segunda-feira, 16 de março de 2020

(XINGU-TERRA, Maurren Bisilliat, Brasil, 1981)


(XINGU-TERRA, Maurren Bisilliat, Brasil, 1981):

“XINGU-TERRA é um documentário antropológico e etnográfico sobre o cotidiano da aldeia indígena Mehinaku do Alto Xingu extremamente valioso, lançado em 1981, dirigido pela fotógrafa Maureen Bisilliat, com narração de Orlando Villas-Boas.
Mostra desde a plantação e a colheita da mandioca, passando pela pesca, pela preparação da tinta de urucum, explicando a modelagem da cerâmica da tribo. Ressalta como se dar a divisão das tarefas entre homens e mulheres; que a terra é coletiva; que o chefe é visto não como uma pessoa que dar ordenas, mas um conselheiro; o relacionamento amistoso entre pais e filhos, baseado no diálogo que os pais sempre têm com os filhos pautado pela igualdade e respeito; apresenta o sistema de valores que regem e mantém o equilíbrio entre o homem, a aldeia e a natureza, além de mostrar suscintamente alguns aspectos da cosmogonia da tribo. São apresentados e reproduzidos os rituais que relembram os tempos matriarcais, desde os preparativos, o cerimonial de casamento para o homem e a mulher, o tempo de reclusão dos jovens indígenas no tempo da puberdade, fazendo a transição da infância para a fase adulta da vida, a ritualística que que se procede no intercâmbio de uma aldeia com outra, culminado com a grande celebração da Festa do Yamuricumã. (Fonte: Guia de Filmes, extraído do site da Cinemateca Brasileira).
Importante ressaltar a sabedoria deste povo originário por exemplo no que se refere ao Tempo, que na verdade para ele só existe o Presente, o Tempo da Vida e do Viver. Além de uma noção clara de que a existência do homem se dar em devir, em ciclos em consórcio com a Natureza, fauna e flora, e com os espíritos ancestrais e dos deuses. Ressalte-se também a harmonia das suas relações sem julgar os outros membros da tribo.
Filme importantíssimo para ser redescoberto nos dias de hoje, quando no Brasil tenta-se vender uma ideia falsa de que todos os povos originários e indígenas devem obrigatoriamente se integrar à sociedade regida pelo homem branco. Não o ouvindo e entendendo sua singularidade e nem se importando com sua humanidade e menos ainda tendo relações de altruísmo e alteridade para com nossos povos originários. É dos indígenas a decisão de ou se integrar total ou parcialmente à sociedade é quem manda é o homem branco, ou permanece até em alguns casos totalmente isolados, como de fato e de direito existem ainda alguns povos no Brasil neste estado e estágio civilizatório. ”

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