sábado, 29 de abril de 2017

Juventude Transviada (Rebel Without a Cause, 1955, Nicholas Ray): ("Rebeldes sem causa?")

Juventude Transviada (Rebel Without a Cause, 1955, Nicholas Ray):




                                                                 ("Rebeldes sem causa?"):


                                                           (Resenha por Rafael Vespasiano).

“Juventude transviada é um daqueles filmes que se tornam símbolos das gerações anteriores, contemporâneas e retratadas no roteiro do mesmo e das gerações de jovens, em específico, vindouras.
Com cenas marcantes e tão empáticas ao espectador produzem emblemas que não mais o representam simplesmente, mas remetem ao meio, viram condição indissociável do cinema e da Humanidade.
Um filme único, pois reuniu de uma vez só no mesmo trabalho de cinema, dois dos maiores incompreendidos no cinema e na vida real. James Dean, o jovem ator que morreria prematuramente em circunstâncias não totalmente esclarecidas até hoje; e Nicholas Ray, o cineasta rebelde e maldito, o diretor que filmou o descompasso entre o homem e a Humanidade.



 O resultado expresso na obra confunde o real e o ficcional, daí sua atemporalidade clássica, pois a ambiência do filme é desilusão e falta de esperanças e expectativas; a sensação de tragicicdade acompanha às personagens o filme inteiro, numa sensação angustiante para aquela geração tão jovem e desorientada dos anos 1950, meados da década de 50, nos Estados Unidos da América, ou melhor, no mundo.
 Completam o principal time do filme a atriz Natalie Wood e o ator Sal Mineo. Juventude transviada conta a história de Jim Stark (James Dean), ‘garoto-problema’ que percorre cidades e cidades com sua família desestruturada, na esperança de que o filho ‘tome consciência? ’, e, encontre seu ‘papel’ na sociedade. A partir de uma insatisfação juvenil surge um conflito de gerações, a falta de diálogo e comunicação entre pais e filhos, a deterioração da relação familiar anuncia a vinda de uma nova geração, com novos valores e interesses. Atual? Anos 1950 e anos 2010: a solidão advinda do rompimento com um mundo que não lhes interessa mais.



Nicholas Ray em Juventude Transviada preocupou-se em transpor para as telas a falência de várias instituições sociais aparentemente caducas e desconexas com a pós-modernidade a manifestar-se. Conceitos como polícia, família, escola, ética, honra e moral são discutidas no filme em tom de sarcasmo e ironia ímpares.
Nicholas Ray conferiu dignidade à adolescência em Juventude Transviada. Em um dos raros filmes da História Cinematográfica, os dilemas da juventude, a desconfiança e a solidão, a insatisfação, a insegurança e a violência sem razão aparente e à flor da pele são tratados de forma séria, irônica, mas, a buscar uma identificação para a juventude de todos os tempos com a sociedade e aa garantir seu local de direito e deveres na Humanidade. Enfim, discute o papel da juventude e o porquê de seus desvios e inconformismo, e a forma da mesma adquirir uma noção do porquê e da motivação de existir em sociedade, para esta discussão o filme fica em aberto quanto a solução. Pois um clássico como este permanece atual; basta vermos os acontecimentos da juventude transviada no século XXI, 2017, cada vez mais com famílias desestruturadas e sem uma razão e sentido para existir, uma juventude desorientada e sem referências, uma juventude cada vez mais perdida e desesperançada.

Assim Ray realizou, em 1955, uma obra atemporal, um clássico profundamente humano e do cinema. ”


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