sexta-feira, 30 de março de 2018

A Traição (Tokuzo Tanaka, JAPÃO, 1966): Grandes Batalhas e Conflitos Psicológicos


A Traição (Tokuzo Tanaka, JAPÃO, 1966):
Grandes Batalhas e Conflitos Psicológicos:

cartaz de A Traição - 1966.
    Por Rafael Vespasiano.                                                                                                                                                                   
“Tokuzo Tanaka, o cineasta que realizou a obra-prima A Traição, 1966, contribuiu com muitos filmes do gênero chambara. Tanaka dirigiu algo em torno de 30 filmes da série clássica Zatoichi.
A Traição, chambara tem como narrativa a história do samurai Takuma preso ao seu destino – o de assumir um assassinato que não cometeu e que abalou os vínculos de dois clãs de samurais, o Minazuki e o Iwashiro. Takuma se torna, portanto, o principal suspeito e assim ele se afasta de sua cidade, mas o samurai é enredado em várias situações de traições entre os clãs, que Takuma sofre em sua jornada por motivos como dinheiro e honra.
O personagem principal é um dos mais poderosos samurais de todos os filmes de chambaras já feitos, sua técnica é inabalável, mas seu espírito é fortemente atingido depois de uma série de traições e por carregar um fardo que o faz matar cada vez mais. O diretor Tokuzo Tanaka mostra que o assassino verdadeiro é a guerra por poder entre os clãs e o caos provocado por acontecimentos ligados a traições entre os mesmos. O filme faz uma crítica à capacidade de julgamento cega e vendada por uma honra coletiva e individual: a honra dos clãs e a honra de se acreditar no que se quer ver e não no que se crê de verdade como honra e amizade.
A Traição é um chambara emblemático pois o cineasta genial que é Tanaka conduz Takuma em uma batalha final que dura quinze minutos, no qual o samurai enfrenta os dois clãs. Um exemplo genial de como conduzir uma cena e suas edições e cortes, mais as coreografias típicas do gênero chambara, em seus duelos, em especial os duelos homem a homem.
Takuma é o herói escravizado pelos problemas dos clãs que o diretor mostra genialmente para criticar alguns comportamentos e a história da sociedade japonesa em especial a feudal; o protagonista é um emblema e assim percebemos a ambiguidade das suas facetas psicológicas e de samurai-guerreiro, aguerrido e honrado, que Takuma demonstra e vai no decorrer de todo o filme tomando várias proporções: individuais e sociais do Japão do Bushidô, dos samurais e dos ronins, do Xogunato e de seus clãs. Um belíssimo filme e uma obra-prima de Tokuzo Tanaka. ”



Foto do cineasta Tokuzo Tanaka.



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