Juventude
Transviada (Rebel Without a Cause, 1955,
Nicholas Ray):
("Rebeldes sem causa?"):
(Resenha por Rafael Vespasiano).
“Juventude transviada é um
daqueles filmes que se tornam símbolos das gerações anteriores, contemporâneas
e retratadas no roteiro do mesmo e das gerações de jovens, em específico,
vindouras.
Com cenas marcantes e tão
empáticas ao espectador produzem emblemas que não mais o representam simplesmente,
mas remetem ao meio, viram condição indissociável do cinema e da Humanidade.
Um filme único, pois reuniu de
uma vez só no mesmo trabalho de cinema, dois dos maiores incompreendidos no
cinema e na vida real. James Dean, o jovem ator que morreria prematuramente em
circunstâncias não totalmente esclarecidas até hoje; e Nicholas Ray, o cineasta
rebelde e maldito, o diretor que filmou o descompasso entre o homem e a
Humanidade.
O resultado expresso na obra confunde o real e
o ficcional, daí sua atemporalidade clássica, pois a ambiência do filme é desilusão
e falta de esperanças e expectativas; a sensação de tragicicdade acompanha às
personagens o filme inteiro, numa sensação angustiante para aquela geração tão
jovem e desorientada dos anos 1950, meados da década de 50, nos Estados Unidos
da América, ou melhor, no mundo.
Completam o principal time do filme a atriz Natalie
Wood e o ator Sal Mineo. Juventude
transviada conta a história de Jim Stark (James Dean), ‘garoto-problema’
que percorre cidades e cidades com sua família desestruturada, na esperança de
que o filho ‘tome consciência? ’, e, encontre seu ‘papel’ na sociedade. A
partir de uma insatisfação juvenil surge um conflito de gerações, a falta de
diálogo e comunicação entre pais e filhos, a deterioração da relação familiar
anuncia a vinda de uma nova geração, com novos valores e interesses. Atual?
Anos 1950 e anos 2010: a solidão advinda do rompimento com um mundo que não
lhes interessa mais.
Nicholas Ray em Juventude Transviada preocupou-se em
transpor para as telas a falência de várias instituições sociais aparentemente
caducas e desconexas com a pós-modernidade a manifestar-se. Conceitos como
polícia, família, escola, ética, honra e moral são discutidas no filme em tom
de sarcasmo e ironia ímpares.
Nicholas Ray conferiu dignidade à
adolescência em Juventude Transviada.
Em um dos raros filmes da História Cinematográfica, os dilemas da juventude, a desconfiança
e a solidão, a insatisfação, a insegurança e a violência sem razão aparente e à
flor da pele são tratados de forma séria, irônica, mas, a buscar uma identificação
para a juventude de todos os tempos com a sociedade e aa garantir seu local de
direito e deveres na Humanidade. Enfim, discute o papel da juventude e o porquê
de seus desvios e inconformismo, e a forma da mesma adquirir uma noção do
porquê e da motivação de existir em sociedade, para esta discussão o filme fica
em aberto quanto a solução. Pois um clássico como este permanece atual; basta
vermos os acontecimentos da juventude transviada no século XXI, 2017, cada vez
mais com famílias desestruturadas e sem uma razão e sentido para existir, uma
juventude desorientada e sem referências, uma juventude cada vez mais perdida e
desesperançada.
Assim Ray realizou, em 1955, uma
obra atemporal, um clássico profundamente humano e do cinema. ”
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