““O
Direito do Mais Forte à Liberdade” (“Faustrecht der Freiheit”) (1975):
(“A
DOMINAÇÃO DA PESSOA PELO DISCURSO VERBAL E SOCIAL”):
(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO):
““O
Direito do Mais Forte à Liberdade” (“Faustrecht der Freiheit”) (1975):
“Fox (Fassbinder) é o protagonista d´O Direito do mais forte à liberdade”, o
significado de ‘fox’ em Inglês é ‘Raposa’; mas, o Fox de Fassbinder apesar te
ter o jogo da malandragem e das ruas, de quem viveu numa família pobre e
desestruturada, pode se aproveitar do mais fraco com pequenos truques, tem o vigor
sexual, fálico -, mas não tem o discurso verbal, por isso seu suposto domínio
das situações, passa pela autoridade e repressão e diminuição e ocupação do
outro, que passa a dominar Fox e seus amigos, o Outro que domina Fox e seus
companheiros é representado -, por Eugen e ‘seus’ amigos.
Eugen e ‘seus’ amigos utilizam o ‘verbo’ e
não o ‘falo’, para sem remorso, aprisionar alegoricamente a Fox, e, reter a
personagem sem que ela entenda nem como ou o porquê de passar de dominador (sempre
aparente) para dominado (sempre visível). A burguesia o destrói, e, empurra-o,
tragicamente, para o esfacelamento, à cisão do ‘eu’ já fragilizado sem o ‘verbo’
e o discurso verbal, à desolação total, marcada, por fim, num fim solitário e
trágico de presa encurralada pelos predadores.
“O
direito do mais forte à liberdade” destrói os sonhos de
perfumaria e suas personagens, lembremos do desolador plano com Hanna Schygulla
espezinhada no campo, em Pioneiros em
Ingolstadt, 1970. Shygulla vive Bertha, que protagoniza um dos mais belos e
poéticos diálogos dos filmes de Fassbinder, quando após uma relação sexual com
Karl, lembra ao soldado que eles esqueceram o amor, algo de muita importância, e,
Karl, humilhando responde que o amor não é necessário, diante do que ela
responde, que isso era terrível para ela.
A falta de comunicação e de diálogo são
trágicas e destrutivas, nas relações, ou amorosas/afetivas, e/ou, interpessoais/emotivas,
para as personagens fassbinderianas, que levam estas a um fim trágico,
solitário e desolador; a falta de elo comunicativo destrói as personagens de
Bertha e de Fox. Este, em “O Direito do
mais forte à liberdade”, é o mais fraco e mais aprisionado na sociedade,
sem o discurso verbal, é submisso à classe burguesa e intelectual que tentem o
poder das instituições sociais e da Alemanha, como um todo, inclusive, das
pessoas frágeis, é o caso de Fox, apesar do falo enorme, isso se torna mínimo
perante o poder da classe burguesa, e, seu discurso opressivo e verbal de
dominação, em todos os sentidos, de todos da Alemanha de então. Fox, a raposa,
é uma presa para tudo e todos, da sociedade alemã burguesa e poderosa.
Fassbinder ressalta em mais um filme, este
fato de que a Alemanha vivia um conto de fadas, de novas oportunidades de
reconstrução após a Segunda Guerra Mundial, muito pelo contrário o Muro de
Berlim estava erguido (falta diálogo) e a Guerra Fria está em andamento. Esta
era a proposta do Novo Cinema Alemão: mostrar a verdadeira Alemanha: que nova
não tinha nada, seu caráter sociopolítico era velho e antiquíssimo.”
“Próxima crítica será sobre: “Lili Marlene”. (1981).”
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