““As
Lágrimas Amargas de Petra Von Kant”, (“Die bitteren Tränen der Petra von Kant”)
(1972)”:
(“A DOR E A HUMILHAÇÃO NUMA INTERELAÇÃO
ENTRE TRÊS MULHERES: A AMARGURA E A SOLIDÃO É TODA NOSSA”):
(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO):
““As
Lágrimas Amargas de Petra Von Kant”, (“Die bitteren Tränen der Petra von Kant”)
(1972)”:
“Petra a protagonista do referido filme, é
interpretada pela atriz que Fassbinder utilizou em vários filmes seus também,
Margit Carstensen (‘sofreu’ vivendo uma personagem amargurada aqui, Petra von
Kant, e, outras personagens sofredoras foram vividas por ela, em filmes de
Fassbinder, tais como: “O Café” e “Berlin
Alexanderplatz”). Quando vê-se Petra, uma estilista temperamental,
maltratando e humilhando constantemente sua silenciosa assistente Marlene (Irm
Hermann), que idolatra sua chefe; Petra ao se aventurar numa relação amorosa
com Karin (Hanna Schygulla), aspirante a modelo, Karin inverte o jogo de
dominação: antes Petra humilhava e dominava Marlene, esta passa a ser uma
yoyeur da relação das duas -, na relação entre Petra e Karin, aquela passa de
dominadora a dominada e humilhada, por Karin, esta explora e rejeita Petra, e a
abandona, assim como também é abandona por sua antiga ‘adoradora’, Marlene.
O que leva à Petra a se afastar de sua
família, e, passa a um estado de frangalhos emocionais e desespero. Abandonada
e só, enfim, resta-lhe a amargura e as lágrimas, trágicas, prenunciadas já no
início do filme. O filme é um verdadeiro discurso, às vezes, baseando-se em
vários monólogos de Petra, sobre flertes, brigas e crises afetivas e
sentimentais.
Tudo isso é conduzido por um trabalho de
câmera de Michael Balhaus, que com sua câmera, ela reina absoluta em captar o
espaço exíguo onde se desenrola a ação. Uma câmera que passa ao espectador toda
a emoção das personagens apresentadas, o enclausuramento e claustrofobia, ao
menos espacial delas, pois as emoções transbordam a todo o instante no filme,
apesar de uma aparente frieza dos planos. Permitindo, assim, que o passional e
emotivo seja extravasado por impressionante contraponto com o rigor da
encenação muito estilizada e teatral.
O texto de “As Lágrimas amargas de Petra von Kant”, foi, inclusive, encenado
teatralmente, antes da feitura do filme, encenação autorizada por R. W. Fassbinder.
Influenciado pelos melodramas de Douglas Sirk, o filme é repleto de referências
fílmicas, de uma verdadeira miscelânea de gêneros cinematográficos e estilos
cinematográficos, como os austeros filmes angustiantes de Carl Th. Dreyer e
Bergman; além de colaborações indiretas por influências ao filme de Fassbinder,
de cineastas como Michael Powell e Vicente Minelli.
Enfim, a obra em que só existem
personagens femininas, tem uma presença masculina muito forte no quarto de
Petra, de maneira estilizada, que se dá pelo papel de parede que reproduz um
quadro de Nicolas Poussini.
“As
lágrimas amargas de Petra von Kant” é uma das principais
obras primas do genial mestre da Nouvelle Vague Alemã, Rainer Werner
Fassbinder.”
“A Próxima crítica será sobre: “O Direito do mais forte é a liberdade.”.
(1975).
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