(“UM INTELECTUAL PERDIDO E À DERIVA NO MUNDO”)
(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO)
“O tema deste reflexivo romance de Noll, escritor brasileiro, contemporâneo, aborda a vida, no seu dia-a-dia monótono e vazio, as memórias de um passado vexatório e as agruras de um escritor, narrador-personagem anônimo, frustrado em seu papel de intelectual. Sua última obra fora considerada relevante pela crítica literária, mas a personagem se frustra, pois o livro não vende nada: como fica a relação “autor-obra-público”?, incomunicabilidade, por isso o protagonista em toda sua passionalidade evada-se no sexo, drogas e álcool.
Vive amargurado, solitário e devaneando e relembrando fatos nada importantes para si ou para o status quo da sociedade, ele está perdido, à deriva no mundo, sozinho e desesperado como muitos outros intelectuais/artistas do século XX/XXI, pós-modernos.
Pode-se recorrer ao mesmo tema no romance “Angústia”, de 1936, de Graciliano Ramos, no qual o protagonista Luís da Silva rememora toda sua vida para testemunhar sua dor e seu fracasso como escritor; ou, “O Amanuense Belmiro”, de Cyro dos Anjos, Belmiro simples funcionário público, mas que é um escritor de mão cheia, mas que não publica, frustrando-se também mais um intelectual. Ambos do modernismo brasileiro da primeira metade do século XX. Ou pegar o exemplo do artista plástico frustrado de “O Túnel”, de Ernesto Sabato, romance publicado em 1948. Ou lembrar ainda de Recordações do Escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto, um moderno à frente do século XIX em seu final.
Bandoleiros é um romance que se sustenta esteticamente e tematicamente. Uma reflexão sempre oportuna a ser feita nos dias líquidos de hoje, segundo Bauman.”
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