quarta-feira, 19 de outubro de 2016

(““O Machão” (“Katzelmacher”, Alemanha, 1969): (“A REEDIÇÃO DO MESMO ERRO: O NAZISMO EM NOVA (VELHA) VERSÃO”)

(““O Machão” (“Katzelmacher”, Alemanha, 1969):
(“A REEDIÇÃO DO MESMO ERRO: O NAZISMO EM NOVA (VELHA) VERSÃO”):
(CRÍTICA POR RAFAEL VESPASIANO):

““O Machão(“Katzelmacher”, Alemanha, 1969):


“O segundo longa-metragem de Rainer Werner Fassbinder é importantíssimo para entender a obra fílmica do artista, da Nouvelle Vague Alemã. “O Machão” é uma peça (a primeira) de Fassbinder e é ampliada, sendo levada aos cinemas, em 1969. Tem-se um cineasta preocupado com a descoberta linguagem cinematográfica, pela qual iria se expressar, se valendo, como ele mesmo afirmava, do cinema sendo feito no teatro, e teatro no cinema.
O primeiro modelo de realizador, na relação diretor/ator foi Jean-Marie Straub, que o dirige na peça “O Mal da Juventude”, esta realização teatral está presente no curta de Straub, de 1968, “O noivo, a atriz e o chulo”. “O Machão”, como teatro, surgirá destas experiências, como complemento da peça “O Mal da Juventude”.
O Machão, de 1969, já temos um Rainer Werner Fassbinder engajado politicamente, como veremos na ‘Trilogia BDR’ e Berlin Alexanderplatz, por exemplo. Engajamento evidente na sinopse do filme: pois, o termo do título, na expressão bávara, se refere pejorativamente, aos imigrantes estrangeiros que chegaram à Alemanha depois do término da Segunda Grande Guerra 91939-1945) -, e na expressão de Yaak Karsunke, parceiro do diretor, que abre o filme: ‘é melhor cometer novos erros a cometer os antigos e perder a consciência’.
O prólogo se refere a intolerância dos alemães dos anos 1960, em relação aos imigrantes que ajudaram (que irônico!) a reerguer  o país depois da 2ª Guerra Mundial; Fassbinder interpreta um grego, que é vítima, de maneira humilhante e discriminatória do preconceito xenófobo de personagens alemãs do filme.
O anti-teatro de Fassbinder, ou a teatralidade cinematográfica do artista, está construída neste filme de maneira perfeita, na rigidez dos planos e dos corpos dos atores/personagens, quase sempre limitados por um ‘muro’, ou parede, estreitados pela falta de profundidade, a sugestão simbólica de uma juventude sem projeto político, alienada, o painel de uma geração fracassada, que em vez de buscar um despertar, culpa o outro, que em vez de errar, buscar uma maneira de sair da mesmice da derrocada da nação, pode continuar a ficar presa a um velho erro: reiniciar a loucura nazista.”    


“Próxima Crítica: “O Medo Consome a alma” (1974)”.

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