domingo, 30 de abril de 2017

2 poemas de 2017-Por Rafael Vespasiano- "A juventude e o índio a lutar sempre!"

Poemas de Rafael Vespasiano:

1)

“O Brado da Luta sem Fim!”

(POR RAFAEL VESPASIANO)
30 de março de 2017.

“Sonhos, planos; conquistas, amores; frustrações, erros,
estas palavras sempre marcaram qualquer ‘Juventude’, em quaisquer tempos,
mas nos dias atuais os jovens têm medo, a qualquer momento, a usurpação
dos seus direitos e deveres se aproximam deles como ratos da destruição
de tudo que os ‘Jovens’ dos tempos de outrora construíram, a ferro e fogo...

A Aurora e a Escuridão se confundem na Penumbra das Incertezas da ‘Juventude’,
porém, brav@s ‘Jovens’, seja na idade ou seja no espírito, unem-se para lutar
e nada temer do que estar para se enfrentar; conquistas ‘eles’ querem,
em qualquer setor da vida, afetiva ou política; o que importa é não recuar
e retroceder jamais ao que já foi conquistado, a ferro e fogo...

Conquistas e frustrações; decepções e erros fazem parte da vida de qualquer um,
todos seres humanos vivem para isso, alegrias e tristezas, dores e infortúnios,
querendo sempre um porvir melhor do que o passado para os ‘Jovens’ que prosseguem,

nesta luta sem fim pela Vida que todo ‘Jovem’ sempre Sonhou, Sonha e Sonhará:
Liberdade, Igualdade perante aos outros cidadãos, Irmandade e respeito entre tod@s.

Os ‘Jovens’ bradam: “-Utopia, não, só queremos oportunidades de nada temer!””.


2)


“O Indígena a Naufragar”
(“Eu a olhava com meu olhar pardo,
em que há o tigre e a gazela.”).
(Lima Barreto).
I
“Das terras do sem-fim da América, Iracema, das tribos originais do Brasil,
da união amorosa com Martim, entre colonizador e índia: o nascimento
de Moacir: primeiro brasileiro miscigenado.
Porém, o filho do Brasil é raptado e para a Europa vai -, é o elemento unificador
da miscigenação sendo levado daqui, para o continente, o local que comanda a
destruição dos ameríndios e dos índios brasileiros, a plena aculturação
deste país chamado Brasil que na verdade é tão longe daqui...

Iracema morre; Logo, Iracema, outrora a virgem dos lábios de mel, sucumbe a
desilusão, com o fel na boca trazido pelo europeu,
a morte da índia dos cabelos mais negros que as asas da Graúna, só reforça a
vitória dos brancos colonizadores.
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Nosso verdadeiro herói sempre foi um ser livre por Natureza e não um cavaleiro  
andante e medieval do Graal!
Peri e Ceci formam um par romântico belíssimo de pura idealização romântica,
entretanto, não configura de maneira alguma a formação do povo brasileiro...
Peri, herói guarani-goitacá, é um cavaleiro medieval europeu perdido no Brasil...
Submisso a um regime feudal de tão imaginativo, que a palmeira de ventura
suprema a conduzir Peri e Ceci rumo à construção da América original, se perde
no pitoresco de uma América tão longe daqui...
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 Só podemos crer mesmo em Ubirajara, senhor da lança, que tinha o
comando de sua nação, nos tempos ainda pré-cabralianos.
 O canto dos Tupis era a música, a poesia dos nossos senhores
originais.
Nos tempos dos Araguaias, Tapuias, Tocantims, já existia civilização e 
cultura em suas Terras. E assim bramiam:
‘- Tacapes, arcos, plumas da vitória, setas mais rápidas que o voo do gavião,
a sabedoria dos anciões e pajés; tudo, ó, Tupã, glorificai e unificai as tribos tupis,
na tribo dos Ubirajaras, para enfrentarmos, os guerreiros do mar, caramurus, que
desafiam a nossa nação e as nossas terras!’
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 Os indígenas se mantiveram fiéis a Tupã, o Deus do Sol, ofuscado
 pelos europeus ávidos das riquezas do Brasil...
Mesmo os Jesuítas escravizando e aculturando os donos do País, os indígenas
sempre ignorando os supostos ensinamentos civilizatórios, clamavam:
‘ – Tupã, evocamos a ti, expulsai os invasores, os anhangas, os espíritos do mal,
os colonizadores, fantasmas guerreiros do mar, caramurus, ó, Tupã, destruí-os
com seus raios e trovões heroicos!’
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O elixir do pajé sábio para o combate chamou
seus guerreiros -, seja de batalhas, seja de guerras sexuais -,
inflamando de ardor os valentes tupis para as lutas do amor!
Um elixir que antecipou alguns remédios dos brancos dos séculos vindouros.
Este beberico dos pajés de tão milagroso, os tupis tomavam uma conta
era mais de anos e anos de tesão e calor!”
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II
“E a partir de então passou a entrar em extinção os indígenas a se tornar
cada vez mais raros nos séculos posteriores...
E de nada mais vale nem mesmo as belezas naturais
de uma nação sem o seu cerne original de nacionalidade, perdida nas ruínas do
processo de destruição e aculturação colonial!
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No século XX, em algum momento, o mito fundador da nossa Nação,
foi reconstruído com a figura de Martim Cererê, este Ser é a fusão
da cultura dos índios com as outras etnias formadoras da nossa Terra;
o Modernismo Heroico acabou por recuperar a figura do Saci Pererê,
mito dos índios do Sul e de sua cultura original.
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Os manifestos do Pau-Brasil e da Antropofagia des-reconstruíam tudo que vinham
dos colonizadores para o bem da Poesia realmente brasileira.
Oswald e Mário ao contribuir com seus poemas, e, com a figura mitopoética de
Macunaíma, este ser épico-lírico que nos dizia que ‘brincar’ é normal,
em um romance Antropofágico, no qual ressaltava-se as glórias e as não tão
glórias dos índios, assim como qualquer etnia marcada por erros e acertos;
Macunaíma era sincero ao menos em sua cultura autóctone e miscigenada, no
cerne de originalidade da nossa nação, diferente de outros povos arrogantes que
destruidores o são...
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O movimento estético literário modernista é dos Vencedores,
apesar da Antropofagia e o ‘Pau-Brasil’ de Oswald a tentar, hibridamente,
recuperar nosso elemento original, mas esbarram em perguntas como:
‘Isto é Nação?’; ‘Isto é Pátria?’; ‘Isto é Brasil?’...”
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III
“A outrora nação altiva são os Timbiras guerreiros destemidos, que em festas
comemoram as vitórias com danças e Poesia, festins onde as copas são cheias de
cauim.
Contudo, começam os martírios; simbolizado na dor de um índio velho,
vencido, mas valoroso e corajoso, a profetizar:
‘ – As nossas matas serão devastadas por fortes guerreiros vindos do mar,
a tribo Tupi sucumbirá no Ocaso da derrota para os inimigos caramurus,
mesmo assim lutaremos até o fim sem covardia, morreremos e morrerei,
meu nome o diz: I-Juca-Pirama!’
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Para uma des-resconstrução da nossa verdadeira nacionalidade talvez
só pela união da Política, mas esta não sozinha,
mas irmanada à poesia mitopoética e geopoética do nosso povo autóctone
um visionários disse:
‘ – Estas campanhas de destruição lembram um crime, um crime das
nacionalidades originais do nosso país que continuam até os dias
atuais.’
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O Índio, taxado pelos europeus de ‘Primitivo’, ‘Bárbaro’...?
‘ - Não, creio que não, primitivos e bárbaros outros são...’
Colonizadores europeus massacradores de um continente já     
formado por Natureza e Civilização antes da chegada destes que
só fizeram desmantar e iniciar o processo lento, doloroso e amargo de eliminação
do nosso elemento maior: o ÍNDIO, o verdadeiro americano, que continua sendo
humilhado até os dias atuais: assim se configuram os Con-Fins
das terras outrora do sem Fim...
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o índio perdido está nos mares e rios que dominava,
à deriva nas terras que lhe foram roubadas e está a perder.
‘ - O que lhe resta?:
Naufragar...’”


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