(““TEMPESTADES
D´ALMA”, FRANK BORZAGE, 1940”):
(“A
MUDANÇA RADICAL NAS RELAÇÕES FAMILIARES E SOCIAIS E NA HUMANIDADE: UMA
TEMPESTADE TREVOSA PARA O MUNDO”):
(CRÍTICA
POR RAFAEL VESPASIANO):
“Tempestades
D´Alma” (“The mortal storm”, Frank Borzage, EUA, 1940): conta a história da
família Roth, que vive no interior da Alemanha. O pai, professor Roth é um
acadêmico renomado. Podemos notar isso na cena em que ele é homenageado por
seus alunos, logo no início do filme, numa belíssima cena, em ocasião de seu
aniversário. Professor Roth, e sua esposa têm dois filhos: Rudi e Freya; Otto e
Erich são filhos do primeiro casamento da Sra.Roth, vivem com a família também.
Está tudo tranquilo na vida familiar, até a empregada da família interromper o
jantar para anunciar que Hitler foi nomeado chanceler da Alemanha. A partir daí
a vida da família muda radicalmente e para um caos tempestuoso, da mesma
maneira que mudou a História da Humanidade a partir daquela nomeação de Adolf
Hitler para chanceler.
O
filme vai mostrando aos poucos, num tom crescendo de efeito de borrasca, os
efeitos da ascensão do nazismo sobre essa família. Otto e Fritz (rapaz que iria
se casar com Freya) filiam-se ao Partido Nazista. Martin Breitner (James
Stewart), amigo dos dois, não compartilha da mesma visão deles, não acha que a
Alemanha deve ser salva, por isso é excluído do círculo de amizades. Professor
Roth é hostilizado por seus alunos, todos filiados ao Partido Nazista, que se
recusam ter aulas com um professor judeu. Só que antes estes mesmo alunos
admiravam e adoravam o Professor Roth, participando inclusive da cena inicial de
homenagem ao acadêmico, na universidade no dia do seu aniversário. Freya, que
iria se casar com Fritz já não sabe mais se vai fazê-lo, pois estar apaixonada
por Martin -, o homem que é desprezado por todos da cidade, pois não
compartilha das ideias fascistas de agora, com quem nenhum alemão de ‘verdade’
pode travar relações. Exceto Freya, e, o Sr. e a Sra. Roth, que continuam com a
amizade recíproca a Martin. E mais uns poucos não fascistas da cidade, pois são
justamente judeus.
Mas
os estadunidenses da produtora MGM não atacaram de vez o Nazismo, neste filme
claramente de propaganda antinazista. Pois, ficam os produtores da MGM com
receio de chamar judeus de judeus no roteiro e nos diálogos do filme, usando o
eufemismo de ‘não arianos’. É aí que está o maior problema e defeito desta
película: o filme não toma partido dos judeus, embora mostre os horrores que
fizeram os Nazistas e o Eixo, durante a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto,
a eles, ‘judeus’, com orgulho!
A grande maioria dos chefões de
estúdio (MGM, então!) era de judeus, nos EUA. Imagina-se que eles seriam os
maiores lutadores contra o antissemitismo e o nazismo, afinal de contas ninguém
mais do que eles sabiam como era enfrentar todo esse preconceito. Mas não. Os produtores
dos estúdios venderam armamento para a Alemanha; não defendiam suas origens,
pois: tinham medo de perder mercado; se identificavam mais como americanos do que
como judeus e, a política de colaboração com a Alemanha deixara marcas muito
profundas. Por causa disso, Tempestades d´alma foi mutilado.”
“A
TÍTULO DE CURIOSIDADE:
(“A Segunda Guerra Mundial tinha aquele poder citado
no parágrafo anterior no fim do mesmo. Que na verdade já vinha de antes, do
estouro da Guerra; toda vez, que Hollywood produzia um filme antinazista, os
dois países entravam em acordo, para não interferir nos lançamentos dos filmes na
Europa, Alemanha, e, na América do Norte, nos Estados Unidos, o que gerava no
fim das contas: ou engavetamento das obras; não realização/fim das filmagens
mal iniciadas ou dos filmes paralisados ainda em pré-produção; mutilação; ou
perda criminosa dos negativos. Como se pode imaginar a Guerra
afetou a distribuição dos filmes no mundo. Hitler cortou pela metade a receita
de Hollywood na Alemanha. Hollywood e a MGM tentaram quebrar esse acordo/pacto
em “Tempestades d’Alma”, que foi,
de fato, o primeiro filme antinazista significativo. Com as ressalvas já feitas
na crítica, entretanto.”)”.
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