“ANJO
DO MAL” (SAMUEL FULLER/EUA/1953)
(“A
DICOTOMIA DA SOCIEDADE: DIGNIDADE E CORRUPÇÃO” ):
(CRÍTICA
POR RAFAEL VESPASIANO)
“O
filme de Samuel Fuller foi vencedor do Leão de Bronze no Festival de Veneza,
merecidamente, pois o filme é ousado, como o diretor sempre o foi, em suas
obras, e, neste “Anjo do mal”, o cineasta se preocupa em mostrar a paranoia da
Guerra Fria entre EUA e URSS, quando um ladrão rouba uma bolsa de uma mulher,
no metrô, sem saber que aquela contém um microfilme com segredos de estado.
Nos
filmes noir de Samuel Fuller e é o caso também de Anjo do Mal, o diretor não
tem como foco femme fatales e nem anti-heróis trágicos, mas sua câmera foca a
camada baixa da sociedade estadunidense: prostitutas, gigolôs, traficantes,
delatores, fracassados, bandidos de segunda espécie, policiais propensos à
corrupção, etc. Tudo isso mostra que o “sonho americano” e a “maneira de viver
americana” são apenas fantasias e utopias. Pois, o mundo é sujo e corrupto por
demais.
Skip
ao roubar a bolsa vê seu mundo virar do avesso, com sua vida correndo risco. O
ladrão de meia tigela se vê agora em meio a uma trama e, sozinho a enfrenta,
perdendo todos os amigos em quem podia confiar, pouco a pouco. De ladrão
insignificante torna-se inimigo público número um.
O
diretor Samuel Fuller através do argumento, da fotografia e da montagem do seu
filme; na dramaturgia e no diálogo revela esse paradoxo e a dicotomia desse
mundo: a utopia da dignidade humana e a corrupção total da sociedade. O
cineasta deixa esta dicotomia em aberto ao final do filme, para o espectador
tentar resolver!?”
Nenhum comentário:
Postar um comentário