(Possuídas Pelo Pecado, Jean Garret,
Brasil, 1976):
“Possuídas pelo Pecado
é um filme de Jean Garret que além de diretor escreveu também o roteiro ao lado
de Ody Fraga, assim como fizeram no thriller Excitação, também lançado em 1976. Em Possuídas pelo Pecado, tem-se uma história sobre a podridão dos capitalistas,
como o Dr. Leme (Benjamin Cattan) que é um burguês alcoólatra, abusivo e
dominador, que gosta de promover festas regadas a álcool e muito sexo.
Inclusive a primeira cena é elucidativa para o que veremos em tela, a câmera percorre
vários cômodos da sua chácara, onde está ocorrendo uma orgia, a cena é até bem
filmada e divertida, ao mostrar o desbunde de várias situações engraçadas.
O
Dr. Leme é casado com Raquel (Meyre Vieira), porém separados e vivendo em casas
diferentes, já que ele a culpa por ela não ter dado filhos a ele para que
fossem seus herdeiros, no legado de sua imensa fortuna, já ela o acusa de ser alcoólatra
e só dar importância, desde o início do casamento às bebidas e de sempre a ter
traído. Ela tem um caso amoroso com o fiel motorista do Dr. Leme, André (David
Cardoso), sem aquele o saber. Os dois amantes têm o plano de forjar um acidente
para o capitalista e assim ficarem com a herança dele destinada a Raquel.
Na
chácara o sórdido Leme humilha, usa e maltrata duas secretárias-amantes, Jussara
(Zilda Sedenho) e a também alcoólatra Anita (Helena Ramos, em uma excelente
atuação), que é abusada constantemente pelo Dr. Leme, inclusive em uma das
cenas mais interessantes do filme é humilhada num chiqueiro, que lembrou Pocilga, de Pasolini, em retratar a
sordidez e perversidade dos burgueses quanto os que estão abaixo nas hierarquias
sociais. Por isso, uma reflexão importante no filme de Garret é a dança das
cadeiras na sociedade, ora uns em uma posição mais privilegiada, ora outros em
uma posição desfavorável.
Têm-se
diálogos interessantes no roteiro de Garret e Fraga, por exemplo, quando, em
outras palavras, o Dr. Leme em um diálogo é chamado de monstro por uma das suas
secretárias e ele afirma sou mesmo, porém o dinheiro me dar esse direito me dar
esse direito. Em outro diálogo Jussara
fala ao pintor Marcelo (Agnaldo Rayol) que pode ser uma mau-caráter, porém
prefere o ser a viver em uma situação pior socialmente da que vive. Estes
diálogos servem como ironia dos roteiristas às relações perversas que ocorrem na
sociedade capitalista.
No
filme ainda temos duas personagens importantes para a trama, Dorinha (Nicole
Puzzi, em início de carreira), como a filha ambiciosa e desinibida da empregada
Isaura (Ruthinea de Moraes).
Enfim,
o filme retrata e ressalta realisticamente e até com boas doses de ironia a
perversidade e a corruptibilidade que existem nas relações humanas em uma
sociedade capitalista. ”
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