sexta-feira, 28 de agosto de 2015

“NA SOLIDÃO DA NOITE” (ALBERTO CAVALCANTI, BASIL DEARDEN, ROBERT HAMER E CHARLES CRICHTON, GBR, 1945): (“SURREALISMO, PESADELO E O INCONSCIENTE NUMA NOITE TENEBROSA”)

“NA SOLIDÃO DA NOITE” (ALBERTO CAVALCANTI, BASIL DEARDEN, ROBERT HAMER E CHARLES CRICHTON, GBR, 1945)

(“SURREALISMO, PESADELO E O INCONSCIENTE NUMA NOITE TENEBROSA”):

(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO)




““Na solidão da noite” é um filme dividido em cinco contos unificados por uma personagem que tem terríveis pesadelos e, é convidada a passar uma noite, numa casa habitada por pessoas que ele não conhece. O horror está presente desde o início, antes mesmo da personagem sair da sua residência, pois a película começa com o fim de um terrível pesadelo da personagem. Já aí têm-se as características do surrealismo, dos pesadelos do inconsciente desconhecido dos seres humanos, em noites insones e/ou mal dormidas.
As histórias em que se baseiam o roteiro são oriundas de textos de escritores como H. G. Wells, John Baines, E. F. Benson e Angus Macphail. O arquiteto Walter (Mervyn Johns) é a personagem-central do filme e que vai àquela casa, para fazer a pedido dos moradores algumas reformas.
A partir daí cada personagem daquela casa passa a contar histórias fantásticas que viveram. A primeira é intitulada “The Hearse Driver”, filmada por Basil Dearden, e, narra o caso de um piloto de corridas que sobrevive milagrosamente a um terrível acidente.
“The Christmas Story” é a segunda mini narrativa, dirigida por Alberto Cavalcanti, que conta a história de Sally e o que ela vivenciou de terror, numa mansão, durante uma festa de natal.
A terceira narrativa é “The Haunted Mirror”, de Robert Hamer, narra a compra de um espelho, pelo marido, como presente de aniversário, para sua esposa. O espelho, contudo, passa refletir a personalidade doentia do seu antigo dono. Aqui, neste conto têm-se vários intertextos com O retrato de Dorian Gray, de Wilde, com uma persona narcisista doentia, o conto “O Espelho”, de Machado de Assis, uma crítica mordaz e irônica à burguesia, que mostra os burgueses do século XIX como seres puramente marcados pela (falsa) aparência e pelas conveniências.
O quarto episódio é “The golfing story”, dirigido por George Crichton, é uma história de golfistas-fantasmas brigando para ficar com uma bela mulher.
O quinto episódio, também dirigido por Alberto Cavalcanti e, chama-se “The ventriloquist´s Dummy”, a história de toques psicanalíticos de dupla personalidade, esquizofrenia e a narrativa flerta com o sobrenatural e o surreal mais uma vez.
Entre a narração desses acontecimentos sobrenaturais, o grupo de pessoas da casa discutiam o sonho do arquiteto e comentavam suas próprias experiências fantásticas, com o fórum de discussão sendo liderado pelo psicólogo Dr. Van Straaten, que procurava sempre encontrar uma explicação lógica e racional para os misteriosos fatos.

Após o relato desses casos incomuns, o arquiteto é perseguido por todos os personagens das histórias... E todo seu drama se revela um pesadelo maior, um ciclo fechado em moto-perpétuo de dor, horror, terror e sofrimento.”

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