sexta-feira, 21 de outubro de 2016

““O Direito do Mais Forte à Liberdade” (“Faustrecht der Freiheit”) (1975): (“A DOMINAÇÃO DA PESSOA PELO DISCURSO VERBAL E SOCIAL”)

““O Direito do Mais Forte à Liberdade” (“Faustrecht der Freiheit”) (1975):

(“A DOMINAÇÃO DA PESSOA PELO DISCURSO VERBAL E SOCIAL”):

(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO):

““O Direito do Mais Forte à Liberdade” (“Faustrecht der Freiheit”) (1975):



“Fox (Fassbinder) é o protagonista d´O Direito do mais forte à liberdade”, o significado de ‘fox’ em Inglês é ‘Raposa’; mas, o Fox de Fassbinder apesar te ter o jogo da malandragem e das ruas, de quem viveu numa família pobre e desestruturada, pode se aproveitar do mais fraco com pequenos truques, tem o vigor sexual, fálico -, mas não tem o discurso verbal, por isso seu suposto domínio das situações, passa pela autoridade e repressão e diminuição e ocupação do outro, que passa a dominar Fox e seus amigos, o Outro que domina Fox e seus companheiros é representado -, por Eugen e ‘seus’ amigos.
Eugen e ‘seus’ amigos utilizam o ‘verbo’ e não o ‘falo’, para sem remorso, aprisionar alegoricamente a Fox, e, reter a personagem sem que ela entenda nem como ou o porquê de passar de dominador (sempre aparente) para dominado (sempre visível). A burguesia o destrói, e, empurra-o, tragicamente, para o esfacelamento, à cisão do ‘eu’ já fragilizado sem o ‘verbo’ e o discurso verbal, à desolação total, marcada, por fim, num fim solitário e trágico de presa encurralada pelos predadores.
“O direito do mais forte à liberdade” destrói os sonhos de perfumaria e suas personagens, lembremos do desolador plano com Hanna Schygulla espezinhada no campo, em Pioneiros em Ingolstadt, 1970. Shygulla vive Bertha, que protagoniza um dos mais belos e poéticos diálogos dos filmes de Fassbinder, quando após uma relação sexual com Karl, lembra ao soldado que eles esqueceram o amor, algo de muita importância, e, Karl, humilhando responde que o amor não é necessário, diante do que ela responde, que isso era terrível para ela.
A falta de comunicação e de diálogo são trágicas e destrutivas, nas relações, ou amorosas/afetivas, e/ou, interpessoais/emotivas, para as personagens fassbinderianas, que levam estas a um fim trágico, solitário e desolador; a falta de elo comunicativo destrói as personagens de Bertha e de Fox. Este, em “O Direito do mais forte à liberdade”, é o mais fraco e mais aprisionado na sociedade, sem o discurso verbal, é submisso à classe burguesa e intelectual que tentem o poder das instituições sociais e da Alemanha, como um todo, inclusive, das pessoas frágeis, é o caso de Fox, apesar do falo enorme, isso se torna mínimo perante o poder da classe burguesa, e, seu discurso opressivo e verbal de dominação, em todos os sentidos, de todos da Alemanha de então. Fox, a raposa, é uma presa para tudo e todos, da sociedade alemã burguesa e poderosa.



Fassbinder ressalta em mais um filme, este fato de que a Alemanha vivia um conto de fadas, de novas oportunidades de reconstrução após a Segunda Guerra Mundial, muito pelo contrário o Muro de Berlim estava erguido (falta diálogo) e a Guerra Fria está em andamento. Esta era a proposta do Novo Cinema Alemão: mostrar a verdadeira Alemanha: que nova não tinha nada, seu caráter sociopolítico era velho e antiquíssimo.”

   

“Próxima crítica será sobre: “Lili Marlene”. (1981).”

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