(“MEMÓRIAS
DE LÁZARO”, ADONIAS FILHO):
(“QUEDA,
RESSURREIÇÃO E MORTE-SEM-REDENÇÃO”):
(CRÍTICA
POR RAFAEL VESPASIANO)
“A
ambiência do romance “Memórias de Lázaro”, de Adonias Filho, é angustiante,
claustrofóbica, fétida, mórbida e putrefata. Adonias está longe neste romance
de sujeitar à simples e pura Literatura da Geração de 30, meramente
regionalista, apesar da trama se passar no vale do cacau, na Bahia, aqui o que
importa é miséria e a dor humana.
O
psicológico se sobressai, em fluxos de consciência das personagens, com todas
elas possuindo voz própria -, polifonia, nos termos de Mikail Bakhtin, pois de
maneira polifônica, ou seja, através das vozes e pontos de vistas de todas as
mais importantes personagens, o leitor adentra mais profundamente no drama, na
tragicidade e na miséria humana das personagens de “Memórias de Lázaro”.
A fragilidade das personagens neste romance,
beira à bestialidade e à fragilidade humana, uma miséria existencial, que beira
a animalização do ser humano. As memórias vão sendo narradas, com parcimônia e
com total controle do autor, em esmiuçar amiúde cada detalhe da rememoração de
cada personagem, sem pena, quase um sadismo narrativo. A rememoração é
importantíssima na obra, já se ver pelo título da mesma. E os detalhes delas
fecham o romance de maneira categórica, trágica e demasiadamente desesperadora,
mas humana.
Por
fim, vale ressaltar que o protagonista, cai, leva uma queda, de um erro que
comete, é punido por si mesmo e o peso na sua consciência torturando-o; se reergue
e ressuscitado, luta pelo que acha que acredita que é certo fazer, porém, por
pouco tempo, pois, falha, outra queda e morre, não adianta esconder, e, a morte
é sem redenção e muito menos sem ‘outra’ ressurreição.”
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