sábado, 25 de outubro de 2014

O popular e o erudito em Cobra Norato, de Raul Bopp

O popular e o erudito em Cobra Norato, de Raul Bopp:

"COBRA NORATO", de 
RAUL BOPP

(resenha por Rafael Vespasiano)

“Raul Bopp é um poeta gaúcho, que, geralmente, é “encaixado” no Grupo Paulista do Modernismo Brasileiro, em sua Primeira Geração, fazendo parte dos movimentos Pau-Brasil e da Antropofagia.
Com Cobra Norato, de 1931, cujo tema vem do fundo popular, Raul Bopp compõe, na linha do "primitivismo" da década de 1920, um dos mais belos poemas inspirados pelo Movimento Antropofágico.
Neste poema, Bopp inclui dramaticidade e um fundo épico-mitológico nas selvas amazônicas, valendo-se de verso livre, elementos do folclore e da fala regional, em um ritmo telegráfico.
O poema Cobra Norato trata da história de um eu poético que mergulha no mundo maravilhoso do sonho, encarna a cobra lendária da Amazônia e segue para as “ilhas decotadas”, isto é, as terras do “Sem-fim”, em busca da mulher desejada. A aventura de Cobra Norato segue o padrão de unicidade ao descrever a trajetória do herói mítico: partida/iniciação/retorno.
Pela força de suas descrições, pelo lirismo que informa o poema, pelo seu aproveitamento das raízes populares, é um documento de valor definitivo do nosso Modernismo. Trata-se também da primeira fase da antropofagia, por isso Cobra Norato é de um nacionalismo exacerbado, que visava destruir da cultura estrangeira imposta ao Brasil. Tanto que o poema faz uso da linguagem popular, infantil, africana e tupi-guarani, ressaltando a criação de uma linguagem poética/literária tipicamente brasileira.
Cobra Norato é um livro de poemas que propunha renovar e modernizar as Letras Brasileiras; no poema, em questão, Bopp (re)conta as supostas origens da Amazônia, a Gênese desta, simbolizada pela figura de Cobra Norato, que é uma lenda oral e mítica da amazônia sobre a criação daquela região. Poemas interessantes, nos quais o poeta “brinca” com as palavras, cria outras, etc.
O livro, “Cobra Norato”, faz parte do movimento modernista brasileiro de tratar dos temas populares e “primitivos” da cultura popular do país. Geralmente, aproximo aquele livro de poemas, de Raul Bopp, às obras “Martim Cererê”, de Cassiano Ricardo e “Macunaíma”, de Mário de Andrade; os dois primeiros em verso e, “Macunaíma”, em prosa; três livros que deram novos rumos à Literatura Brasileira.

Um livro importante, portanto, para compreender o início do Movimento Modernista no Brasil.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário