A Traição (Tokuzo Tanaka,
JAPÃO, 1966):
Grandes Batalhas e Conflitos Psicológicos:
cartaz de A Traição - 1966.
Por Rafael Vespasiano.
“Tokuzo
Tanaka, o cineasta que realizou a obra-prima A Traição, 1966, contribuiu
com muitos filmes do gênero chambara.
Tanaka dirigiu algo em torno de 30 filmes da série clássica Zatoichi.
A
Traição, chambara tem como narrativa a história
do samurai Takuma preso ao seu destino – o de assumir um assassinato que não
cometeu e que abalou os vínculos de dois clãs de samurais, o Minazuki e o
Iwashiro. Takuma se torna, portanto, o principal suspeito e assim ele se afasta
de sua cidade, mas o samurai é enredado em várias situações de traições entre
os clãs, que Takuma sofre em sua jornada por motivos como dinheiro e honra.
O
personagem principal é um dos mais poderosos samurais de todos os filmes de chambaras já feitos, sua técnica é
inabalável, mas seu espírito é fortemente atingido depois de uma série de
traições e por carregar um fardo que o faz matar cada vez mais. O diretor
Tokuzo Tanaka mostra que o assassino verdadeiro é a guerra por poder entre os clãs
e o caos provocado por acontecimentos ligados a traições entre os mesmos. O
filme faz uma crítica à capacidade de julgamento cega e vendada por uma honra
coletiva e individual: a honra dos clãs e a honra de se acreditar no que se
quer ver e não no que se crê de verdade como honra e amizade.
A Traição
é um chambara emblemático pois o
cineasta genial que é Tanaka conduz Takuma em uma batalha final que dura quinze
minutos, no qual o samurai enfrenta os dois clãs. Um exemplo genial de como
conduzir uma cena e suas edições e cortes, mais as coreografias típicas do gênero
chambara, em seus duelos, em especial
os duelos homem a homem.
Takuma é o herói escravizado
pelos problemas dos clãs que o diretor mostra genialmente para criticar alguns
comportamentos e a história da sociedade japonesa em especial a feudal; o
protagonista é um emblema e assim percebemos a ambiguidade das suas facetas psicológicas
e de samurai-guerreiro, aguerrido e honrado, que Takuma demonstra e vai no decorrer
de todo o filme tomando várias proporções: individuais e sociais do Japão do Bushidô, dos samurais e dos ronins, do Xogunato e de seus clãs. Um
belíssimo filme e uma obra-prima de Tokuzo Tanaka. ”
Foto do cineasta Tokuzo Tanaka.
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