TETRALOGIA
DA INCOMUNICABILIDADE:
(A atualidade
de uma obra, do século XX, que se mostra cada vez mais real, nesse mundo
virtual do século XXI).
(crítica
por Rafael Vespasiano).
Bem vou falar em breves linhas da Tetralogia da Incomunicabilidade, do cineasta italiano Michelangelo Antonioni. Começo pedindo
desculpas aos internautas, pois não tenho um texto específico formulado sobre o
primeiro filme da Tetralogia, “A AVENTURA”. Assisti
ao filme há alguns anos, precisaria revê-lo para escrever sobre o mesmo. Já os
outros três filmes da proposta fílmica do diretor italiano, as críticas já
foram escritas no início dos anos 2000 e revistas em 2014, para publicação no
Blog.
O que posso adiantar sobre “A Aventura”, é que tem a mesma atriz dos outros três
filmes, Monica Vitti. Que desaparece
numa ilha e se passa a procura-la, mas o diretor não está preocupado, como
possa sugerir o título do filme, em realizar uma película de investigação do
paradeiro da personagem, tanto que depois de algum tempo o seu desaparecimento
torna-se apenas pretexto para a crise existencial que se revela nas personagens
e a falta de diálogo entre as mesmas. A investigação aqui é existencial de cada
personagem, suas crises existenciais, a falta de sentido e a falta de vontade
em lutar para estabelecer comunicação-diálogo com as outras personagens. A Incomunicabilidade já se faz presente
desde o primeiro momento e seguirá em todos os filmes da tetralogia.
As histórias, roteiros são únicos, ou seja, não continuam de um
filme para outro, como a trilogia
d´O Poderoso Chefão, de Francis Ford Copolla, por exemplo. A questão não é enredo e
história, que muda de filme para filme, personagens mudam, outras tramas são
enfocadas. Mas todas permeadas pela premissa-mestra da tetralogia, a ideia que o cineasta quer desenvolver a Incomunicabilidade contemporânea,
pós-moderna.
A tetralogia é dos anos
60 do século XX, mas tão atual. Basta ver os debates, de 2014, em especial no
segundo turno para o cargo de Presidente do Brasil, não há debate de propostas,
mas afrontas, acusações, ruídos na comunicação das ideias e propostas para a
construção de um país melhor e mais igual, independente de quem for eleito.
Pois, a comunicação e troca de ideias em um debate presidencial é fundamental,
pois o eleito (a) pode aproveitar, por que não as ideias do adversário quanto
eleito, já que reconhece que no debate construtivo, a ideia daquele vai ao
encontro de seu plano de governo e é só acrescentar e aprimorar. Não é vergonha
ou demérito nenhum. É comunicação dialogada!
Antonioni já discutia isso há alguns anos...
A Noite,
filme de Michelangelo Antonioni:
(crítica
por Rafael Vespasiano)
Uma verdadeira obra-prima do cinema intimista de Michelangelo Antonioni, segunda parte
da famosa e dita "Trilogia da
Incomunicabilidade", formada além de "A Noite", por "A
Aventura" e "O Eclipse". Com "A Noite", Michelangelo
Antonioni ganhou o Urso de Ouro no Festival
de Berlim, em 1961, com uma direção primorosa e com atuações magníficas de Marcello Mastroianni, Jeanne Moreau e
Monica Vitti! O casal vivido por Mastroianni
e Moreau está passando por uma crise no seu relacionamento amoroso, além de
cada um está vivendo uma crise existencial particular. Têm-se também momentos
muito melancólicos e angustiantes, mostrando o vazio existencial dos dois,
muito bem explorado pelo diretor através de tomadas onde o silêncio
contemplativo é total e vale mais que mil palavras. O casal embarca numa longa
noite, onde terá que resolver todos os seus problemas de relacionamento entre
si e consigo mesmos, para acontecer isso, terá que se comunicar coisa difícil,
nesse filme, dada a alta
incomunicabilidade entre os dois. Obra-Prima do cinema intimista e
reflexivo mundial! Antonioni é um
verdadeiro gênio!
O Eclipse, filme
de Michelangelo Antonioni:
(crítica por
Rafael Vespasiano)
Michelangelo
Antonioni e mais uma obra-prima de sua filmografia, "O Eclipse" é a terceira e última parte da célebre "Trilogia da Incomunicabilidade",
iniciada com "A Aventura",
seguida de "A Noite" e concluída com "O Eclipse". Neste
filme, mais uma vez, o silêncio contemplativo é a personagem principal e
fundamental do filme. As personagens não conseguem se expressar, comunicar,
verbalizar ou demonstrar seus verdadeiros sentimentos, escondidos no fundo do
coração, pela incomunicabilidade,
tão típica do ser humano contemporâneo.
Direção magistral e excepcional do mestre da Sétima Arte, Antonioni. Atuações marcantes de Monica Vitti e Alain Delon! Esse filme ganhou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes, junto com "O Processo de Joana D´Arc", de
Robert Bresson. No mesmo ano, 1962, "O
Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte, clássico do cinema brasileiro,
que ganhou o prêmio máximo de Cannes,
a Palma de Ouro. Portanto, nesse ano foi exibido filmes espetaculares, basta
citar apenas esses três.
Deserto
Vermelho, filme de Michelangelo Antonioni:
(crítica
por Rafael Vespasiano)
Antonioni dá
sequência em Deserto
Vermelho à Trilogia
da Incomunicabilidade (formada por
A Aventura, A Noite e O Eclipse). Assim, Deserto Vermelho compõe, na verdade, o
que acabou ficando conhecida como a TETRALOGIA
DA INCOMUNICABILIDADE, idealizada pelo cineasta ímpar italiano,
Michelangelo Antonioni.
É mais uma vez uma reflexão
sobre questões existenciais, envoltas numa atmosfera de amargura, solidão,
melancolia e angústia, protagonizada de novo por Monica Vitti. O silêncio é mais importante que mil
palavras/diálogos, o silêncio já diz tudo, comunica o que não se comunica entre
as personagens, por dificuldades nas relações interpessoais e sentimentais, e
por causa da crise existencial das principais personagens. Ótimo desfecho para
que se pretendia uma Trilogia, virou
Tetralogia atualíssima e,
infelizmente, atemporal!
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