(“O
MATADOR”, HENRY KING, 1950):
(“UM
WESTERN PSICOLÓGICO CLÁSSICO E PARADIGMÁTICO: DEFINIU O RUMO DO WESTERN DOS
ANOS 1950 EM DIANTE”):
(CRÍTICA
POR RAFAEL VESPASIANO):
“Henry
King é um cineasta de altos e baixos. Mas, quando acertava, sempre era muito o
que muito bom o que ele fazia. E geralmente tornava-se clássica, a película que
fazia; apesar da maioria destes filmes, não serem à época sucesso de público e
até não serem bem recebidos pela crítica especializada contemporânea.
Só
o tempo, daria o status aos seus filmes de clássicos, a grande maioria, por sinal;
e, de o diretor de cinema dos Estados Unidos da América mais confiável para os
estúdios e os produtores de cinema da sua época. Estes dois fatos últimos já
eram percebidos pela 20th Century-Fox e pelo produtor desta Darryl F. Zanuck à
época.
Tanto
que De Toth, então mais famoso pelos fuxico em sua vida pessoal, do que pelos
bons filmes que fazia. De Toth e Nunnaly Johnson trabalhavam no roteiro para o
cinema de “O Matador”, que seria filmado por André De Toth e produzido por
Johnson para a 20th Century-Fox. Quando Darryl F. Zanuck, o diretor de produção
do estúdio percebeu o potencial daquele western em estágio de escrita,
dispensou De Toth e entregou a direção ao mais confiável diretor da casa,
chegara a vez de Gregory Peck fazer parceria constante com Henry King, depois
daquela que King firmara com Tyrone Power.
“O
Matador”, o qual para o primeiro crítico de cinema a reconhecer, que esse filme
de King era sensacional e clássico, já desde o lançamento nos cinemas
estadunidenses, em 1950. O crítico
referido é o prestigiado Everson, que afirma que os muitos prêmios e fama
conquistados por “Matar ou Morrer” (High Noon), de 1952, deveriam ser
atribuídos a “O Matador”, do qual o filme de Fred Zimmermann usurpou as
inovações e o equilíbrio artístico e cinematográfico, que o consagraram. Para
Everson, “O Matador” é uma obra-prima que abre a década de 1950 como um western
que muda os rumos dos faroestes dos EUA naquela década, para adiante, que
culminou em 1992, com “Os Imperdoáveis”, dirigido e protagonizado por Clint
Eastwood.
Detalhe
extra, mas fundamental para os novos rumos do western americano, e, até do subgênero
que sugeria depois, o bang bang italiano: o bigode de Gregory Peck -, para
compor a imagem do pistoleiro Jimmy Ringo foi pedido a Gregory Peck que
deixasse crescer o bigode. Jimmy Ringo em nada lembrava o extravagante Lewt
McCanles que Peck interpretara no grande êxito comercial que havia sido “Duelo
ao Sol”, uma obra prima de grande atuação de Peck e dirigida por King Vidor, um
western também à frente do seu tempo.
O
fato era que Jimmy Ringo não lembrava nenhum mocinho de outros westerns. Contudo,
após duas semanas de filmagens o presidente da Fox, Skouras assistiu a alguns
trechos do filme já filmados e, se desesperou com o que viu: o maior astro do estúdio
totalmente sem glamour, e com um bigode para Skouras, ridículo e que poria o
filme todo a perder e principalmente a dar prejuízos financeiros ao estúdio.
Jimmy
Ringo (Gregory Peck) e Mark Street (Millard Mitchell) foram antigos
companheiros num bando de fora-da-lei. Ringo ganhou notoriedade por ser um
gatilho muito rápido. Após se separarem Mark Street preferiu seguir caminho
diferente e tornou-se o xerife de Cayenne, impondo a lei e ordem com rigor no
pequeno lugarejo. Peggy Walsh (Helen Westcott), a esposa de Jimmy Ringo, com o
filho Jimmie vivem em Cayenne, onde ela é professora e usa o sobrenome Walsh.
Incógnita, somente Mark Street e a cantora de saloon Molly sabem que Peggy é
esposa do pistoleiro.
Peggy
cansou-se da vida irregular que levava com Jimmy Ringo e afastou-se dele.
Passando por uma outra cidade onde foi reconhecido, Jimmy Ringo foi obrigado a
matar, em legítima defesa, um jovem provocador, que se achava o pistoleiro mais
rápido do mundo, até que Ringo ruma para a vila em que está sua esposa, para convencer
ela da possibilidade de constituírem vida nova em um lugar distante onde ele
não seja reconhecido.
O
que fez de "O Matador" um western importante é inicialmente o tema
inusitado do pistoleiro que tenta fugir da fama e do peso da consciência que
carrega. Heróis dos faroestes sempre foram homens invencíveis, determinados e
sem aparentes problemas psicológicos que pudessem afligi-los por matar. Jimmy
Ringo saboreou na juventude a fama de pistoleiro invencível.
Mas,
o segundo aspecto importante de "O Matador" é sua concepção artística
e cinematográfica (ponto para King que concebe a o todo do western), baseada
num roteiro bastante dialogado, que explica, o primeiro aspecto importante de
inovação sem tiroteios despropositados, sem exageros de violência física. O que
existe é uma claustrofobia, que acontece, em sua maior parte nos diálogos
travados no 'Palace Saloon' dirigido por Mac (Karl Malden) e com uma notável
economia de ação e cenários que mais valorizam a intenção de mostrar o lado
humano de Ringo, são esses elementos que tornam o western de Henry King um
admirável filme. Um drama-western, um filme psicológico e denso, reflexivo, tenso
e com alta densidade de diálogos e pensamentos, pressão psicológica, em detrimento
do excesso de violência física que já acompanhava os westerns americanos há
muito tempo. Inaugurando um novo subgênero o anti-western, o western
psicológico. Está aí mais uma inovação de King junto principalmente à primorosa
atuação de Peck, que confirma tudo isso. Surgindo um clássico, uma obra-prima do
cinema como um todo.
Se
necessário fosse destacar um único ponto importante de "O Matador", esta
seria a extrema simplicidade da sua produção e que resultou num clássico
absoluto. “O Matador” tem a esplêndida a fotografia de Arthur C. Miller, e
Alfred Newman responde pela trilha sonora, discreta como o filme pedia, como
sempre ele fez em todos os seus trabalhos, sempre com uma trilha condizente com
os filmes em que ele trabalhou, em consonância com a temática e cenas de cada
um, “O Matador” esta qualidade é perceptível em alto grau.
No
aspecto financeiro “O Matador” não chegou a dar prejuízo porque os fãs de
westerns e fãs de Gregory Peck foram assistir ao filme de Henry King, mas ficou
longe de dar o lucro que a 20th Century-Fox esperava. E Skouras quando
encontrou Gregory Peck disse a ele que aquele bigode fora o responsável pelo
fracasso de “O Matador”. O presidente da Fox não percebeu, que, o trabalho de
King e Peck era visionário e, nas décadas seguintes seria cada vez mais difícil
encontrar um cowboy de rosto limpo e que aquele western com Gregory Peck seria,
para muitos críticos, o melhor de toda a carreira do ator e uma das suas
melhores interpretações dentre todos os seus créditos como ator.”
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