“NA
SOLIDÃO DA NOITE” (ALBERTO CAVALCANTI, BASIL DEARDEN, ROBERT HAMER E CHARLES
CRICHTON, GBR, 1945)
(“SURREALISMO, PESADELO E O
INCONSCIENTE NUMA NOITE TENEBROSA”):
(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO)
““Na
solidão da noite” é um filme dividido em cinco contos unificados por uma
personagem que tem terríveis pesadelos e, é convidada a passar uma noite, numa
casa habitada por pessoas que ele não conhece. O horror está presente desde o
início, antes mesmo da personagem sair da sua residência, pois a película
começa com o fim de um terrível pesadelo da personagem. Já aí têm-se as
características do surrealismo, dos pesadelos do inconsciente desconhecido dos
seres humanos, em noites insones e/ou mal dormidas.
As
histórias em que se baseiam o roteiro são oriundas de textos de escritores como
H. G. Wells, John Baines, E. F. Benson e Angus Macphail. O arquiteto Walter
(Mervyn Johns) é a personagem-central do filme e que vai àquela casa, para
fazer a pedido dos moradores algumas reformas.
A
partir daí cada personagem daquela casa passa a contar histórias fantásticas
que viveram. A primeira é intitulada “The Hearse Driver”, filmada por Basil
Dearden, e, narra o caso de um piloto de corridas que sobrevive milagrosamente
a um terrível acidente.
“The
Christmas Story” é a segunda mini narrativa, dirigida por Alberto Cavalcanti,
que conta a história de Sally e o que ela vivenciou de terror, numa mansão,
durante uma festa de natal.
A
terceira narrativa é “The Haunted Mirror”, de Robert Hamer, narra a compra de
um espelho, pelo marido, como presente de aniversário, para sua esposa. O
espelho, contudo, passa refletir a personalidade doentia do seu antigo dono.
Aqui, neste conto têm-se vários intertextos com O retrato de Dorian Gray, de Wilde, com uma persona narcisista doentia,
o conto “O Espelho”, de Machado de Assis, uma crítica mordaz e irônica à
burguesia, que mostra os burgueses do século XIX como seres puramente marcados
pela (falsa) aparência e pelas conveniências.
O
quarto episódio é “The golfing story”, dirigido por George Crichton, é uma
história de golfistas-fantasmas brigando para ficar com uma bela mulher.
O
quinto episódio, também dirigido por Alberto Cavalcanti e, chama-se “The
ventriloquist´s Dummy”, a história de toques psicanalíticos de dupla
personalidade, esquizofrenia e a narrativa flerta com o sobrenatural e o
surreal mais uma vez.
Entre
a narração desses acontecimentos sobrenaturais, o grupo de pessoas da casa
discutiam o sonho do arquiteto e comentavam suas próprias experiências
fantásticas, com o fórum de discussão sendo liderado pelo psicólogo Dr. Van
Straaten, que procurava sempre encontrar uma explicação lógica e racional para
os misteriosos fatos.
Após o relato desses casos incomuns, o arquiteto é perseguido
por todos os personagens das histórias... E todo seu drama se revela um
pesadelo maior, um ciclo fechado em moto-perpétuo de dor, horror, terror e
sofrimento.”
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