ARROZ
AMARGO (Riso Amaro,
1949, Giuseppe De Santis):
(“A miséria Humana em seu
mais alto grau de atualidade: clássico, indubitavelmente”):
(Resenha
por Rafael Vespasiano):
“Considerado,
por muitos críticos de cinema, como um dos marcos do neorrealismo Italiano. Giuseppe De Santis, com Vittorio
Gassman e Silvana Mangano. Roteirizado e dirigido por De Santis – o roteiro
teve contribuição de Mario Monicelli, que lançava naquele mesmo ano seu segundo
longa-metragem. Conta a história de dois casais, um de
golpistas e um outro formado por uma mulher que cuida de plantações de arroz e
o seu companheiro que é militar. Porém, aquela se apaixona pelo golpista, e a
namorada deste, deixa-o para ficar com o militar, troca de casais, já que em
termos de caráter, os casais como estavam não eram compatíveis. O golpista
pretende dá um último golpe, roubando todo o estoque de arroz que foi colhido e
está armazenado, numa Itália miserável e com problemas socioeconômicos, do
pós-Segunda Guerra Mundial.
Propõe,
porém, em primeiro lugar, apresentar e denunciar a miséria da vida das
“mondines”, nome dado às mulheres cultivadoras de arroz. E são justamente as
mulheres as envolvidas com a plantação, uma vez que eram consideradas melhores
e sensíveis ao cultivo e colheita do arroz. O realismo social e neorrealista é
bem aproveitado pelo roteiro que traça uma representação que vai além deste
registro, pois aproveita e faz uma denúncia de misérias, abusos, assédios e
caos social logo depois do fim da Segunda Grande Guerra. Porém, numa dualidade dinâmica
de opostos complementares, uma destas mulheres está grávida, o que propõe uma
dialética analítica entre miséria/destruição e fertilidade/bonança.
O filme usa todos os preceitos do Neorrealismo
Italiano: fatos do cotidiano, cenários reais, a maioria dos atores é gente do
povo mesmo, atores amadores (no caso do filme homens e mulheres que plantam e
colhem arroz), etc. Um filme histórico para o Cinema Italiano, para o movimento
neorrealista e para a cinematografia mundial como um todo: um clássico definitivo.
O
roteiro, em segundo lugar, mas não menos importante, porém, em uma história muito
bem elaborada e dirigida por De Santis, explora a questão do emprego ocasional
e do desemprego, pois os trabalhadores que colhem arroz nas plantações, só são
contratados e empregados durante a colheita, após o término da colheita, os
trabalhadores têm que se virar para sobreviverem até à próxima colheita desse
arroz amargo, do subemprego, para não dizer do desemprego, realidade amarga da
Itália do pós-guerra, desemprego, fome e miséria.
Na linha
narrativa está a denúncia declarada, pretendendo mostrar a miséria de mulheres
que trabalham quase que em regime escravocrata. Mulheres que, anualmente, no
fim da primavera, migram para uma região a fim de conseguir algum trabalho
enquanto coletoras de arroz, tão atual; parece com um país, que em pleno século
XXI, não mudou muito desde suas épocas de..., enfim...
Por
isso Arroz Amargo é um Clássico do Cinema
indubitavelmente.”.
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