domingo, 4 de outubro de 2015

“ANJO DO MAL” (SAMUEL FULLER/EUA/1953): (“A DICOTOMIA DA SOCIEDADE: DIGNIDADE E CORRUPÇÃO” )

“ANJO DO MAL” (SAMUEL FULLER/EUA/1953)

(“A DICOTOMIA DA SOCIEDADE: DIGNIDADE E CORRUPÇÃO” ):

(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO)



“O filme de Samuel Fuller foi vencedor do Leão de Bronze no Festival de Veneza, merecidamente, pois o filme é ousado, como o diretor sempre o foi, em suas obras, e, neste “Anjo do mal”, o cineasta se preocupa em mostrar a paranoia da Guerra Fria entre EUA e URSS, quando um ladrão rouba uma bolsa de uma mulher, no metrô, sem saber que aquela contém um microfilme com segredos de estado.

Nos filmes noir de Samuel Fuller e é o caso também de Anjo do Mal, o diretor não tem como foco femme fatales e nem anti-heróis trágicos, mas sua câmera foca a camada baixa da sociedade estadunidense: prostitutas, gigolôs, traficantes, delatores, fracassados, bandidos de segunda espécie, policiais propensos à corrupção, etc. Tudo isso mostra que o “sonho americano” e a “maneira de viver americana” são apenas fantasias e utopias. Pois, o mundo é sujo e corrupto por demais.

Skip ao roubar a bolsa vê seu mundo virar do avesso, com sua vida correndo risco. O ladrão de meia tigela se vê agora em meio a uma trama e, sozinho a enfrenta, perdendo todos os amigos em quem podia confiar, pouco a pouco. De ladrão insignificante torna-se inimigo público número um.


O diretor Samuel Fuller através do argumento, da fotografia e da montagem do seu filme; na dramaturgia e no diálogo revela esse paradoxo e a dicotomia desse mundo: a utopia da dignidade humana e a corrupção total da sociedade. O cineasta deixa esta dicotomia em aberto ao final do filme, para o espectador tentar resolver!?”

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