O
QUIMONO ESCARLATE (SAMUEL FULLER/EUA/1959)
(“PRECONCEITO
E CIÚME EM UMA OBRA-PRIMA DE FULLER”)
(CRÍTICA
POR RAFAEL VESPASIANO)
“Este
filme de Fuller poderia ser encarado como um mero e passageiro filme policial.
Mas não o é, o cinema de Fuller é primeiramente paixão e ação. A proposta do
filme é apelar aos sentidos dos espectadores, numa fotografia preto-e-branco arrebatadora,
é quase apelativa para que o filme nos fale diretamente, sobre vários temas
entre eles, o ciúme doentio de uma mulher por possível assassino de uma
dançarina, ciúme este baseado no fato da artista ser mais nova do que a
pretendente (possível) ao pacato cidadão, boa praça e bem-disposto a ajudar o
próximo. Ciúme entre parceiros detetives por uma mesma mulher, Cris, sedutora,
que endoidece a cabeça, tanto de Joey quanto de Chalie. Enquanto essas
reflexões sobre ciúme ocorrem a trama policialesca de qualidade continua sendo
desvendada aos poucos.
Outra
questão abordada é o preconceito norte-americano contra asiáticos, em especial
japoneses, chineses e coreanos, nos anos 50/60 do século XX; o filme é também
uma crítica à Guerra da Coréia, e por tabela à Guerra do Vietnã, e, mais amplamente
à Guerra Fria, um libelo antibelicista implícito. Os dois detetives desenvolvem
uma rivalidade baseada na discriminação étnica (Joey, de origem asiática,
passa, de acordo como transcorrer do enredo, a achar que o parceiro
estadunidense caucasiano o discrimina, Charlie, fica numa situação delicada em
relação ao amigo desconfiado. Mas o próprio Joey acha que também é vítima de
preconceito racial e étnico de Cris, a mulher americana e branca, com quem se
envolve no transcorrer da trama.
O
filme é abrupto e passa rápido, no calor dos sentimentos e das emoções,
apelando ao espectador atenção total, e, gerando reflexões durante a projeção e
depois da exibição também. Um clássico. Atualíssimo ainda no século XXI, 2015.”
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