sexta-feira, 21 de outubro de 2016

““As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant”, (“Die bitteren Tränen der Petra von Kant”) (1972)”: (“A DOR E A HUMILHAÇÃO NUMA INTERELAÇÃO ENTRE TRÊS MULHERES: A AMARGURA E A SOLIDÃO É TODA NOSSA”)

““As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant”, (“Die bitteren Tränen der Petra von Kant”) (1972)”:

(“A DOR E A HUMILHAÇÃO NUMA INTERELAÇÃO ENTRE TRÊS MULHERES: A AMARGURA E A SOLIDÃO É TODA NOSSA”):

(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO):

““As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant”, (“Die bitteren Tränen der Petra von Kant”) (1972)”:



“Petra a protagonista do referido filme, é interpretada pela atriz que Fassbinder utilizou em vários filmes seus também, Margit Carstensen (‘sofreu’ vivendo uma personagem amargurada aqui, Petra von Kant, e, outras personagens sofredoras foram vividas por ela, em filmes de Fassbinder, tais como: “O Café” e “Berlin Alexanderplatz”). Quando vê-se Petra, uma estilista temperamental, maltratando e humilhando constantemente sua silenciosa assistente Marlene (Irm Hermann), que idolatra sua chefe; Petra ao se aventurar numa relação amorosa com Karin (Hanna Schygulla), aspirante a modelo, Karin inverte o jogo de dominação: antes Petra humilhava e dominava Marlene, esta passa a ser uma yoyeur da relação das duas -, na relação entre Petra e Karin, aquela passa de dominadora a dominada e humilhada, por Karin, esta explora e rejeita Petra, e a abandona, assim como também é abandona por sua antiga ‘adoradora’, Marlene.
O que leva à Petra a se afastar de sua família, e, passa a um estado de frangalhos emocionais e desespero. Abandonada e só, enfim, resta-lhe a amargura e as lágrimas, trágicas, prenunciadas já no início do filme. O filme é um verdadeiro discurso, às vezes, baseando-se em vários monólogos de Petra, sobre flertes, brigas e crises afetivas e sentimentais.



Tudo isso é conduzido por um trabalho de câmera de Michael Balhaus, que com sua câmera, ela reina absoluta em captar o espaço exíguo onde se desenrola a ação. Uma câmera que passa ao espectador toda a emoção das personagens apresentadas, o enclausuramento e claustrofobia, ao menos espacial delas, pois as emoções transbordam a todo o instante no filme, apesar de uma aparente frieza dos planos. Permitindo, assim, que o passional e emotivo seja extravasado por impressionante contraponto com o rigor da encenação muito estilizada e teatral.
O texto de “As Lágrimas amargas de Petra von Kant”, foi, inclusive, encenado teatralmente, antes da feitura do filme, encenação autorizada por R. W. Fassbinder. Influenciado pelos melodramas de Douglas Sirk, o filme é repleto de referências fílmicas, de uma verdadeira miscelânea de gêneros cinematográficos e estilos cinematográficos, como os austeros filmes angustiantes de Carl Th. Dreyer e Bergman; além de colaborações indiretas por influências ao filme de Fassbinder, de cineastas como Michael Powell e Vicente Minelli.
Enfim, a obra em que só existem personagens femininas, tem uma presença masculina muito forte no quarto de Petra, de maneira estilizada, que se dá pelo papel de parede que reproduz um quadro de Nicolas Poussini.
“As lágrimas amargas de Petra von Kant” é uma das principais obras primas do genial mestre da Nouvelle Vague Alemã, Rainer Werner Fassbinder.”


“A Próxima crítica será sobre: “O Direito do mais forte é a liberdade.”. (1975).

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