(XINGU-TERRA, Maurren Bisilliat, Brasil,
1981):
“XINGU-TERRA
é um documentário antropológico e etnográfico sobre o cotidiano da aldeia
indígena Mehinaku do Alto Xingu extremamente valioso, lançado em 1981, dirigido
pela fotógrafa Maureen Bisilliat, com narração de Orlando Villas-Boas.
Mostra
desde a plantação e a colheita da mandioca, passando pela pesca, pela
preparação da tinta de urucum, explicando a modelagem da cerâmica da tribo.
Ressalta como se dar a divisão das tarefas entre homens e mulheres; que a terra
é coletiva; que o chefe é visto não como uma pessoa que dar ordenas, mas um
conselheiro; o relacionamento amistoso entre pais e filhos, baseado no diálogo
que os pais sempre têm com os filhos pautado pela igualdade e respeito; apresenta
o sistema de valores que regem e mantém o equilíbrio entre o homem, a aldeia e a
natureza, além de mostrar suscintamente alguns aspectos da cosmogonia da tribo.
São apresentados e reproduzidos os rituais que relembram os tempos matriarcais,
desde os preparativos, o cerimonial de casamento para o homem e a mulher, o tempo
de reclusão dos jovens indígenas no tempo da puberdade, fazendo a transição da infância
para a fase adulta da vida, a ritualística que que se procede no intercâmbio de
uma aldeia com outra, culminado com a grande celebração da Festa do Yamuricumã.
(Fonte: Guia de Filmes, extraído do site da Cinemateca Brasileira).
Importante
ressaltar a sabedoria deste povo originário por exemplo no que se refere ao
Tempo, que na verdade para ele só existe o Presente, o Tempo da Vida e do Viver.
Além de uma noção clara de que a existência do homem se dar em devir, em ciclos
em consórcio com a Natureza, fauna e flora, e com os espíritos ancestrais e dos
deuses. Ressalte-se também a harmonia das suas relações sem julgar os outros
membros da tribo.
Filme
importantíssimo para ser redescoberto nos dias de hoje, quando no Brasil tenta-se
vender uma ideia falsa de que todos os povos originários e indígenas devem
obrigatoriamente se integrar à sociedade regida pelo homem branco. Não o
ouvindo e entendendo sua singularidade e nem se importando com sua humanidade e
menos ainda tendo relações de altruísmo e alteridade para com nossos povos
originários. É dos indígenas a decisão de ou se integrar total ou parcialmente
à sociedade é quem manda é o homem branco, ou permanece até em alguns casos
totalmente isolados, como de fato e de direito existem ainda alguns povos no
Brasil neste estado e estágio civilizatório. ”
Nenhum comentário:
Postar um comentário