terça-feira, 21 de outubro de 2014

TETRALOGIA DA INCOMUNICABILIDADE:
(A atualidade de uma obra, do século XX, que se mostra cada vez mais real, nesse mundo virtual do século XXI).
(crítica por Rafael Vespasiano).

Bem vou falar em breves linhas da Tetralogia da Incomunicabilidade, do cineasta italiano Michelangelo Antonioni. Começo pedindo desculpas aos internautas, pois não tenho um texto específico formulado sobre o primeiro filme da Tetralogia, “A AVENTURA”. Assisti ao filme há alguns anos, precisaria revê-lo para escrever sobre o mesmo. Já os outros três filmes da proposta fílmica do diretor italiano, as críticas já foram escritas no início dos anos 2000 e revistas em 2014, para publicação no Blog.
O que posso adiantar sobre “A Aventura”, é que tem a mesma atriz dos outros três filmes, Monica Vitti. Que desaparece numa ilha e se passa a procura-la, mas o diretor não está preocupado, como possa sugerir o título do filme, em realizar uma película de investigação do paradeiro da personagem, tanto que depois de algum tempo o seu desaparecimento torna-se apenas pretexto para a crise existencial que se revela nas personagens e a falta de diálogo entre as mesmas. A investigação aqui é existencial de cada personagem, suas crises existenciais, a falta de sentido e a falta de vontade em lutar para estabelecer comunicação-diálogo com as outras personagens. A Incomunicabilidade já se faz presente desde o primeiro momento e seguirá em todos os filmes da tetralogia.
As histórias, roteiros são únicos, ou seja, não continuam de um filme para outro, como a trilogia d´O Poderoso Chefão, de Francis Ford Copolla, por exemplo. A questão não é enredo e história, que muda de filme para filme, personagens mudam, outras tramas são enfocadas. Mas todas permeadas pela premissa-mestra da tetralogia, a ideia que o cineasta quer desenvolver a Incomunicabilidade contemporânea, pós-moderna.
A tetralogia é dos anos 60 do século XX, mas tão atual. Basta ver os debates, de 2014, em especial no segundo turno para o cargo de Presidente do Brasil, não há debate de propostas, mas afrontas, acusações, ruídos na comunicação das ideias e propostas para a construção de um país melhor e mais igual, independente de quem for eleito. Pois, a comunicação e troca de ideias em um debate presidencial é fundamental, pois o eleito (a) pode aproveitar, por que não as ideias do adversário quanto eleito, já que reconhece que no debate construtivo, a ideia daquele vai ao encontro de seu plano de governo e é só acrescentar e aprimorar. Não é vergonha ou demérito nenhum. É comunicação dialogada!

Antonioni já discutia isso há alguns anos...


A Noite, filme de Michelangelo Antonioni:
(crítica por Rafael Vespasiano)


Uma verdadeira obra-prima do cinema intimista de Michelangelo Antonioni, segunda parte da famosa e dita "Trilogia da Incomunicabilidade", formada além de "A Noite", por "A Aventura" e "O Eclipse". Com "A Noite", Michelangelo Antonioni ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim, em 1961, com uma direção primorosa e com atuações magníficas de Marcello Mastroianni, Jeanne Moreau e Monica Vitti! O casal vivido por Mastroianni e Moreau está passando por uma crise no seu relacionamento amoroso, além de cada um está vivendo uma crise existencial particular. Têm-se também momentos muito melancólicos e angustiantes, mostrando o vazio existencial dos dois, muito bem explorado pelo diretor através de tomadas onde o silêncio contemplativo é total e vale mais que mil palavras. O casal embarca numa longa noite, onde terá que resolver todos os seus problemas de relacionamento entre si e consigo mesmos, para acontecer isso, terá que se comunicar coisa difícil, nesse filme, dada a alta incomunicabilidade entre os dois. Obra-Prima do cinema intimista e reflexivo mundial! Antonioni é um verdadeiro gênio!


O Eclipse, filme de Michelangelo Antonioni:
(crítica por Rafael Vespasiano)

Michelangelo Antonioni e mais uma obra-prima de sua filmografia, "O Eclipse" é a terceira e última parte da célebre "Trilogia da Incomunicabilidade", iniciada com "A Aventura", seguida de "A Noite" e concluída com "O Eclipse". Neste filme, mais uma vez, o silêncio contemplativo é a personagem principal e fundamental do filme. As personagens não conseguem se expressar, comunicar, verbalizar ou demonstrar seus verdadeiros sentimentos, escondidos no fundo do coração, pela incomunicabilidade, tão típica do ser humano contemporâneo.
Direção magistral e excepcional do mestre da Sétima Arte, Antonioni. Atuações marcantes de Monica Vitti e Alain Delon! Esse filme ganhou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes, junto com "O Processo de Joana D´Arc", de Robert Bresson. No mesmo ano, 1962, "O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte, clássico do cinema brasileiro, que ganhou o prêmio máximo de Cannes, a Palma de Ouro. Portanto, nesse ano foi exibido filmes espetaculares, basta citar apenas esses três.


Deserto Vermelho, filme de Michelangelo Antonioni:
(crítica por Rafael Vespasiano)

Antonioni dá sequência em Deserto Vermelho à Trilogia da Incomunicabilidade (formada por A Aventura, A Noite e O Eclipse). Assim, Deserto Vermelho compõe, na verdade, o que acabou ficando conhecida como a TETRALOGIA DA INCOMUNICABILIDADE, idealizada pelo cineasta ímpar italiano, Michelangelo Antonioni.

 É mais uma vez uma reflexão sobre questões existenciais, envoltas numa atmosfera de amargura, solidão, melancolia e angústia, protagonizada de novo por Monica Vitti. O silêncio é mais importante que mil palavras/diálogos, o silêncio já diz tudo, comunica o que não se comunica entre as personagens, por dificuldades nas relações interpessoais e sentimentais, e por causa da crise existencial das principais personagens. Ótimo desfecho para que se pretendia uma Trilogia, virou Tetralogia atualíssima e, infelizmente, atemporal!

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