematografia mundial como um todo: um clássico definitivo.
O roteiro, em segundo lugar, mas não menos importante, porém, em uma história muito bem elaborada e dirigida por De Santis, explora a questão do emprego ocasional e do desemprego, pois os trabalhadores que colhem arroz nas plantações, só são contratados e empregados durante a colheita, após o término da colheita, os trabalhadores têm que se virar para sobreviverem até à próxima colheita desse arroz amargo, do subemprego, para não dizer do desemprego, realidade amarga da Itália do pós-guerra, desemprego, fome e miséria.
Na linha narrativa está a denúncia declarada, pretendendo mostrar a miséria de mulheres que trabalham quase que em regime escravocrata. Mulheres que, anualmente, no fim da primavera, migram para uma região a fim de conseguir algum trabalho enquanto coletoras de arroz, tão atual; parece com um país, que em pleno século XXI, não mudou muito desde suas épocas de..., enfim...

Por isso Arroz Amargo é um Clássico do Cinema indubitavelmente.”.



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