(“CRUZES DE
MADEIRA”, RAYMOND BERNARD, 1933)
(A
VIA-CRÚCIS DO HOMEM NA PRIMEIRA GRANDE GUERRA”):
(CRÍTICA
POR RAFAEL VESPASIANO)
“Filme
de uma contundência realística (realismo francês), que expõe o terror e horror
da guerra em sua mais feia carranca. Bernard critica uma guerra (todas são
assim) sem propósito, sem objetivo para os soldados que dão as próprias vidas
no front de batalha, enquanto político e militares de alta patente ficam
definindo os futuros da guerra, como se fossem deuses onipotentes. Já os
soldados rasos, nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial, são trucidados de
ambos lados, sem tempo para enterro, os cadáveres ficam sendo decompostos na
lama e nos cemitérios que os fronts de batalhas se transformaram, na guerra de
trincheiras, uma carniceira e um fedor de morte por toda a ambiência, que o
cineasta confere a seu fortíssimo filme antibelicista.
Quanto o enredo, o filme acompanha o esforço
das tropas francesas, uma multidão de soldados sujos e rastejantes nas
trincheiras enlameadas, convivendo com a fome, a falta de higiene, ao mesmo
tempo que devem resistir num alojamento, ouvindo os alemães, do outro lado da
parede de pedra, cavando buracos para instalação de minas que poderão acampar
com as esperanças da tropa francesa retratada em Cruzes de Madeira. A
resistência de um grupo de soldados, refugiados num cemitério, convivendo com a
dor, o cansaço e a perda dos amigos, é uma sequência ímpar da filmografia do
realismo francês dos anos 30.”
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