(Johanna D´Arc of Mongolia, Alemanha Ocidental,
França, 1989):
(Diálogo
entre culturas):
“A
cineasta alemã Ulrike Ottinger realiza este interessante Johanna D´Arc of
Mongolia (Alemanha Ocidental, França, 1989), nomeado ao Leão de Ouro do
Festival de Berlim, de 1989, filmado também durante o ano da Queda do Muro de
Berlim, sendo talvez este fato histórico um interessante paralelo para com a
obra da diretora, pois seu filme entre outras coisas trata e aborda a troca de
culturas, o cosmopolitismo, sem barreiras ou fronteiras marcadas por pré-conceitos
culturais.
Quatro
mulheres de diferentes nacionalidades estão em um trem da Transiberiana e elas
começam a interagir entre si. Uma é a especialista na cultura da região Lady
Windermere (Delphine Seyrig, atriz de filmes como Muriel e O Ano Passado em
Marienbad, ambos dirigidos por Alain Resnais); outra é a professora secundária
alemã Mueller-Vohwinkel (Irm Hermann, que foi dirigida por Rainer Werner
Fassbinder em diversos filmes tais como: O Medo do Medo e As Lágrimas Amargas
de Petra von Kant); outra dessas mulheres é a mochileira francesa Giovanna
(Ines Sastre) e, por último, tem-se a
personagem da cantora norte-americana da Broadway Fanny Ziegfeld
(Gillian Scalici). Elas também interagem com algumas outras personagens o
cantor alemão Mickey Katz, dois oficiais russos e as irmãs Kalinka, que formam
um trio musical bem divertido.
Porém,
todas as personagens masculinas são deixadas de lado, quando apenas as mulheres
tomam o trem da Transmongol, depois de quase uma hora de filme bem marcada e em
uma cena de transição aparece, finalmente, a princesa guerreira mongol Ulan Iga,
a qual serve de paralelo com a Joana D´Arc da História europeia, as viajantes
são a partir daí mantidas apenas em parte como reféns, mas muito mais são
tomadas como hóspedes pelas mongóis nômades.
O filme, então, passa para uma segunda parte,
mudando de ambiência e também passa quase que completamente a ser filmado em
externas, diferente da primeira parte que foi marcada por cenas filmadas
internamente nos vagões de trens. Agora a história sem pressa e sem ser narrada
muito por meio de fatos encadeados, mas apenas episódicos, começa a se desenrolar
nas estepes mongóis. Procurando ressaltar a troca de experiências, a amizade
inusitada que surge entre culturas diferentes, mostrando que é possível o
diálogo, a interação sem pré-conceitos de culturas aparentemente inconciliáveis.
”
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