segunda-feira, 12 de setembro de 2016

(“O MATADOR”, HENRY KING, 1950): (“UM WESTERN PSICOLÓGICO CLÁSSICO E PARADIGMÁTICO: DEFINIU O RUMO DO WESTERN DOS ANOS 1950 EM DIANTE”)

(“O MATADOR”, HENRY KING, 1950):

(“UM WESTERN PSICOLÓGICO CLÁSSICO E PARADIGMÁTICO: DEFINIU O RUMO DO WESTERN DOS ANOS 1950 EM DIANTE”):

(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO):





“Henry King é um cineasta de altos e baixos. Mas, quando acertava, sempre era muito o que muito bom o que ele fazia. E geralmente tornava-se clássica, a película que fazia; apesar da maioria destes filmes, não serem à época sucesso de público e até não serem bem recebidos pela crítica especializada contemporânea.

Só o tempo, daria o status aos seus filmes de clássicos, a grande maioria, por sinal; e, de o diretor de cinema dos Estados Unidos da América mais confiável para os estúdios e os produtores de cinema da sua época. Estes dois fatos últimos já eram percebidos pela 20th Century-Fox e pelo produtor desta Darryl F. Zanuck à época.

Tanto que De Toth, então mais famoso pelos fuxico em sua vida pessoal, do que pelos bons filmes que fazia. De Toth e Nunnaly Johnson trabalhavam no roteiro para o cinema de “O Matador”, que seria filmado por André De Toth e produzido por Johnson para a 20th Century-Fox. Quando Darryl F. Zanuck, o diretor de produção do estúdio percebeu o potencial daquele western em estágio de escrita, dispensou De Toth e entregou a direção ao mais confiável diretor da casa, chegara a vez de Gregory Peck fazer parceria constante com Henry King, depois daquela que King firmara com Tyrone Power.

“O Matador”, o qual para o primeiro crítico de cinema a reconhecer, que esse filme de King era sensacional e clássico, já desde o lançamento nos cinemas estadunidenses, em 1950.  O crítico referido é o prestigiado Everson, que afirma que os muitos prêmios e fama conquistados por “Matar ou Morrer” (High Noon), de 1952, deveriam ser atribuídos a “O Matador”, do qual o filme de Fred Zimmermann usurpou as inovações e o equilíbrio artístico e cinematográfico, que o consagraram. Para Everson, “O Matador” é uma obra-prima que abre a década de 1950 como um western que muda os rumos dos faroestes dos EUA naquela década, para adiante, que culminou em 1992, com “Os Imperdoáveis”, dirigido e protagonizado por Clint Eastwood.

Detalhe extra, mas fundamental para os novos rumos do western americano, e, até do subgênero que sugeria depois, o bang bang italiano: o bigode de Gregory Peck -, para compor a imagem do pistoleiro Jimmy Ringo foi pedido a Gregory Peck que deixasse crescer o bigode. Jimmy Ringo em nada lembrava o extravagante Lewt McCanles que Peck interpretara no grande êxito comercial que havia sido “Duelo ao Sol”, uma obra prima de grande atuação de Peck e dirigida por King Vidor, um western também à frente do seu tempo.

O fato era que Jimmy Ringo não lembrava nenhum mocinho de outros westerns. Contudo, após duas semanas de filmagens o presidente da Fox, Skouras assistiu a alguns trechos do filme já filmados e, se desesperou com o que viu: o maior astro do estúdio totalmente sem glamour, e com um bigode para Skouras, ridículo e que poria o filme todo a perder e principalmente a dar prejuízos financeiros ao estúdio.



Jimmy Ringo (Gregory Peck) e Mark Street (Millard Mitchell) foram antigos companheiros num bando de fora-da-lei. Ringo ganhou notoriedade por ser um gatilho muito rápido. Após se separarem Mark Street preferiu seguir caminho diferente e tornou-se o xerife de Cayenne, impondo a lei e ordem com rigor no pequeno lugarejo. Peggy Walsh (Helen Westcott), a esposa de Jimmy Ringo, com o filho Jimmie vivem em Cayenne, onde ela é professora e usa o sobrenome Walsh. Incógnita, somente Mark Street e a cantora de saloon Molly sabem que Peggy é esposa do pistoleiro.

Peggy cansou-se da vida irregular que levava com Jimmy Ringo e afastou-se dele. Passando por uma outra cidade onde foi reconhecido, Jimmy Ringo foi obrigado a matar, em legítima defesa, um jovem provocador, que se achava o pistoleiro mais rápido do mundo, até que Ringo ruma para a vila em que está sua esposa, para convencer ela da possibilidade de constituírem vida nova em um lugar distante onde ele não seja reconhecido.

O que fez de "O Matador" um western importante é inicialmente o tema inusitado do pistoleiro que tenta fugir da fama e do peso da consciência que carrega. Heróis dos faroestes sempre foram homens invencíveis, determinados e sem aparentes problemas psicológicos que pudessem afligi-los por matar. Jimmy Ringo saboreou na juventude a fama de pistoleiro invencível.

Mas, o segundo aspecto importante de "O Matador" é sua concepção artística e cinematográfica (ponto para King que concebe a o todo do western), baseada num roteiro bastante dialogado, que explica, o primeiro aspecto importante de inovação sem tiroteios despropositados, sem exageros de violência física. O que existe é uma claustrofobia, que acontece, em sua maior parte nos diálogos travados no 'Palace Saloon' dirigido por Mac (Karl Malden) e com uma notável economia de ação e cenários que mais valorizam a intenção de mostrar o lado humano de Ringo, são esses elementos que tornam o western de Henry King um admirável filme. Um drama-western, um filme psicológico e denso, reflexivo, tenso e com alta densidade de diálogos e pensamentos, pressão psicológica, em detrimento do excesso de violência física que já acompanhava os westerns americanos há muito tempo. Inaugurando um novo subgênero o anti-western, o western psicológico. Está aí mais uma inovação de King junto principalmente à primorosa atuação de Peck, que confirma tudo isso. Surgindo um clássico, uma obra-prima do cinema como um todo.



Se necessário fosse destacar um único ponto importante de "O Matador", esta seria a extrema simplicidade da sua produção e que resultou num clássico absoluto. “O Matador” tem a esplêndida a fotografia de Arthur C. Miller, e Alfred Newman responde pela trilha sonora, discreta como o filme pedia, como sempre ele fez em todos os seus trabalhos, sempre com uma trilha condizente com os filmes em que ele trabalhou, em consonância com a temática e cenas de cada um, “O Matador” esta qualidade é perceptível em alto grau.


No aspecto financeiro “O Matador” não chegou a dar prejuízo porque os fãs de westerns e fãs de Gregory Peck foram assistir ao filme de Henry King, mas ficou longe de dar o lucro que a 20th Century-Fox esperava. E Skouras quando encontrou Gregory Peck disse a ele que aquele bigode fora o responsável pelo fracasso de “O Matador”. O presidente da Fox não percebeu, que, o trabalho de King e Peck era visionário e, nas décadas seguintes seria cada vez mais difícil encontrar um cowboy de rosto limpo e que aquele western com Gregory Peck seria, para muitos críticos, o melhor de toda a carreira do ator e uma das suas melhores interpretações dentre todos os seus créditos como ator.”


Nenhum comentário:

Postar um comentário