(““O
Machão” (“Katzelmacher”,
Alemanha, 1969):
(“A REEDIÇÃO DO MESMO ERRO: O NAZISMO EM
NOVA (VELHA) VERSÃO”):
(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO):
““O
Machão” (“Katzelmacher”,
Alemanha, 1969):
“O segundo longa-metragem de Rainer Werner
Fassbinder é importantíssimo para entender a obra fílmica do artista, da
Nouvelle Vague Alemã. “O Machão” é uma peça (a primeira) de Fassbinder e é
ampliada, sendo levada aos cinemas, em 1969. Tem-se um cineasta preocupado com
a descoberta linguagem cinematográfica, pela qual iria se expressar, se
valendo, como ele mesmo afirmava, do cinema sendo feito no teatro, e teatro no
cinema.
O primeiro modelo de realizador, na
relação diretor/ator foi Jean-Marie Straub, que o dirige na peça “O Mal da
Juventude”, esta realização teatral está presente no curta de Straub, de 1968, “O noivo, a atriz e o chulo”. “O
Machão”, como teatro, surgirá destas experiências, como complemento da peça “O
Mal da Juventude”.
N´O
Machão, de 1969, já temos um Rainer Werner Fassbinder engajado
politicamente, como veremos na ‘Trilogia BDR’ e Berlin Alexanderplatz, por exemplo. Engajamento evidente na sinopse
do filme: pois, o termo do título, na expressão bávara, se refere
pejorativamente, aos imigrantes estrangeiros que chegaram à Alemanha depois do
término da Segunda Grande Guerra 91939-1945) -, e na expressão de Yaak Karsunke,
parceiro do diretor, que abre o filme: ‘é melhor cometer novos erros a cometer
os antigos e perder a consciência’.
O prólogo se refere a intolerância dos
alemães dos anos 1960, em relação aos imigrantes que ajudaram (que irônico!) a
reerguer o país depois da 2ª Guerra
Mundial; Fassbinder interpreta um grego, que é vítima, de maneira humilhante e
discriminatória do preconceito xenófobo de personagens alemãs do filme.
O anti-teatro de Fassbinder, ou a
teatralidade cinematográfica do artista, está construída neste filme de maneira
perfeita, na rigidez dos planos e dos corpos dos atores/personagens, quase
sempre limitados por um ‘muro’, ou parede, estreitados pela falta de
profundidade, a sugestão simbólica de uma juventude sem projeto político,
alienada, o painel de uma geração fracassada, que em vez de buscar um
despertar, culpa o outro, que em vez de errar, buscar uma maneira de sair da
mesmice da derrocada da nação, pode continuar a ficar presa a um velho erro:
reiniciar a loucura nazista.”
“Próxima
Crítica: “O Medo Consome a alma” (1974)”.
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